Hyundai Santa Fe 2.2 CRDi 8AT: Tempo de qualidade
Pergunta para queijinho: como é que se conjuga um automóvel com quase 5 metros de comprimento e 2 de largura, de motor 2.2 turbodiesel e caixa automática de 8 velocidades, no quotidiano do casa/trabalho, envolvendo-o nas congestionadas urbes e, também, nas deslocações de lazer, das meras escapadinhas de fim-de-semana às tão desejadas escapadonas de férias? É a longa pergunta que o protagonista deste ensaio – o Hyundai Santa Fe 2.2 CRDi Premium 8AT – irá responder abaixo.
Espaço… muito espaço! É essa a primeira reacção que se tem quando se depara com este crossover sul-coreano, de dimensões consideráveis, e depois quando se abrem as portas e se sobe – o verbo é mesmo esse, “subir” – lá para dentro. É a viatura para ir de férias com amigos até um máximo de 7 convivas, ou família, com 2 crianças e 2 dos avós (tirados à sorte), mais a multitude de materiais associados, se bem que o espaço para bagagem fique inversamente proporcional ao número de viajantes: na configuração de 5 lugares há 547 litros na bagageira, com 7 pessoas fica reduzida a 130 litros, se bem que se possa sempre levar mais umas quantas mochilas algures, pois espaço para pés, pernas e ombros não falta. Só a 3ª fila, cujos bancos se revelam a partir do piso da bagageira, são mais indicados para pessoal de menor estatura, ou crianças.
A ampliar essa sensação de espaço está a enorme área vidrada, em especial do amplo tejadilho panorâmico duplo que, quando fechado conta com os necessários filtros UV e de um ocultador eléctrico, para se evitarem males maiores em cabecinhas mais sensíveis, e que quando aberto, convida a desfrutar do bom tempo e partir para a estrada.
A segunda é: e onde é que cabe? Pois… apesar das múltiplas ajudas à condução embarcadas – dos sensores e radares e da câmara a 360 graus – há sempre que ter em conta alguma boa vontade de todos aqueles que teimam em não facilitar a vida aos demais, como os que têm dificuldades em ler as marcações no piso nas zonas de estacionamento. Mas, com algum jeitinho, este SUV grandote há-de lá caber e, afinal e felizmente, também há estacionamentos em espinha…!
Tecnologias para todos os gostos e utilizadores
Fruto do seu peso de conjunto – 1905 kg em vazio (2.534 kg de peso bruto) – para andar com este Hyundai Santa Fe em cidade há que fazer jus à denominação e ter alguma fé na santa, pois os consumos ressentem-se do constante pára-arranca, apesar do trânsito estar bem mais fluído neste “novo normal” em que passámos a viver. Em auto-estrada é despachadinho q.b. e os anjos da guarda revelam-se em todos os equipamentos de apoio à condução e de segurança (activa e passiva) que integram esta unidade – e eram vários – para fazer face a alguma eventualidade em que tivéssemos de rezar aos santinhos! Felizmente que tudo correu bem, pelo que o SUV Santa Fe ficou-se pela simbologia aposta no portão traseiro, aqui de operação automática.
Mecanicamente conjuga-se um grande motor Diesel de 4 cilindros em linha, com 2,2 litros, 16V, DOHC, com uma caixa automática de 8 relações (e patilhas no volante), não desiludindo a puxar por este conjunto de duas rodas motrizes, sendo que também o há em AWD. Os 200 cv – ou 147 kW, para os mais preciosistas – às 3.800 rpm e um binário de 440 Nm entre as 1.750 e as 2.750 rpm asseguram-lhe uma velocidade máxima de 205 km/h, mais do que suficiente para os gastos. No domínio dos consumos, depois do mesmo me ter sido cedido com uma média registada no computador de bordo acima dos 10 litros, , no mix de utilização que lhe dei, variando entre os 4 modos de condução – ECO, Comfort, Sport e SMART – consegui baixá-la para os 8,0 litros aos 100 km, valor que, com jeitinho, se conseguiria equilibrar um pouco mais, indo mais ao encontro dos valores anunciados pela marca sul-coreana.
A direcção precisa e as restantes ligações à estrada garantem viagens com bastante conforto, comodamente usufruindo-se da qualidade dos bancos em pele, inerentes ao nível de equipamento Premium deste Santa Fe. Com regulação eléctrica e memória, o do condutor ajuda-o a entrar e sair, adaptando-se à situação, mas os restantes também podem regular o seu espaço, o passageiro da frente de um modo eléctrico e em manual para os da segunda fila, onde os bancos são deslizantes, podendo dar-se maior liberdade aos ocupantes da 3ª fila ou aumentar a capacidade da bagageira, área onde até chega o ar condicionado, de regulação independente. O habitáculo tem, assim e na generalidade, excelentes acabamentos, revestindo-se maioritariamente a pele, forrando-se a tecido de qualidade e tendo alguns detalhes em madeira nas portas; são menos bonitas as imitações do metal ou mesmo alguns dos plásticos, mas pronto, também não é por aí!
