Ford Mustang Mach-E – Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades
Está o caldo entornado! Então a Ford decidiu pegar na marca “Mustang” e espetar-lhe com um SUV… e ainda por cima elétrico? Isso até pode não ter enfurecido os deuses do asfalto, mas o que não falta por aí é gente chateada. Vamos por partes. O Mustang apareceu em 64 e foi um sucesso imediato, principalmente nos Estados Unidos. Nos primeiros 2 anos vendeu mais de um milhão de unidades e deu ao mundo o conceito de pony car. Um carro que contrastava com os típicos muscle car americanos por ser mais barato, compacto e “desportivo”. Os muscle car tinham motores gigantes, cheios de cilindrada, eram autênticos apartamentos sobre rodas e consumiam combustível como se não houvesse amanhã (e não havia, pelo menos até chegar a crise do petróleo de 73). Os pony car eram ligeiramente mais económicos mas continuavam com motores V8 apesar das cilindradas um pouco menores. Enfim, foi um sucesso. Tanto, que passados 55 anos continua a vender bem e, espante-se, agora tem um irmão elétrico. Uhhh, ahhh, o sacrilégio!
Pessoalmente, acho o carro muito giro e carismático (ajuda terem metido o Idris Elba como embaixador do modelo) – tirando aquele tablet gigante praticamente vertical, o que me parece que não dá jeito para utilizar – e os números também são bons, bem como a tecnologia, que conta, por exemplo, com actualizações over-the-air, suspensão magnética e infoentretenimento completamente novo. Tem potências entre os 260 e os 465 cavalos, binário entre os 415 newtons e os 830 (!), tração traseira ou integral e autonomia que vai dos 450 quilómetros aos 600, já em ciclo WLTP. Isto é muito bom! Esperemos que o preço também seja competitivo. Acredito que sim, porque afinal de contas, a Ford sabe fazer carros com excelente relação qualidade-preço e estão a apostar forte na eletrificação.
Este novo Mustang é o primeiro de 14 novos modelos totalmente elétricos que a Ford pretende lançar até ao fim de 2020. Ou seja, é, neste momento, a marca com o calendário mais ambicioso face ao número de modelos que pretende lançar. Este Mustang agrada-me – ainda que, por dentro, esteja a chorar um pouco porque gostava de ter visto, por exemplo, um Mustang coupé numa versão híbrida plug-in ou, até, elétrica… já sabem o que acho dos SUV – e o alarido todo que faz até é bom. Pode ser que ajude a despertar cada vez mais pessoas para a necessidade de alterar a maneira como olhamos para o planeta e para a mobilidade.