Desafio dos 50 mil euros. Qual o carro novo que cada um de nós comprava
O cenário actual não é, infelizmente, o mais adequado a grandes investimentos. No entanto, aqui na Garagem temos a certeza de que, todos juntos, iremos dar a volta a uma situação para a qual não estávamos, definitivamente, preparados, mas à qual mostrámos igualmente uma grande capacidade de adaptação e superação. Estamos no bom caminho e é exactamente por aí que temos de continuar a conduzir as nossas vidas, por enquanto, longe dos nossos carros.
Apesar disso, ainda que estáticos, são eles que nos movem e é com eles que continuamos a trabalhar. É também com eles que continuamos a sonhar e por isso decidimos perder-nos (ainda mais…) nos extremamente viciantes configuradores das marcas para este nosso primeiro desafio: escolher um carro novo, até 50 mil euros, que nos encha as medidas. É bem mais difícil do que parece…
D.L.
Quando decidimos fazer este artigo, rapidamente me vieram alguns nomes à cabeça. Afinal, 50 mil euros é um bom valor de partida para comprar um carro. Comecei por tentar fazer uma lista ao estilo “top 10”, mas percebi que assim ia ser mais difícil. Foi então que procurei um carro que realmente gostasse de ter nesta altura da minha vida. Ora, como o mais jovem membro da Garagem, meti no topo da lista de prioridades a emoção. Quero um carro que me consiga fazer subir o batimento cardíaco e colocar um sorriso na cara sempre que ando nele.
Com isto, a quantidade de carros que posso escolher reduziu bastante. Mas por outro lado também quero um carro que consiga o melhor dos dois mundos: divertimento e argumentos para andar no dia-a-dia. E assim a lista evaporou-se para apenas três. Depois de percorrer configuradores e fichas técnicas, finalmente consegui escolher um carro: Toyota GT86. Sim, é verdade, o mais jovem do grupo escolheu um carro “à moda antiga”! Caixa manual, motor atmosférico, tracção traseira e baixo peso. É uma espécie de desportivo cada vez mais difícil de encontrar.
Felizmente já tive a possibilidade de o experimentar e conseguiu surpreender-me. Longe de ser um velocista, é um carro ágil e com uma condução muito divertida. Os 200 cavalos são mais do que suficientes para fazer a traseira deslizar sempre que necessário (ou que nos apetecer), mas sem nunca nos sentirmos descontrolados. No que toca a configuração, escolho o Cinza Magnetite para a carroçaria e o interior com Alcantara preto/vermelho. Com esta personalização, o Toyota GT86 Black Touch Edition fica por 42 490 euros. Assim ainda sobra para o combustível. Ficaria lindamente na minha garagem, ao lado do meu “velhinho” Toyota Corolla KE20 laranjinha de 1972. Percebem agora a minha escolha?
João Isaac
Quem me conhece sabe que, embora eu reconheça o conforto de utilização oferecido por uma boa caixa automática, prefiro sempre ter uma manual. A condução é, para mim, uma experiência. Quanto mais interacção com a máquina, maior prazer tiro desse momento. Ainda assim, o carro que escolhi para este nosso primeiro desafio “o que compravas…?”, tem caixa automática. Não existindo em versão manual, faço este enorme “sacrifício”.
Queiramos ou não, o design é ainda o factor a que mais importância damos na hora de escolher o nosso próximo automóvel, novo ou usado. E como sou de tal maneira fã das linhas da carroçaria deste modelo, até prescindia dos três pedais e da caixa manual se pudesse conduzir diariamente um Alfa Romeo Giulia. Do ponto de vista do design, na minha opinião, poucos lhe fazem frente. Talvez o S90 da Volvo mereça aqui ser mencionado, pois é igualmente fabuloso.
Se antes do número 50 mil estivesse um “1”, escolhia o Quadrifoglio. Lógico. Mas como esse primeiro algarismo faz toda a diferença, pois faria superar (ligeiramente, não é verdade?) os 50 mil euros deste nosso primeiro desafio, fico-me assim pelos 200 cavalos do 2.0 Turbo, a gasolina, e pela dinâmica também ela exemplar desta versão Super do Giulia. A cor? É fácil: vermelho Alfa. Difícil é superar a presença e condução deste carro, isso sim.
Com um preço de tabela de 48 100 euros, não fico com muita margem para o carregar de extras, mas sinceramente, só investiria nas jantes “turbina” de 18 polegadas, que preenchem melhor as enormes cavas de roda deste “magnalfa”. Os restantes 900 euros ficam guardados para investir em gasolina e pneus, algo que me imagino a “derreter” com alguma rapidez, logo na primeira semana após a realização deste sonho.