As informações pertinentes surgem no cluster digital/analógico de fácil leitura e nas projecções no pára-brisas, bem à frente do condutor, a que se juntam, sempre que tal se adequar, os avisos visuais e sonoros dos múltiplos alertas à condução, que o condutor pode gerir em termos de (des)activação e intensidade.
Por falar em som, acompanhou-nos um bastante competente sistema áudio da Krell Automotive, integrando um amplificador premium de 12 canais, com uma saída total de 589 Watts, mais 10 altifalantes estrategicamente colocados a bordo deste SUV de grandes dimensões, parte de um sistema de infoentretenimento mais abrangente, presente numa estrutura flutuante com ecrã táctil de 8 polegadas, também com botões laterais para operação das diversas funcionalidades (navegação, ar condicionado, etc). Para os que, como eu, andam sempre com a bateria do telemóvel nas lonas e que se esquecem do cabo de carregamento em casa, há, felizmente um tapete para carregamento de smartphones em modo wireless, deixando as portas USB para outras necessidades, tal como uma inesperada tomada doméstica, colocada na secção traseira da consola entre os bancos.
Poder de atracção em formato XXL
Chegamos, agora, àquela parte subjectiva, em que uns gostam e outros nem tanto: o impacto visual. Independentemente do que se diga, o design é um dos factores de compra de uma viatura e conquistar clientes com um automóvel destas dimensões (C: 4,77 x L: 1,89 x A: 1,68 metros, para uma distância entre eixos de 2,765 metros) – proposta que, por si só, já estreita o número de potenciais adquirentes – há que ter um bom poder de atracção. E não é que este Hyundai Santa Fe 2.2 CRDi Premium 8AT até o tem? Senão vejamos!
Visto de frente soma pontos, numa estrutura inegavelmente imponente com uns ares de modernaço, dando 10 a 0… – vá… 10 a 2 ou 3… – a muitos dos seus concorrentes, assim do tipo pãozinho sem sal e que custam os olhos da cara, só pela simbologia que lhes está associada! Para tal ajudam a conjugação entre os grupos ópticos multi-patamar e a grelha, imponente, de assinatura. A parte de trás faz eco da secção frontal, apresentando linhas elegantes, numa proposta que observada de lado se mostra muito equilibrada face às dimensões da viatura, fruto não só da ampla superfície vidrada, contribuindo para a enorme iluminação interior, e encimada pelas longas barras de tejadilho em metal escovado, como porque conta com umas imponentes jantes de 19 polegadas e pneus 235/55, em conjunto com o rebordo contrastante das cavas das rodas e embaladeira.
Claro que o tom ‘Horizon Red’ que reveste esta unidade ajuda e muito, restando-me agradecer ao Departamento de Relações Públicas da Hyundai por se ter demarcado, com estilo, da inesgotável tendência cinza (ou de outras cores mais escuras) que, habitualmente, é usada neste tipo de viaturas. “Ah… mas um dia vai ser mais difícil vender-se um carro com essa cor” – dizem-me. Não quero saber… eu gosto e pronto! Afinal, só eu sei das contas do meu rosário!
À venda por menos 8.000 € e com garantia extra!
Assim, tudo somado e juntando os 520 euros inerente a este tom quase vermelho tijolo, o maior dos SUV da Hyundai fica, nesta altura, em 51.940 euros, sendo de destacar o abate de 8.000 euros face ao que seria normal, decorrente de uma campanha que está em vigor (nota: valores sem despesas de legalização e transporte) a que se somam 7 anos de garantia sem limite de quilometragem.
Tendo em conta que a próxima geração do modelo estará aí a chegar, prevendo-se que lá mais para o final do ano haja novidades, os que não tiverem aquela necessidade de ter sempre a última tecnologia do mercado poderão, assim, aproveitar esta benesse e sair de um stand da Hyundai com um excelente automóvel, bem equipado e construído, para usufruir de um tempo de qualidade, percebida e real. Uns pequeninos senãos, deste e do próximo Santa Fé: por cá pagam sempre Classe 2 nas portagens das AE e, com esta configuração mecânica, são 259,49 € anuais de IUC. Pois é… alguns santos da casa ainda não fazem este tipo de milagres!
Fotografia: Automotiva