O Clio faz 30 anos e eu decidi prestar-lhe uma verdadeira homenagem
O utilitário com maior sucesso no país e um dos mais bem sucedidos de sempre no mundo inteiro, com mais de 15 milhões de unidades vendidas, faz 30 anos. O Renault Clio marcou gerações desde o seu lançamento em 1990 e conseguiu manter vivo o sucesso e carácter do seu antecessor Renault 5. Para o celebrar, escolhi as minhas versões desportivas favoritas dos últimos 30 anos.
Clio Williams – 1993
O incontornável pocket rocket dos anos 90 viu a luz do dia em 1993 para celebrar a continuação do fornecimento de motores Renault de Formula 1 à Williams, pilotada por Damon Hill e Alain Prost. Ainda que da competição não trouxesse praticamente nenhum componente, foi uma excelente jogada de marketing que vinha acompanhada por um dos melhores motores à data: um 2 litros, de 4 cilindros e 16 válvulas, atmosférico, com 150 cavalos e 90% dos 179 Nm de binário disponíveis logo às 2500 rotações, o que lhe dava uma excelente resposta a baixas rotações. Aquele “alto” no capot e as jantes douradas a sobressair na cor “Sports Blue” faziam prever a sua desportividade. Ainda que não tivesse ABS até à sua última versão, era um carro com muito bom comportamento dinâmico e era capaz de atingir os 215 km/h e acelerar até aos 100 km/h em cerca de 7,8 segundos. Números que até nos dias de hoje são muito bons. Era uma edição limitada mas o seu sucesso levou a Renault a fabricar mais.
Clio 16S – 1991
O Clio de produção mais desportivo que se podia comprar (até à chegada do Williams). Era uma espécie de esqueleto para o Williams, já que trazia, por exemplo, o “alto” no capô, e um motor 1.8 litros com 16 válvulas (soupapes, em francês, daí o S) e 137 cavalos, capazes de 208 km/h e 9 segundos até aos 100 km/h. Caso para dizer que era um carro capaz de dar uns bons soupapes à concorrência. Abaixo dele havia, ainda, outra versão desportiva do Clio, com um nome mais sonante: o RSi. Com o mesmo motor 1.8, tinha apenas 110 cavalos mas foi o precursor das versões mais desportivas. Em 1998 houve, também, uma versão experimental eléctrica.
Clio V6 – 2001
Provavelmente o Clio mais louco alguma vez criado – e na minha opinião devia voltar, obviamente – o V6 era o sonho de qualquer amante de carros. Pequeno, motor V6 traseiro e uma carroçaria alargada com umas entradas de ar laterais. Era o mais exótico que havia. Tragam desportivos, superdesportivos, roadsters, não vale a pena. Nenhum tinha a mesma pinta do V6. Parecia aquele jogador de futebol que precisava de ganhar peso e quando começou a época estava tão bem que podia perfeitamente ser modelo de roupa interior. 230 cavalos num V6 com 2.9 litros pode nem parecer muito, mas era o suficiente para precisar de apenas 6,2 segundos até aos 100 à hora e atingir 235 km/h. Isto, aliado à tracção traseira e afinações desportivas do chassis, faziam com que fosse um verdadeiro kit car para as estradas. E a pinta? Já vos falei da pinta?
O RS da altura, que não era uma edição limitada, também não era mau, mas era tão normal que parecia só um Clio. Nada nele dizia que era um bom desportivo. Talvez tenha sido essa a falha.
Clio RS F1 Team R27 – 2007
Com base no último RS atmosférico, antes da chegada do 1,6 litros turbo em 2012, esta versão celebrava o bicampeonato da equipa de Formula 1 da Renault era uma ligeira evolução do RS normal. Tinha uma suspensão e um chassis mais rígidos e, ainda que o motor fosse o mesmo 2 litros de 197 cavalos da versão normal, tinha sido preparado especialmente pela equipa da Renault Sport, a mesma que tratava dos monolugares de F1. Trazia jantes exclusivas, uma opção de cor “Liquid Yellow” e umas baquets Recaro. Com as cavas das rodas ligeiramente alargadas e o difusor traseiro com as saídas de escape “escondidas”, esta versão trazia de volta o espírito de um verdadeiro Clio desportivo.
Futuro
Ainda que o último Clio RS Trophy seja um verdadeiro hot hatch, com o seu motor 4 cilindros, 1,6 litros turbo de 220 cavalos e caixa automática de dupla embraiagem, não consigo dizer que está à altura da sua história. Não em termos dinâmicos, porque é praticamente um carro de corrida para os comuns mortais e comporta-se muito bem, mas não nos transporta para aquele imaginário que, por exemplo, o Williams fazia. Talvez tenha sido o design, ou talvez a falta dele, mas sinto que a Renault está há muitos anos sem nos dar um Clio que seja a soma da sua história e do seu engenho. Talvez com esta nova plataforma os designers e engenheiros consigam trazer a glória novamente a este Clio. Eu ajudo com a receita: um “alto” no capô, cor “Sports Blue”, jantes douradas e motor atmosférico. Ah, e até lhe podem por um pouco de electricidade, que só lhe faz bem. Não têm de quê!
Fotos: Internet/Oficiais