Suzuki Jimny: pequeno no tamanho, enorme na diversão
A indústria automóvel vive um momento em que ter um SUV está na moda. Isto teve efeito na designação de todos os carros, ou seja, tudo o que tenha uma altura ao solo razoável recebe esta denominação, ajuda a vender. E os verdadeiros jipes? Os puros e duros? É verdade que são cada vez menos e, para sobreviverem no mercado actual, tiveram de se tornar numa espécie de “jisuv”. É aqui que entra o Suzuki Jimny. Apesar de manter todas as credenciais de todo-o-terreno que o tornaram num ícone (jipe), recebe algumas modernices para quando vai para a “selva citadina” (SUV). Um casamento pouco provável, mas que resulta.
Design retro com tecnologia actual
Começando pelo que mais se vê, ou seja, pelo exterior, é quase impossível passar por ele sem olhar. O estilo retro inconfundível, com alguns detalhes de modernismo, virou muitas cabeças durante este ensaio. Se por fora continua a parecer um Jimny, por baixo também manteve a tradição: chassis de longarinas e eixos rígidos. Passando para o interior, bem mais fashion do que o antecessor, é talvez o sector do veículo onde se nota a grande influência da “praga” SUV. Ao abrir a porta, vemos o ecrã táctil com quatro menus onde se inclui a conectividade ao smartphone. Mais se acrescenta os bancos aquecidos e ar condicionado automático para que ninguém tenha frio. Ainda assim, há um pequeno detalhe que escapou aos engenheiros do Suzuki: informações todo-o-terreno, como por exemplo, grau de inclinação. Ainda há geeks que gostam destas coisas, ok? Tem também dois lugares traseiros com uma posição algo desconfortável e uns muito curtos 85 litros de bagageira. Ou seja, ou se levam amigos, ou se levam as malas da namorada. Uma escolha fácil de responder, pelo menos no meu caso. Se não acreditam, liguem aos meus amigos que lá ficaram no café, eles sabem responder. No entanto, este detalhe vai deixar de ser um problema, mas falamos disso mais à frente.
Condução ágil e divertida
À primeira vista parece um jipe inofensivo, mas não nos podemos deixar enganar. A mítica expressão “trepa tudo” assenta-lhe que nem uma luva. O terreno pode ser areia, lama, pedra, escorregadio, desnivelado, o samurai japonês ultrapassa tudo. Mesmo quando nos metemos por aventuras com algum grau de dificuldade, o Jimny tranquilizou-nos com uma calma “à Ronaldo” e passou sem grande problema. Em vários casos nem foi necessário recorrer ao sistema de redutoras com comando mecânico que, quando activado, mostra que o sistema All Grip é realmente muito bom. O baixo peso e os 21 cm de altura ao solo conferem uma agilidade impressionante, apenas ao alcance de alguns dos melhores todo-o-terreno do mercado. A diversão só não é ainda maior porque é impossível desligar o controlo de tracção na totalidade quando esta é entregue apenas às rodas traseiras.
Quando chegamos ao fim da gravilha e entramos no alcatrão, a suspensão mostra uma afinação suave, excelente para o TT mas em demasia para estrada. Este factor torna o adorno de carroçaria em curva bem presente. A direcção muito leve obriga-nos a corrigir o rumo com frequência, mas também não se pode pedir tudo. Apesar destes detalhes, continua a ser um SUV fácil de conduzir na cidade. A Suzuki inclui ainda de série o sistema de travagem automática, o alerta de transposição de faixa de rodagem e o leitor de sinais de trânsito para que viaje em segurança na selva que é a cidade.
Motor atmosférico é perfeito. Mas as questões ambientais vão fazer das suas
Que saudades de um motor atmosférico à antiga. O 1.5 litros com 102 cavalos e 130 Nm de binário é o suficiente para a diversão fora de estrada, mas algo esforçado em autoestrada. A falta de turbo e as relações mais curtas da caixa de velocidades de cinco velocidades obrigam a seguir viagem a uma rotação algo elevada. Ainda assim, depois de cinco centenas de quilómetros, a média registada foi de 6,6 lt/100 km. Isto mesmo com alguns abusos pelo meio. Achas muito?
Infelizmente, com o aperto das emissões CO2, a Suzuki vai ter de repensar este bloco. As 178 g/km passam, em muito, o objectivo médio a ser cumprido (95 g/km). Deste modo, em 2021 vai aparecer uma versão electrificada deste motor 1.5 lt, o que vai retirar a verdadeira essência deste tipo de motores: a simplicidade. São as questões ambientais, amigo, nós compreendemos.
Quanto custa? A verdadeira pergunta é se ainda há algum
Com este facto falado acima, a Suzuki vai ter de repensar a estratégia. Ora, por enquanto, serão vendidos os veículos que ainda estão em stock, mas não vão aceitar mais encomendas, uma medida transversal a toda a Europa. Resumindo, se depois disto ficaste interessado, apressa-te, pode já não haver um para ti. Contudo, vai surgir ainda este ano uma versão comercial! Esta solução é perfeita e, bem vistas as coisas, nenhum dos actuais donos comprou o Jimny pelos dois minúsculos lugares de trás. Vai tornar-se num carro de dois lugares para casais aventureiros. Se sofrer do mesmo que eu, vai poder levar todas as malas e malinhas da namorada sem problema nenhum e não precisa de inventar desculpas para os amigos.