Volvo S60 T5 – Um semi-deus automobilístico?
Há poucos carros que me fazem sentir melhor do que aquilo que realmente sou. Nem mesmo os desportivos ou os super desportivos. Normalmente são exagerados – o que faz sentido porque é mesmo para isso que servem – e, talvez por não os conseguir comprar ou não fazer parte da percentagem da população cujo estilo de vida anda muito à volta do luxo, cujos problemas mais corriqueiros envolvem a escolha do vintage para o jantar ou comprar mais um relógio para a coleção, nunca me sinto totalmente confortável em carros desses. Gosto deles. Muito! Mas fico sempre a sentir-me um nabo. Um nabo muitíssimo contente, não me interpretem mal. No entanto, há alturas em que vou buscar um carro para testar e de repente tudo faz sentido.
Sinto-me completamente ligado ao carro, tudo passa a fazer sentido e, de repente, aquele carro transporta-me para um mundo no qual eu sou mais do que pareço. Ganho mais estilo, mais elegância, o peito fica mais cheio, digo à pessoa da caixa que não preciso de saco e retiro o meu, sofisticadamente bem enrolado, saco de plástico do bolso com outra finesse e de repente, comprar uma pizza congelada passa a ser algo maior do que realmente é. Deixa de ser uma qualquer pizza com pepperoni. Não, meus amigos! Aquela pizza foi comprada por mim. Vai ser colocada no forno, porque nesse dia eu sinto-me maior! Agora ando num Volvo sofisticado e elegante, não sou um desses borra-botas que mete pizza no microondas. Vou, até, adicionar mozarela fresca em cima e umas gotas de azeite como vejo na TV. A cerveja vai ser servida num copo, que isto de beber pela garrafa já não chega para mim. Agora sou melhor!
Sensações e 250 cavalos com caixa automática.
Sim, é isto que me provoca andar numa berlina Volvo. Em particular esta Volvo S60 R-Design, em Vermelho Fusion, com um motor T5, em alumínio, de dois litros e 250 cavalos, com uma caixa automática Geartronic de 8 velocidades. Mas não fui só eu a sentir esta brisa de elegância e a ficar a achar que, se calhar, o James Bond não é assim tão especial. Fui eu e todas as pessoas que eu vi a torcerem os pescoços a olhar para o carro. E ainda foram algumas. O carro a isso convida. Não só pela cor e as jantes de 19 polegadas, ou os pára-choques mais desportivos desta versão. É a aura que ele emana.
Tem uma sensualidade elegante, a fazer lembrar as bond girls do 007, ao mesmo tempo que parece um atleta de alta competição. Nota-se que está bem de saúde, que tem boas prestações, que faz uma dieta adequada e que todos estes anos de produção serviram para chegar aqui, ao cume das berlinas. É isso! Este carro é um semi-deus do olimpo automobilístico. Não tem as performances de um superdesportivo, não é exótico no design, nem é imortal. Mas, ou muito me engano, ou é capaz de fazer muito mais do que 12 trabalhos. Tal como o Hércules, tem tudo melhor que os humanos e um coração cheio de coragem. Não é suficiente para jantar com os deuses, mas tem o que é preciso para salvar o dia, o que, no meu caso, significa restaurar a esperança nas berlinas e nos carros em geral. Era pegar neste motor e juntar-lhe um eléctrico, bem ao estilo do T8, com os seus 400 cavalos, mas sem a necessidade de ter o dois litros a gasolina afinado para os 300 cavalos. Chegavam uns 200. (In)felizmente, só temos a alternativa T8 ou a Polestar, que dá mais uns pozinhos e outras delicias desportivas, mas nenhum que possamos mesmo dizer “este combinação híbrida é perfeita”. Não me interpretem mal. O T8 é fenomenal, mesmo que não consigamos fazer mais do que 30/40 quilómetros em modo 100% eléctrico. Para o dia-a-dia chega perfeitamente.
Ainda assim, acredito que a Volvo é capaz de mais e, ou muito me engano, ou estão a apontar nesse sentido. Pelo menos a eletrificação é um dos seus objectivos, como podemos perceber pelo XC40 Recharged e por já nos dar motores híbridos a gasolina há alguns anos, bem como um motor D6 que, embora já não o fabriquem, era um híbrido plug-in a gasóleo excelente.
Este dois litros de 250 cavalos a gasolina, se for conduzido com calma – algo que até faz sentido, porque dá vontade de o passear pela rua para toda a gente ver – consegue andar ali nos 9 litros, 8 e meio. Mas em teste, o que puxa sempre pelos consumos, e eu que andei muito em cidade, conseguir 13 já é bom. Daí dizer que a melhor opção é mesmo o híbrida T8, exclusiva da versão carrinha. Conseguimos consumos combinados de cerca de 5 litros, às vezes um pouco mais, mas em cidade, com bateria carregada, fazemos entre 30 a 40 quilómetros a zero. Gosto. Em relação ao diferencial de preço, não é nada por aí além. A nível de impostos pagam sensivelmente o mesmo porque o motor é igual, sendo que a nível de emissões o T8 sai a ganhar por ser híbrido. Este Volvo S60 R-Design é a escolha ideal para quem quer algo que faz todo o sentido e que vai deixar saudades, ou seja, que se vai tornar cada vez mais raro. Faço-vos um pedido. Se tiverem possibilidade de o comprar, façam-no! É mesmo muito importante para o mundo dos automóveis. É uma espécie rara. É um daqueles carros para a vida. Para cuidar bem, lavar e limpar todos os meses, usar com orgulho, e passar aos filhos e netos. Não é imortal, mas anda lá perto.