Toyota GT86: um dos melhores carros da década que ainda não terminou
O Toyota GT86 foi eleito pela Top Gear como um dos automóveis mais importantes da década. Só que a década ainda não terminou. Terminou a década dos últimos dez anos, mas a década de 10 só termina no final de 2020, lamento. No entanto, tratando-se de quem trata, e por uma questão numérica, facilitemos a coisa. Estão desculpados, lads. Aliás, não só estão desculpados como na verdade, considerando os modelos que tive oportunidade de conduzir nos últimos anos, estou completamente de acordo com a eleição daquela malta. Não consigo imaginar nada que possa acrescentar a tudo o que já foi dito sobre o GT86. Nadinha.
Para difilcultar ainda mais a construção destas linhas, este é um daqueles carros cuja condução e sensações transmitidas são muito difíceis de trocar por palavras. Não lhe fazem justiça, por muito claro e recheado que seja o discurso. Não há adjectivos que cheguem nem filtro suficiente para nos conter as palavras e as emoções sentidas quando estamos completamente pendurados na traseira a meio das curvas, o seu território de eleição. Mas que carro do caraças!
As suas qualidades são mais do que conhecidas. Ainda assim, é um prazer renovado voltar a conduzi-lo e redescobri-lo. Caramba! O que será melhor? Existirem poucos como ele, para que, de cada vez que temos a sorte de o poder conduzir, nos reencontrarmos com o mais puro prazer de condução ou, por outro lado, imaginar uma realidade em que a maior parte dos nossos automóveis transmitem e permitem este tipo de emoção e experiência? Não me consigo decidir, mas ainda no primeiro dia de ensaio, já só pensava no quanto me ia custar devolvê-lo.
É um regresso às origens, às sensações puras e duras de um desportivo de receita simples. Motor à frente, tracção atrás, caixa manual, excelente distribuição de peso, centro de gravidade baixo e a inconfundível resposta de um motor atmosférico com 200 cavalos. Take my money, Toyota! E pela rapidez com que fui abordado e cumprimentado com “fixes” ao atravessar Lisboa, acabadinho de entrar no GT86, há por aí muito boa gente que se pudesse passava imediatamente o cheque.
Sou fã da sua simplicidade. Gosto que não me ofereça 52 modos de condução e que tenha de contar unicamente e a toda a hora com tudo aquilo que tem para oferecer. Ninguém precisa de um modo de condução diferente para cada semana. Adoro também que não tenha 400 cavalos, não só porque não temos estradas para deles usufruir como os consumos seriam medonhos.
Queres uma caixa rápida de dupla embraiagem? Aqui não há disso. Há uma caixa manual com um feeling perto do perfeito. Há uma embraiagem de curso igualmente curto. Há, acima de tudo, emoção! É um carro para nós, fãs da condução. É um carro para ti, acredita. Um carro que é mais do que suficientemente rápido, mas que se está borrifando para a velocidade máxima ou tempos em circuito. O chassis está lá todo, mas o GT86 nasceu para nos pôr um sorriso na cara. Sempre, sem excepções.
Apesar de já só faltarem onze meses e mais uns quantos dias para a década acabar (agora sim…), serão ainda certamente muitos os novos automóveis a lançar no mercado, inovadores e bem sucedidos nos meses vindouros. Mas independentemente disso, o GT86 continua lá em cima, no grupo restrito dos carros mais importantes dos últimos dez anos, bem como da década que termina no final do ano.
Fotos: Pedro Francisco