Skoda Felicia Fun: os anos 90 num carro
Não acredito que haja carro que represente mais os anos 90 do que o Skoda Felicia Fun. Uma pickup que era tão despropositada que se calhar até fazia sentido. Pelo menos a avaliar pelas fotografias promocionais fico com essa sensação. Com um público alvo claramente jovem e super buéda fixe, esta pickup tinha tudo aquilo que na nossa cabeça achamos que um carro devia ter, mas os vidros das portas provavelmente eram um extra. Ou então o carro só andava se tivéssemos o braço de fora, não sei.
“Sim, eu tenho o braço de fora.” 
Isto faz todo o sentido. 
“Ya, ter o braço de fora é bué jovem.”
Baseado no Skoda Felicia Pickup, uma variante do hatchback Felicia – o último carro a utilizar uma plataforma Skoda antes de ser adquirida pela Volkswagen – viu sair da fábrica de Vrchlabi a sua primeira unidade em 1995 e manteve a produção até 2000, sendo produzidas mais de 4 mil unidades. Não sei se se lembram, mas eu cheguei a ver uma a ser usada na série de verão dos Morangos com Açúcar. O Pipo a chegar em grande estilo, nada piroso, claro, e a Joana a ficar maluca, claro.
O grande apelo desta variante do Skoda Felicia era o facto de ter uma plataforma de carga bastante grande na traseira e ser possível transformá-la de um dois lugares num quatro lugares, bastando, para isso, “abrir” um compartimento que estava atrás da cabine. Esse compartimento podia ser tapado com uma lona e, mais uma vez olhando para as fotografias promocionais, ninguém conseguia ir lá sentado, Das duas uma: ou era desconfortável ou as pessoas dos anos 90 estavam desejosas de falar umas com as outras. Talvez para perguntar onde é que os rapazes tinham comprado aquelas camisas. Super Fun, portanto,
Sonho! 
Sonho! 
Sonho!
Podia escolher-se dois motores a gasolina e um Diesel, ambos de 4 cilindros. O 1,3 e o 1.6 litros com 67 e 74 cavalos, respectivamente, e o Diesel com o 1.9 litros e 63 cavalos. O 1.6 a gasolina demorava 12,5 segundos até aos 100 km/h e dava uns impressionantes 163 quilómetros por hora de velocidade de ponta, o suficiente para chegar a tempo à nossa juventude. Era um carro marcante, que se fazia ver por onde passava e que despertava em nós – ou pelo menos em mim, que era um pré-adolescente que queria ser buéda fixe – uma certa ânsia em crescer rapidamente para poder ter um carro daqueles e partir à aventura pelas dunas e areais ao som das cassetes de música rock.
Fotos: Skoda; Internet
