O fantástico Opel Manta: 50 anos e mais de 1 milhão de unidades produzidas
Foi em 1969 que George Gallion começou a trabalhar naquele que seria o “mustang alemão”, o Opel Manta.
Em 1970, saiu da fábrica de Antuérpia o primeiro Opel Manta e, com ele, um modelo que ia contar mais de 1 milhão de histórias. Mas comecemos pela primeira. É verdade que dar nomes de animais aos carros era moda naquela época. Lembramo-nos logo do Ford Mustang e do Corvette Stingray, do VW Beetle e dos Jaguar (sim, é marca, mas conta na mesma).
Infelizmente, isso já se perdeu. Agora, preferem-se números e letras e um ou outro nome que até carrega significado, mas, animais, já quase não há nenhum. Uma pena, diria eu, porque de certa forma, os carros, tal como os animais, têm personalidade. São máquinas que construímos para transportar pessoas e objectos, mas têm quase uma natureza própria. Há 50 anos tinham muito mais, não há dúvida nenhuma. Cada vez mais estão a perder essas características – e ainda bem – e a dar lugar a segurança e sistemas que nos permitam ter experiências de condução que, apesar de mais desligadas, são muitíssimo mais seguras e previsíveis. Dá-me pena, é claro, mas prefiro… desde que façam, de vez em quando, um ou outro mais emocionante.
O início
Em 1969, o designer George Gallion foi a Paris juntar-se ao biólogo marinho Jacques Cousteau para ver algumas fotografias de mantas que a equipa deste tinha captado. Várias horas depois, encontrou uma que captou a sua atenção. Uma gigantesca raia-manta fotografada de baixo contra a superfície brilhante do mar. Esse tornou-se, então, o emblema do carro. Cromado, colocado nos guarda-lamas dianteiros. Já não se fazem emblemas com esta pinta.
Ao nível das motorizações, a primeira geração do Manta (Manta A) vinha com um motor 1.2 litros de 60 cavalos. Não é muito, mas este coupé de duas portas recebeu, depois, o nível de equipamento Berlinetta, com um volante desportivo, vidro traseiro aquecido, faróis de halogénio e tejadilho em vinil. Dois anos depois, em 74, surge a versão GT/E, com um motor de 4 cilindros e 1.9 litros de cilindrada e injecção electrónica Bosch e 105 cavalos de potência, um aumento significativo em relação aos singelos 60 cavalos do pequeno 1.2 litros. Em 1975 chegou a última versão da primeira geração e, com ela, uma edição especial “Black Magic” – só o nome já ganhou – com o mesmo motor do GT/E e uma pintura preta com listas cor de laranja nas laterais.
Esta primeira geração vendeu mais de 56 mil unidades só no primeiro ano e, ao longo de 5, totalizou quase meio milhão!
13 anos de sucesso
Em 1975 surge a segunda geração do Manta (Manta B) e, com ela, um recorde de permanência sem alterações para um modelo da Opel em 120 anos de história. Foram 13 anos durante os quais o Manta B não sofreu nenhuma alteração. O sucesso do modelo, apesar de ser vendido mais devagar, fez com que, no total, se produzissem 557.940 unidades. A segunda geração trazia duas variantes da carroçaria: um coupé tradicional, com uma abertura de bagageira normal e um coupé hatchback, com um grande portão traseiro. Ao longo dos anos teve 14 versões de motores de 4 cilindros, mas as duas que mais interessam, naturalmente, são a “GSi” e a “400”, a mais potente da gama.
Não, infelizmente, o nome 400 nada tinha a ver com a potência, mas, antes, com o números de carros produzidos para poder homologar o carro para participar nas corridas do “Group 4” da FIA, que era nada mais, nada menos, que o antecessor do fabuloso e famigerado “Group B” de rali.
O GSi tinha o mesmo motor do GT/E mas com a cilindrada aumentada para 2 litros, o que dava para 110 cavalos. O GSi e o GSi Exclusiv, os topos de gama do Manta, eram produzidas pela preparador Irmscher. Já o 400 tinha um motor 4 cilindros de 2.4 litros com dupla árvore de cames à cabeça (DOHC) e 16 válvulas capaz de 144 cavalos e um kit estético capaz de envergonhar os mais modernos desportivos. Em 1984 venceu o Rally Paris-Dakar na categoria de tracção a duas rodas e ficaram em 4º lugar na geral, atrás de 3 veículos com tracção integral. Máquina? Máquina era pouco. Era ter um destes na Garagem, se faz favor.
Fotos: Oficiais