Não há tempo para morrer?! Como assim, se só estreia em Abril?
Ehhh pá! Esqueçam lá o Natal… venha mas é o dia 9 de Abril de 2020! É que foi desvendado, há dias, o trailer de “007 – No Time To Die” (“007 Não Há Tempo Para Morrer” na Tugalândia), a mais recente aventura de um tal de Bond, James Bond. A 25ª película do chorudo franchise estará, como é hábito, repleta de muita acção, inúmeras explosões, trocas de tiros e… carros, muitos carros (e motos), habilmente conduzidos pelos bons e pelos vilões da história. Alguns até são velhos conhecidos, outros são novidades quase absolutas, ou não servisse o bom do “Double-O-Seven” para, entre outras, promover automóveis que poderemos conduzir ou, simplesmente, ver passar por nós (alguns só com uma boa dose de sorte) nas estradas, num próximo futuro.
SPOILER ALERT! Se já viu este trailer, tudo o que se descreve abaixo não será novidade, tendo, apenas, de ter um coração petrolhead; se não quiser saber mais, saia deste texto e escolha outro artigo da “Garagem”.
Isto porque a sequência de pouco mais de 2 minutos e meio do dito trailer, arranca com uma daquelas perseguições de tirar o fôlego, onde, de imediato, se identifica um icónico Aston Martin DB5 – um dos automóveis indissociáveis do nosso 007 (nota: ler mais abaixo) – a tentar escapar, com inúmeras marcas na pele, de um lote de real badasses, um montado numa moto, que parece ser uma das novas Triumph Scrambler 1200, e ainda dois Jaguar XF. Arrancado de um merecido descanso/aposentadoria algures na Jamaica, o personagem, interpretado pela 5ª vez – e, segundo parece, última – por Daniel Craig, no escurinho de uma garagem, destapa outro Aston Martin, revelando a vincada traseira de um V8 Vantage, unidade já vintage na série, de matrícula ‘B549 WUU’, que surgiu em 1987, no filme “007 Living the Daylights”. Surge, depois, um já estonteante DBS Superleggera, mas dado que, afinal, rara é a trama em que a marca de Gaydon não faz a ante-estreia mundial de um dos seus modelos, neste “Bond 25” também há-de aparecer o novíssimo híper-desportivo Valhalla! Ufff… valham-me os deuses nórdicos!
Numa rua movimentada de Londres, frente à renovada sede do MI6, no meio de vários veículos, em circulação ou estacionados (os novos Electric London Cabs e um Land Rover Defender de 2 portas com um visual do tipo performance), maravilha maravilha é o facto do bom do Bond encontrar um buraquito para o seu imponente V8 Vantage, numa urbe XXL por demais conhecida pela dificuldade que é conseguir-se tal feito! Mas sendo-se o “Double-O-Seven”, tudo é possível, e aqui, sem recurso a gadgets!
Após um encontro inesperado e do consequente e, decerto, muito quente nhó-nhó no vale dos lençóis, há um primeiro (breve) vislumbre do que poderão ser os novos (futuros) Land Rover Defender, a meças com um helicóptero, para, logo a seguir, o nosso cavaleiro dos tempos modernos surgir montar uma Triumph, que a igualmente britânica marca cedeu para filmagens ainda como protótipos, antes do seu lançamento comercial, fruto da parceria com o universo “007”. Fica a dúvida se será uma Scrambler 1200 ou a novíssima Tiger 900!
Após a barreira dos 2 minutos há, finalmente, o que é por demais expectável: carros pelos ares, no caso um Range Rover Sport SVR, da marca que, a par da Aston Martin e da Jaguar, é, há muito, parceira deste franchise, numa cena onde surge um Toyota Land Cruiser, só para despistar! Isto antes de outra de tirar o fólego, um leap of faith (mas ao contrário) do nosso protagonista, montado na Triumph Tiger 900, parecendo ir aterrar no meio de uma procissão lá do sítio!