Jota Pê
Ora bem… o que fazer com 50 mil euros! Imaginando que tudo isto é, apenas e só, um pesadelo de extremo mau gosto e que até podia fazer uma vida melhorada, iria até um stand Mazda encomendar… um MX-5, soft-top 1.5!
Já aqui demonstrámos o quanto gostamos deste roadster, brinquedo que devia ser obrigatório prometer-se a qualquer recém-nascido. Sim, primeiro do tipo peluche, para que, uma vez tirada a carta, se pudesse explorar, a céu aberto, o motor de 132 cv e a caixa manual de 6, de engrenagens rápidas e curtinhas. Um puro e delicioso kart de estrada que nos responde com um BROOOARRRRRRR quando pressionamos o botão de start e se engrena a 1ª e depois a 2ª e depois…! QUEROOOOOOOO MAAAAAAAAAAAAAAAAAIS!!!!
Espaço e mordomias? Não tem, de facto, muito de ambos, pelo que escolhia o nível Excellence, e juntava-lhe uns mimos – bancos Recaro em pele, pedais em alumínio, sistema de navegação, sensores e câmara traseira, escape desportivo, etc – que complementam o que vem de série, aqui incluindo o brutal sistema de áudio Bose, com altifalantes integrados nos encostos dos bancos! Ah sim, escolhia-o no delicioso vermelho pigmentado Soul Red Crystal, com a capota manual em lona, preta. Tudo somado no configurador, este toy car ficaria em pouco mais de 42 mil euros, bem dentro do limite… ou seja, I only wish!!!
Mariana Figueiredo
Ora então estes meninos da Garagem decidiram brincar e pedir à equipa para falar do nosso carro de sonho até 50 mil euros em plena altura de quarentena, onde a palavra “contenção” é dita quase tantas vezes como “socorro!”
Mas se estamos a sonhar, vamos a isso! Temos tempo, não é? A minha escolha vai para – e não me julguem – o XC40 Inscription T2 129 cv Geartronic FWD. Primeiro, e sabendo o leitor que o gosto é subjectivo, acho o carro lindíssimo (demore-se nas fotos). Tem todas as características que eu espero no meu próximo carro: é alto e espaçoso, mas não é um tanque bruto e impossível de estacionar. É elegante, é citadino, mas também dá para aventuras fora de estrada que vão acontecer – e vocês sabem disso – NUNCA NESTA VIDA! Mas é bom saber que se eu quiser, posso!
Os interiores têm obrigatoriamente de ter bancos electrónicos com memória, para podermos alternar o condutor sem dizer asneiras assim que nos sentamos ao volante. Bancos e volante aquecido, porque estas mãozinhas da cidade são frágeis e este real rabo é mimado. O conforto neste carro é gritante como, aliás, acontece em todos os Volvo. Os sacanas dos suecos sabem dar atenção ao detalhe e eu adoro isso.
Este incrível pedaço de tecnologia com todos os extras que uma princesa pode precisar está a 49 610 €, um valor absurdo para esta altura, mas justo. Ainda mais se considerarmos que 12 185 € são logo para o Estado, que teve imenso trabalho no desenvolvimento deste modelo.
Rafael Aragão
Se me encostassem uma pistola à cabeça e me obrigassem a gastar 50 mil euros num carro, primeiro diria que não vale a pena e que mais valia apertar o gatilho. Poupavam-se ao trabalho e a mim a tristeza de não os ter. Oh, que maravilha seria poder chegar a um stand e respirar todo aquele ar puro, o cheiro a pneus novos, a estofos imaculados, o brilho das pinturas envernizadas e polidas, as jantes mais caras em display para nos aguçar o apetite e deixar a dormir no sofá durante uma semana. Aff, o sonho!
Mas se tivesse os 50 mil euros e tivesse mesmo de gastá-los, a minha escolha ia para o magnífico Volvo S60 T4. Um 4 cilindros em alumínio, dois litros turbo, a gasolina, com 190 cavalos e caixa automática Geartronic de 8 velocidades. Preço base de 47 mil e poucos euros na versão R-Design e eu depois metia-lhe dois extras para esticar o preço até aos 50 mil euros. Uma câmara traseira e o kit de performance da Polestar que lhe dá mais 20 cavalos e 40 Nm de binário, melhora a curva de potência e binário em rotações médias, bem como a performance da caixa de velocidades e a resposta do motor. Assim fica mesmo a bater nos 50, mas, por mim, eu pegava assim em mais mil e poucos e metia-lhe o tecto panorâmico e pronto, já tinha carro para o resto da minha vida. A cor? Um Cinzento Savile cheio de charme e daquele “ge ne sê cua” e as jantes de 18 polegadas porque é no equilíbrio que está a virtude.
Fotos: oficiais