Lembras-te deste? O Renault Fuego faz 40 anos
Apresentado em 1980 no Salão de Genebra, o Renault Fuego está este ano de parabéns pelo seu 40º aniversário. Nunca lidei de perto com um Fuego, mas é um carro que me é bastante especial, pelo menos à escala 1:24. É uma das minhas miniaturas preferidas, oferecida pelo meu Pai, que ma comprou durante uma viagem de trabalho no final dos anos 1980. Veio do Porto e está rigorosamente impecável, embora pareça exactamente o contrário devido à muita lama simulada de um rally fictício em que participa na minha prateleira há mais de trinta anos.
Sendo um modelo de produção relativamente baixa, com pouco mais de 250 mil unidades, são certamente também poucos aqueles que sobreviveram ao teste do tempo e nem o Fuego escuro, com matrícula francesa, que dormia num quintal da rua onde eu brincava quando era miúdo, resistiu, quase de certeza. O que é uma pena, pois na minha opinião, actualmente, o Fuego tem ainda uma grande pinta. O responsável máximo pelo desenho deste coupé aerodinâmico foi Robert Opron, designer que trabalhou igualmente com a Citroën no desenvolvimento do icónico SM.
O conceito base do Fuego foi conciliar o conforto esperado de uma berlina daquela época com uma carroçaria mais estilizada e orientada para os condutores que pretendiam algo mais do que um vulgar familiar. Também o nome “Fuego” contribuía para essa vertente mais emocional, rompendo ainda com a histórica nomenclatura dos modelos da marca baseada em números. E foi com o número 18, a berlina da Renault, que o novo Fuego partilhou a sua base, apesar de exteriormente o coupé ser ligeiramente mais curto.
Sabias que o Renault Fuego chegou a ser o carro mais rápido do mundo equipado com um motor Diesel? Mas calma, nada de grandes correrias. Atingia os 180 km/h, um valor respeitável naquela altura, com aquela tecnologia.
Quanto a motores, a oferta era grande, começando, do lado dos propulsores a gasolina, com o 1.4 litros e terminando no vitaminado Turbo – com 1565 cc de cilindrada e 134 cavalos – essa mítica designação imediatamente associada a outros modelos do losango francês como o 9 e o 11, automóveis igualmente desenhados por Opron. A gama incluía ainda uma versão também sobrealimentada que chegou a ser o Diesel mais rápido do mundo com uns actualmente pouco impressionantes 180 km/h mas que na altura, upa upa! Também a título de curiosidade, a versão Turbo surge em grande destaque no filme 007 – Alvo em Movimento, da saga James Bond, de 1985.
O Renault Fuego é mais um grande exemplo de como as então populares carroçarias coupé começaram a ter uma vida comercial difícil com a chegada ao mercado de propostas de desenho menos desportivo mas com motores igualmente potentes, os primeiros sinais dos ainda hoje e cada vez mais adorados hot hatch. No entanto, até no nome este agora quarentão foi feliz. Imaginem só poder dizer: “Que carro tenho? Tenho um Fuego Turbo.” Naquela altura, era fácil ser o tipo mais cool do bairro.
Fotos: Renault