Parabéns, SEAT! Tão jovem e moderna, ninguém te dá 70 anos
Digam o que disserem, todos os comentadores de futebol têm um clube pelo qual torcem. Isso a meu ver não os torna menos profissionais porque o profissionalismo vem da sua capacidade de serem imparciais. Eu sou do Sporting porque é o clube que escolhi, aquele com que cresci e do qual gosto, não por serem os melhores desde que comecei a gostar de futebol, algo que fica bem claro nos dois campeonatos nacionais que festejei nos últimos 34 anos.
O mesmo se passa com os automóveis, algo de que gosto bem mais do que futebol e a área em que trabalho e que exige igualmente as acima referidas capacidades de imparcialidade e profissionalismo. Mas tal como os comentadores “da bola”, também eu, obviamente, tenho marcas pelas quais sinto uma especial ligação, o que não significa que não goste das restantes ou que as considere inferiores ou, ainda, que seja imparcial quando avalio um novo carro que me passa pelas mãos.
Mas dentro do grupo de marcas pelas quais tenho um carinho especial, a SEAT é, sem dúvida, a principal. E como disse, não é por a considerar melhor que esta ou aquela marca, nada disso. Mas sim pela minha ligação aos seus carros, algo que começou bem cedo, desde a minha infância com um Marbella e que se prolongou pela minha adolescência até aos dias de hoje com o Ibiza, numa história que já tive o prazer de partilhar neste outro artigo.
É assim com muito prazer que escrevo estas palavras e as partilho no dia em que se celebra o 70º aniversário da SEAT, a sigla responsável pela democratização da mobilidade em Espanha e actualmente responsável por 1% do PIB espanhol, exportando 80% dos automóveis que produz. O SEAT 1400 foi o primeiro veículo da sua história, saindo da linha de produção da Zona Franca a um ritmo – nome de outro icónico modelo – de cinco unidades por dia em 1953. Quarenta anos depois, com a introdução da segunda geração do Ibiza, foi inaugurada a moderna fábrica de Martorell e teve início uma nova fase na história da SEAT.
Actualmente, com três centros de trabalho em Barcelona, El Prat de Llobregat e Martorell, a SEAT dispõe de uma capacidade incomparavelmente superior, produzindo em três minutos o mesmo número de automóveis que antigamente produzia num dia de trabalho. E a título de exemplo, os dois anos que um cliente poderia ter de aguardar pelo seu novo SEAT 600, ícone apresentado em 1957, estão agora reduzidos a um período inferior a 21 dias através do serviço Fast Lane que permite a compra, à distância, de um novo automóvel em menos de dez minutos.
Com um total de 75 modelos diferentes apresentados nos seus primeiros 70 anos de vida, a história da SEAT começou a ser construída com o primeiro modelo que acima referi, o 1400. No entanto, o pequeno 600 foi o grande responsável por colocar Espanha sobre rodas, tendo estado em produção desde 1957 até 1973. Também o 124 e as suas diversas variantes merecem, a meu ver, uma menção especial, sendo, ainda hoje, um modelo muito respeitado no mundo dos clássicos e da competição. No presente, modelos como o Leon, que se prepara para entrar na quarta geração, bem como os SUV Arona, Ateca e Tarraco representam a frente de ataque da SEAT, sendo os principais responsáveis pelos excelentes resultados comerciais alcançados recentemente.
No entanto, do meu ponto de vista, o Ibiza, lançado originalmente em 1984, é o maior responsável pela SEAT que conhecemos hoje em dia. Foi este o modelo que sustentou as ambições da marca numa fase mais delicada de transição entre os modelos produzidos sob licença FIAT e a era moderna de inclusão no grupo Volkswagen. Desta geração, foram vendidas mais de 1,2 milhões de unidades entre 1984 e 1993, e um deles está e vai ficar comigo, no que depender de mim, por muitos e bons anos.
Também a Cupra, designação que surgiu pela primeira vez em 1996 associada à versão desportiva do Ibiza, evoluiu para uma nova sub-marca com o seu próprio símbolo e identidade, apontada à performance e exclusividade, assumindo-se igualmente como um dos principais pilares do crescimento da SEAT. Representa o expoente máximo da performance e tecnologia, sempre lado a lado com a competição, uma vertente em que a SEAT escreveu também o seu nome ao longo das décadas, tendo sido campeã mundial de ralis por três anos consecutivos com o Ibiza Kit Car e bicampeã mundial de turismos com o Leon WTCC, o único a consegui-lo com um motor Diesel.
Mas mais do que automóveis e competição, a SEAT assume-se igualmente com uma marca pioneira na investigação e desenvolvimento de novos produtos e serviços de mobilidade, como as suas scooters eléctricas apontadas ao ambiente citadino, trabalhando para uma mobilidade futura mais limpa e respeitadora pelo ambiente e sociedade. É também importante destacar o contínuo investimento feito em iniciativas sustentáveis para tornar a unidade de Martorell uma fábrica com zero emissões carbono até 2030. Cá estaremos, juntos, para celebrar esse feito e teus bonitos e devidamente electrificados 80 anos. Feliz cumpleaños, SEAT!
Fotos: SEAT