Conduzi um Nissan Qashqai e percebi, finalmente, o fenómeno
Pode não ter um enorme Q vermelho na grelha, mas o azul do seu fato não engana. Este não é um mero Qashqai, é o super Qashqai. Sim, isto porque caso vás ao configurador da Nissan e escolhas um igual ao que nos levou a passear até Vila de Rei, nem opções tens para lhe adicionar. Escolhes a cor da carroçaria e dos estofos em pele e já vais com sorte. Trata-se de um Tekna+ e está carregadinho até ao tejadilho, em vidro, de equipamento.
Já não é a primeira vez que usamos o tema do super herói para analisar um carro, o Rafael já o tinha feito anteriormente quando conduziu o Hyundai i30 N-Line. No entanto, este Nissan Qashqai é também ele digno da comparação. Isto porque para além da lista de equipamento que parece não ter fim, está também equipado com caixa automática e tracção integral. Assim, não há “pára e arranca” que não seja vencido em conforto e obstáculo que não seja ultrapassado com destreza.
Tem de haver algo mais que o explique, algo que nunca descobri das outras ocasiões em que o conduzi.
Mas antes de vos falar deste Qashqai em particular, permitam-me admitir uma coisa: sempre me custou a perceber a loucura em redor do Qashqai. Não pela sua falta de argumentos, nem pelo seu design que, a meu ver, evoluiu muito bem, cada vez mais arrojado e apelativo. Mas apenas porque, no meio de tanta oferta que foi surgindo, porquê este? Porquê o Qashqai? Porque foi o primeiro SUV, CUV, crossover ou como lhe queiram chamar? Terá mesmo sido? É que mesmo sendo o primeiro da sua espécie – ou pelo menos, de grande sucesso – isso não pode explicar tudo, até porque o número de rivais não parou de subir e o Qashqai manteve o seu estatuto intacto.
Tem de haver algo mais que o explique, algo que nunca descobri das outras ocasiões em que o conduzi. Por isso, desta vez, decidi fazer-me à estrada e apontei o Qashqai ao Centro Geodésico de Portugal. O plano era simples: conduzir, desfrutar, e chegar a casa com conclusões. Fugi da autoestrada o mais que pude e lancei-me pelas nacionais. Passei o Tejo em Vila Franca de Xira e voltei a encontrar-me com ele à entrada de Abrantes. Primeiro, Sardoal e depois, Vila de Rei. Contornei o marco que marca o centro de Portugal e atravessei o magnífico Zêzere deixando o distrito de Castelo Branco e entrando no de Santarém. Seguiram-se as maravilhosas estradas que acompanham o Aqueduto de Pegões na zona de Tomar e lancei-me até Porto de Mós. Daí até Lisboa, foi sempre a “descer”.
Chego a casa, depois de mais 400 quilómetros ao volante e praticamente sem paragens ao longo da viagem, sem novas conclusões. Gostei muito do conforto com que rola e do seu comportamento seguro. A posição de condução é óptima e a visibilidade também merece destaque. A caixa automática é suave no seu funcionamento e o novo motor 1.7 dCi de 150 cavalos é possante na resposta. O habitáculo é bem construído e oferece muito espaço, argumento que se prolonga à bagageira. E o consumo de combustível, mesmo com alguns exageros pelo meio, deixou que o computador de bordo registasse pouco mais de 7 lt/100 km no final do dia. Assim de repente, acho que não me estou a esquecer de nada. Ah, pronto! Não digam mais nada. Já percebi!