E eis que chegamos à também indispensável parte do chaos, wreck & destruction, com o pobre do DB5, já por demais marcado das sequências de perseguições (que hão-de surgir bem mais completas no filme), até se ver abalroado por um Range Rover e parar no meio de um largo eclesiástico de Matera, a localidade italiana escolhida para filmar parte significativa da trama. A cercá-lo estão ainda um Jaguar XR e – uma vez em Itália, sê italiano – um Maserati Quattroporte IV e um Lancia Thesis, numa cena em que também se vêem um Fiat 126, uma Piaggio de 3 rodas e a traseira de outro Fiat antigo, talvez semelhante aos vários Fiat 124 da Polizia Italiana que, na cena anterior, surgem no meio de fogo cruzado, numa esquina onde espreita um Cadillac. Ao som dos sinos da igreja, os maus da fita cravam de balas o já por demais massacrado, mas bulletproofed, DB5, não antecipando um dos gadgets que o imaginativo “Q” entretanto lhe colocara…!
007 e DB5, dois códigos indissociáveis
007, o código interno atribuído a James Bond, e DB5, um dos inúmeros modelo de luxo da Aston Martin, são sequências indissociáveis. Nenhum outro automóvel vive uma maior simbiose com o espião que está ao serviço de Sua Majestade do que este, espelho da pura fleuma britânica, um feito por encomenda de estilo elegante e clássico.
Na narração do livro “007 Goldfinger” (1958), Ian Fleming refere, especificamente, que o personagem James Bond conduz um Aston Martin DB Mark III carregadinho de apetrechos, nas várias perseguições pela Europa. O carro havia sido lançado um ano antes no mercado, pelo que para o filme do mesmo nome, de 1964, a produção do dito visitou a Aston Martin Lagonda para o encomendar, mas viria a sair da reunião apaixonada pelo DB5, carro que ainda só existia em protótipo. Iniciou-se, assim, esta longa associação de já mais de 50 anos!
Ao contrário do presente, em que muitos estúdios contam com orçamentos milionários, vários exemplares para filmar as diferentes cenas – carros inteiros, maquetes, carroçarias, recortes, etc, mais os exemplares recriados artificialmente – na altura a marca apenas pôde cedeu um exemplar. Não existia, por isso, qualquer rede ou alternativa se a coisa corresse mal. Nele incluíram-se os múltiplos gadgets que o imaginativo “Q” inventou para o seu pupilo, aqui interpretado por Sean Connery, um dos 7 actores que vestiu o papel do espião criado por Fleming, no Hotel Palácio, no Estoril, altura em que ele próprio trabalhava para os serviços secretos de Inglaterra, durante a 2ª Grande Guerra: uma matrícula que rodava, o tejadilho recortado para o banco ejectável, um vidro traseiro anti-bala, centros de jantes extensíveis e cortantes, um sistema do tipo tracking via GPS, outro de fumo para cegar os perseguidores e um dispersador de óleo para os fazer sair da estrada, entre outras cenas mais ou menos úteis.
Destruído numa das cenas de “007 Goldfinger”, o DB5 renasceria em “007 Thunderball” (1965), uma vez mais guiado por Connery, para depois ter que se esperar 30 anos para o voltarmos a ver, em “007 GoldenEye” (1995), com Pierce Brosnan aos comandos. Outras versões do DB5 apareceram em “007 Tomorrow Never Dies” (1997), “007 The World Is Not Enough” (1999), “007 Casino Royale” (2006), “007 SkyFall” (2012) e “007 Spectre” (2015), estes três últimos interpretados já por Daniel Craig.
Chegou agora a vez de rever o eterno Aston Martin DB5 em acção neste “007 No Time To Die” de 2020, um carro que… esperem lá! Que matrícula é essa, ‘A 4269 00’!? Onde anda o ‘BTM 216A’? Nada que não se explique… é outra vez aquela máxima do “em Itália, seja-se italiano”, pelo que a tradicional placa britânica foi trocada por outra local… só para confundir o people!
Posto isto, resta-me convidá-lo a estar atento aos diferentes trailers que a tripla MGM Studios /Universal Pictures/Eon Productions irão disponibilizar até à estreia, em Abril do próximo ano. O primeiro é este. (Re)veja-o com atenção e conte quantos dos veículos acima consegue, agora, identificar!
Ainda assim não chega, por não? Desse lado quer-se mais, muito mais! Ok, mas tem de esperar pelo início de Abril do próximo ano para poder tirar todas as suas dúvidas… É que, dizem as más (e as boas) línguas, a partir do “Bond 26” tudo será muuuuuuuuuuuuuuuuuuito diferente…!
“Jota Pê”
PS.: Eu não lhe disse que valia a pena ler isto tudo até ao fim?