Passei um dia com a Lamborghini e agora não tiro os olhos do telemóvel
Utilizo intensivamente o meu smartphone. Estou constantemente a consumir informação sobre automóveis, seja nas redes sociais, nas páginas mais especializadas ou até entre amigos, a trocar e a partilhar fotos, vídeos e outras curiosidades. É um vício cada vez maior e do qual não me quero livrar. Aliás, a coisa está cada vez “pior”. Por outras palavras, está cada vez melhor. Do papel para a internet e do tempo em que os meus pais ficavam sem telefone lá em casa até aos dias de hoje em que levamos toda a informação no bolso. O meu smartphone é um companheiro indispensável da minha vida sobre rodas. No entanto, fico sempre desconfortável quando ele toca. Aquele instante inicial em que tudo nos passa pela cabeça. Epá, quem será? Terá chegado uma multa a casa? Ou será alguém a impingir alguma coisa que não me faz falta nenhuma? Um suplemento para os ossos ou um apelativo pacote de canais desportivos com apenas um canal por apenas 30 euros por mês com uma fidelização de apenas 24 meses.
A verdade é que nunca me habituei ao toque de chamada. É parvo, bem sei, mas é verdade. Felizmente, quase sempre, é alguém com quem é um prazer falar. E a chamada que recebi há uns dias é disso um grande exemplo. Um prazer que renovo com alguma regularidade mas que desta vez foi motivado por um convite que não esperava receber: “João, tens disponibilidade para comparecer no evento de inauguração do novo showroom da Lamborghini Lisboa?”
Perante uma pergunta destas não há hesitação possível. Porém, fui invadido por uma incapacidade – temporária, felizmente – de responder. Isto até que salta um sonoro “sim, claro que sim!” que certamente assustou quem me estava naquele momento a dirigir o convite. Desculpa, meu caro. Mas foi difícil conter-me. No dia seguinte lá fui eu, cumprir esta tarefa complicada, este desagradável imprevisto de ter que passar algum tempo rodeado de vários Lamborghini. Urus, Huracán, Aventador, nenhum dos sonantes nomes das actuais criações da casa de Sant’Agata Bolognese faltou à chamada e eu jamais faltaria a algo tão especial.
É raro ver um Aventador. Vi cinco. Três dos quais eram SVJ. Já o Urus vai sendo uma visão menos rara, isto porque é o mais recente caso de sucesso da Lamborghini. Aliás, mais houvesse para entrega e mais os veríamos na estrada. A marca de superdesportivos encerrou o ano de 2019 com 26 viaturas entregues em Portugal. Parece-vos pouco? Foi um crescimento de 171% e para 2020 as expectativas são ainda maiores, com o novo showroom a ter um papel preponderante de ligação com os clientes, possibilitando-lhes uma experiência única que só um símbolo como o da “Lambo” consegue proporcionar.
Almocei na companhia dos responsáveis nacionais e internacionais da marca, bem como com ilustres companheiros de profissão que também não faltaram à inauguração do espaço em Alcabideche, na zona de Cascais. Mas o convidado mais importante de todos foi outro e ficámos bem perto um do outro durante o almoço. Chama-se Huracán Evo RWD e é a mais recente criação da marca, uma versão ainda mais pura, mais focada na performance, com motor de 610 cavalos e apenas com tracção traseira.
Este é o Huracán que melhor representa a essência da Lamborghini. Mesmo parado, passou o almoço a mais de 300 km/h! Entrei, sentei-me e pus aos mãos no volante. Não o conduzi, obviamente. Nem sequer ouvi o motor V10 a gritar no bonito espaço agora inaugurado. O que por um lado não foi mau de todo, isto porque eu também ia soltar uns gritinhos, cenário que só de imaginar me deixa assustado. Não ia ser bonito e assim, tenho quase a certeza de que o meu telemóvel não voltaria a tocar. E agora, mais do que nunca, eu quero que ele toque.