Passei uns dias com o Hyundai i30N e foi estrondoso, literalmente
Relembrar o dia em que conduzi um Audi R8 no circuito de Ascari fez-me igualmente ir ao meu arquivo mental e recuperar os dias que passei ao volante do não menos impressionante Hyundai i30N. No entanto, ao contrário do supercarro das quatro mágicas argolinhas, esta máquina de 275 cavalos passou muito desse tempo fora do alcatrão. No total foram quatro os dias que passei na companhia do primeiro Hyundai a ostentar o já muito respeitado “N” que identifica os desportivos da marca coreana. Esses quatro dias foram já há imenso tempo, mas falar de um automóvel como este, faz tanto sentido agora como no momento em que foi lançado.
Isto porque o i30N é um daqueles carros em que logo nos primeiros momentos que passamos ao volante nos apercebemos do quão especial é e de que é um carro que nasceu para os verdadeiros apaixonados da condução emotiva e sensorial, bem como da elevada performance e de uma dinâmica apurada. Não me vou estender em análises ao motor (possante, sempre cheio), à caixa (mecânica, precisa) e ao seu comportamento (amortecimento rijo, obviamente, mas com dinâmica exemplar). Não me parece que faça sentido. Prefiro partilhar convosco a alegria que foi conduzi-lo, constantemente a sorrir e a provocar sorrisos em quem me acompanhou.
O escape. Sim, falemos do escape. Esse componente, para alguns, demasiado ruidoso e incomodativo, mas para mim, perfeito. Sempre presente, aos “tiros” de cada vez que se acelera ou desacelera e quase sempre que trocamos de relação. Sempre a relembrar-me de que aquele não era um Hyundai qualquer. Constantemente a convidar-me à rebeldia, a reduzir, acelerar até ao redline e assistir à também rápida descida do ponteiro do combustível. Mas caramba, isto não tem preço! Só dias depois, já em casa, é que me apercebi do que este carro me fez quando dei por mim a conduzir e a reproduzir, ao mesmo tempo, a rouquidão do seu respirar. Fiquei maluco, rendido, admito. E tenho mesmo de admitir, pois ficou registado em vídeo.
Num desses dias recorri à lente do meu amigo Tiago Costa para registar uns instantâneos dignos deste maquinão. Sei que não foi um grande sacrifício, “Zé”, mas, uma vez mais, obrigado por nos teres ajudado neste dia épico. São, portanto, dele as fotografias que aqui vêem e foi também ele um dos responsáveis pelo final de tarde mais memorável que tive no passeio marítimo de Algés. Quais Nos Alive, quais carapuça! Nós é que ficámos bem “alive” graças ao i30N naquela Super Especial do Dafundo, como um outro bom amigo meu chama àquele local.
A ideia era simplesmente fotografar o Hyundai num ambiente um pouco mais “hardcore” mas, logicamente, sem estragar, longe de pedras, buracos e solo demasiado abrasivo que pudesse desgastar demasiado os pneus. E ali estavam reunidas as condições perfeitas para isso: um solo razoavelmente consistente, mas arenoso e sem quaisquer pedras e buracos no caminho. Uma autêntica nuvem para colocar o i30N com algum dinanismo e a deslizar suavemente para a lente do Tiago.
Depois de duas ou três passagens, pensei que estava o dia terminado. Mas não. Ao longe vi o Tiago a rodar um braço sobre o outro como que a dizer “mais uma!” Lá fui eu, de novo, repetir a dose. Um pouco mais depressa, um pouco mais bruto com o volante e travão de mão. Regresso para junto do Tiago: “Então, Zé, ficou porreiro?” O sorriso dele dizia tudo mas ainda assim: “Vai outra vez!” “Ok, eu faço, mas só mais uma!”
Mas caramba, quem é que eu estava a tentar enganar? Só a mim próprio, claramente, porque eu não queria outra coisa e não queria parar. Só queria repetir, dar cada vez mais ângulo à traseira e prolongar cada vez mais a escorregadela ao som daquele tiroteio de octanas. O Hyundai i30N é um estupendo e barulhento automóvel. É um autêntico estrondo, no verdadeiro sentido da palavra.
Fotografia: Tiago Costa