E não é que o Citroën SM, aos 50 anos, ganhou uns pais adoptivos?!
Apresentado no dia 10 de Março de 1970, na então 40ª edição do conceituado Salão Automóvel de Genebra, o outrora Citroën SM estaria, por isso e neste momento, em plenos festejos do seu 50º aniversário, não fosse todo o descalabro em que o planeta está presentemente envolto.
Lançado pela marca do double chevron nesse já longínquo ano como seu produto de luxo e símbolo de vanguarda, o SM tornou-se, entretanto – tal como sucedera com o DS 21 original de 1955 – um dos modelos recrutados pela DS Automobiles para as suas fileiras, para espelho do que o luxo que a autónoma ex-marca da Citroën pode almejar num futuro não muito distante, agora que está perfeitamente estruturada e um dos alicerces do cada vez mais abrangente Grupo PSA.
Dele foram produzidas apenas 12.920 unidades, entre 1970 e 1975, um coupé de 3 portas que resultou do denominado “Project S”, secretamente encomendado quase uma década antes, com vista à potencial criação de uma versão desportiva do igualmente revolucionário Citroën DS 21.
Desenhado por Robert Opron, então responsável máximo pelas linhas dos Citroën, o SM final viria a mostrar-se naquela edição do certame helvético não como um desportivo, mas sim como um luxuoso coupé, longo de quase 5 metros (4,9 para ser mais preciso), por 1,8 metros de largura e apenas 1,3 metros de altura, espelhando o savoir-faire do requinte à francesa da altura, um verdadeiro Grand Tourisme que conciliava elegância, conforto, beleza e elevadas performances.
Estas, por seu turno, resultavam de um bloco de 6 cilindros em V, oriundo da Maserati – marca entretanto adquirida pela Citroën – dividido em duas versões: uma de 2.670 cc de cilindrada e 170 cv e outra de 2,965 cc e 180 cv, ambas com 3 carburadores Weber, associados a uma transmissão manual de 5 velocidades ou automática de 3 relações. Pelo meio, surgiu outra versão de 178 cv do bloco 2.7, já com injecção Bosch. Pacotes mais do que suficientes para locomover, com força e elegância, os cerca de 1.500 kg destes conjuntos de tracção às rodas da frente e que contavam com soluções inovadoras, como a suspensão hidro-pneumática (a óleo) com auto-nivelamento, faróis que acompanhavam as voltas do volante, iluminando o interior das curvas, para além de uma revolucionária direcção assistida. As velocidades máximas situavam-se entre os 205 e os 228 km/h, esta última da versão de injecção.
Modernidade – não esqueçamos que estamos a falar de um automóvel de 1970 – é algo que também se alastrava ao interior, de elevada qualidade e com materiais de requinte. Entre outros pormenores destacam-se o volante, de um aro e pequenas dimensões, o cluster formado por mostradores ovais, a manete da caixa estilizada e cromada, os bancos ajustáveis e com bolsas de espuma (tal como o forro das portas), surgindo entre eles o auto-rádio e o travão de mão, igualmente estilizado.
Outros detalhes a destacar são o recorte no capot, com uma grelha em alumínio formada pelo logo do double Chevron, a cobertura integral da frente, abrangendo os faróis direccionais e o espaço entre eles, a assinatura “SM” na base do pilar C e os demais detalhes em aço inoxidável, ao longo da carroçaria.
Nos anos seguintes, os carroçadores franceses Chapron e Heulliez acharam que o SM deveria abrir-se aos céus e, mesmo sem o aval da Citroën, criaram-lhe algumas versões descapotáveis, os SM Mylord no primeiro caso e o SM Espace no segundo, ambos hoje peças de colecção. Chapron haveria de ir mais além e desenvolveu umas variantes alongadas, tipo berlina de 4 portas, os SM Opéra, que serviriam de base para a criação de algumas viaturas oficiais do Estado francês.
Posto isto, pode ficar a conhecê-lo melhor no portal Citroën Origins, uma das mais interactivas plataformas da marca francesa, espaço onde o pode ver a 360o, por dentro e por fora, ligar a ignição, tocar a buzina, fechar a bagageira e até por os piscas a funcionar! Não acredita? É só clicar no link acima!
Em resumo, seja com os pais biológicos da Citroën ou com os mais recentes progenitores adoptivos da DS Automobiles, o icónico modelo francês não deixa de estar em destaque em 2020. Por isso, Parabéns SM!!!
Fotos: Citroën / Amicale