Ontem ninguém os Kia. Hoje, com modelos como o XCeed, a realidade é bem diferente
Esta foi a segunda vez que conduzi o XCeed da Kia e posso dizer-vos que o feedback de quem comigo se cruzou foi tão ou mais positivo do que da primeira vez, quando o guiei num cinzento bem menos apelativo que este Quantum Yellow. Um bonito extra, amarelo, que custa 430 euros mas que transforma por completo as linhas do CUV da família Ceed, da qual fazem parte as mais vulgares carroçarias hatchback e station wagon, bem como a inédita shooting brake ProCeed, talvez o meu preferido de todos os Ceed. Se bem que…
Gosto muito do XCeed. É suficientemente diferente dos seus irmãos para se destacar, mas facilmente identificável como um membro da família. Aliás, com eles, só partilha as portas dianteiras. Um design original, com muita presença, sem ser excessivamente irreverente. Gosto disso. E pela quantidade de olhares indiscretos que motivou e inclusivamente telefonemas de potenciais interessados, acho que a Kia está de parabéns no que ao desenho diz respeito, pois muitos gostaram do que viram, motivando muitas perguntas sobre o desempenho do XCeed neste ensaio.
Passando ao interior, e no caso deste “98-ZG-46”, é impossível passarem despercebidos detalhes como as saídas de ventilação pintadas na mesma cor da carroçaria e o tema hexagonal dos estofos dos bancos. Neles, todos os passageiros viajam em conforto, excepto o passageiro do meio que não é ajudado pelas linhas desportivas do XCeed. No entanto, nos lugares laterais, espaço mais do que adequado para dois adultos de estatura média. À frente, o condutor tem a vida facilitada com o painel de instrumentos integralmente digital e com uma posição de condução bastante convincente, alta relativamente ao solo – o XCeed tem uma altura livre superior, por exemplo, à do Sportage – mas pouco elevada dentro do habitáculo. Se gostas do look SUV e dispensas a posição mais elevada ao volante, este pode muito bem ser o teu próximo carro.
Ao volante, a visibilidade traseira pode até não ser grande coisa devido ao vidro baixo e aos enormes pilares C, mas a condução convence. Sem querer ser um verdadeiro desportivo, o XCeed sabe como responder a utilização mais exigente, mostrando-se ágil e seguro na forma como curva, mas mantendo um bom nível de conforto quando o piso se torna menos simpático. Para isto contribui a afinação correcta do amortecimento, bem como os batentes hidráulicos nos amortecedores dianteiros que lhe dão uma dose adicional de absorção das irregularidades e que compensam, igualmente, os pneus de baixo perfil que este mais potente dos XCeed não dispensa.
Os Continental cumprem a sua função, mas à saída de uma curva mais apertada, com o modo Sport activo e sob forte aceleração, não estão à altura do vigor com que o motor a gasolina 1.4 T-GDi de 140 cavalos responde. A caixa de dupla embraiagem cumpre bem a sua função em condições normais de utilização, mas quando o ritmo aumenta, com um motor e chassis que convidam, a transmissão de sete velocidades fica também um pouco aquém a nível de rapidez. Patilhas no volante não há, mas lembrem-se, estamos perante um CUV, um crossover de cariz familiar e pinta desportiva. Não estamos a bordo de um Ceed GT com motor de 200 cavalos. Esse senhor virá numa outra oportunidade e com ele deverá ser constante o convite a estragar a média de consumo, um valor que, no caso deste ensaio, foi de 7,8 lt/100 km.
O XCeed é mais um bom exemplo do excelente momento que a Kia atravessa e de como os seus produtos estão incrivelmente superiores em termos de oferta e qualidade. A construção é sólida e os materiais do tablier e restante habitáculo agradam. A lista de equipamento deste nível Tech é grande e a garantia de 7 anos ou 150 mil quilómetros um descanso para o condutor. A campanha de 4750 euros de desconto é só mais um argumento entre imensos, neste último formato a integrar a gama Ceed, um nome cada vez mais relevante num segmento de grande importância para a Kia, um símbolo que não pára igualmente de surpreender e cativar um cada vez maior número de condutores. Eu não sei se teria coragem de o comprar em Quantum Yellow, mas que lhe assenta que nem uma luva, disso não há dúvidas. Boa aposta, Kia! A malta adorou!
Fotos: Automotiva