Ford Mustang Shelby GT500: 760 cavalos no mais potente Ford de sempre
2020 viu aparecer duas coisas muito intensas. Aliás, reaparecer. Se o coronavírus foi capaz de meter dentro de casa a quase totalidade da população mundial durante muito tempo, o novo Ford Mustang Shelby GT500 é bem capaz de meter nas garagens a quase totalidade dos carros no mundo. Só que este Ford, ao contrário do vírus, é muito bem vindo.
A história do Mustang é conhecida praticamente em todo o mundo. No início da década de 60 a Ford queria desenvolver um carro mais jovem, mais desportivo e mais pequeno (e mais barato diga-se de passagem). Um coupé que apelasse ao gosto dos baby boomers do pós-guerra que estavam agora na idade de comprar carro mas não queriam os gigantes e aborrecidos carros que as três grandes andavam a fabricar (a GM, Ford e Chrysler). Surge, então, pelas mãos de um senhor chamado Lee Iacocca, a decisão de avançar com o “pequeno” Mustang. Apresentado em 1964, foi um sucesso imediato. Vendeu mais de 1 milhão de unidades em apenas dois anos, tornando-o no carro com o lançamento mais bem sucedido da história. Até hoje, já saíram da fábrica de Detroit mais de 10 milhões de Mustang.
Tinha surgido, então, o primeiro pony car da história. Ao nível dos motores, podia escolher-se um 6 cilindros em linha ou um V8, com cilindradas que iam desde os 2,8 litros aos 7! Mas aparentemente, isto era pouco, porque um ano depois, junta-se outro senhor à conversa, de seu nome Carol Shelby, e decidiram meter a ganadaria toda dentro do capô. Nascem as primeiras variantes Shelby Cobra do Mustang. Primeiro com o GT350, assim mais ligeiro e, em 67, com o GT500, uma verdadeira besta de queimar pneu com um V8 de 7 litros e 355 cavalos.
Ao longo de 53 anos foram várias as gerações do Mustang que passaram pelo “ginásio” do senhor Shelby, mas esta última, meu amigo, está qualquer coisa. Deve ter comido os vegetais todos, porque parece cheia de saúde. Denominado “Predator”, este motor V8 com bloco em alumínio tem 5,2 litros e um supercompressor de 2.65 litros. Tudo isto bem espremido às 7.300 rotações com o redline às 7.500 (deve fazer um barulhinho maravilhoso!) resulta em 760 cavalos e o motor mais potente alguma fez fabricado pela Ford. O binário é de 847 Nm e cumpre o sprint até aos 100 km/h em 3,3 segundos! Num carro com com quase duas toneladas. E demora apenas 10,6 segundos a fazer os 0-160-0! Para isto conta com a ajuda de uma caixa de dupla embraiagem Tremec com 7 velocidades que demora 80 milisegundos a fazer a mudança!
Quanto é que consome? O que é interessa quanto é que consome! Os americanos compram gasolina ao preço da uva mijona! Também é verdade que levam com uma sem chumbo com 87 octanas, que deve ser boa para chegar fogo a uma fogueira e rebentar-te o combustível na mão. Mesmo à american way. Mesmo o combustível premium só tem 93. Mas isso agora não importa, até porque seja qual for o seu consumo, as emissões são bem piores. Tanto que não vem para a Europa, o continente dos finórios. Está mal! Devia fazer-se uma excepção à regra e deixarem vir o primo dos States. Sei lá, dava-se-lhe um visto especial de passeio ou o assim. Só podia andar-se com ele uma semana por mês. “Ah, mas o primo é muito porco e deita lixo para o chão”. Pronto, nós sabemos, mas é família, o que é que se há-de fazer? Também a culpa não é toda dele. Já viste o que lhe dão a beber?
Fotos: Ford