Nissan Juke. Agora sim, tens piada e levo-te a sério
Como está diferente o Nissan Juke. Nunca conduzi a primeira geração, sobre a qual sempre ouvi e li feedback muito positivo. Um SUV que sabia ser divertido na condução. Isso para mim vale muitos pontos, porque a condução é uma necessidade diária de quase todos nós e algo que, mesmo nos percursos mais repetitivos e desinteressantes, deve ser uma experiência minimamente recompensadora. E isto até para o mais desligado e frio dos condutores.
Aplaudo a Nissan por se ter esforçado nesse sentido, mas sempre que vejo um na estrada não aguento o choque. E digo “choque” porque simplesmente nunca o aceitei. Para mim, o Juke sempre foi o Joke, pois sempre pensei que era uma piada de mau gosto dos nossos amigos japoneses. Agora não, claramente. Agora que tem mesmo muita piada não é nenhuma “joke”, é um SUV para ser levado muito a sério. Mantendo a irreverência do design como prioridade, este novo Juke dá 10 a 0 ao primeiro. Isto na minha opinião que “vale o que vale”. Achei bem admiti-lo já e assumir que se antigamente não conseguia olhar para ele, agora é-me difícil tirar-lhe os olhos de cima. Continua diferente, com muita identidade, mas sem chocar. E ainda não chegámos à melhor parte…
Sim, ao volante, continua muito divertido. Gosto da posição de condução e dos bancos. Gosto também da agilidade, com uma direcção rápida e trajectórias precisas graças a um amortecimento que não permite grandes movimentos da carroçaria, bem como à muita quantidade de borracha que garante muita aderência quando abusamos. Mas se a tem muita em largura, não a tem em altura, e com um perfil tão baixo a cobrir as jantes de 19 polegadas, este Juke nem sempre consegue esconder a dureza da sua suspensão. Diria que optar por jantes de medida inferior com pneus de maior perfil é a escolha certa, pois não só beneficiaria o conforto, bem como em quase nada prejudicaria o excelente comportamento do novo Juke.
Se estás interessado, a Nissan facilita-te a escolha do motor, pois esta segunda interpretação do seu SUV urbano esqueceu o Diesel e focou-se num único motor 1.0 Turbo, a gasolina, com 117 cavalos. E isso é bom. É um motor muito competente, enérgico e bem ajustado ao corpo do Juke. Este só não tem um desempenho ainda melhor devido à transmissão automática deste nosso Juke de ensaio. As patilhas no volante são uma mais-valia se nos quisermos mesmo divertir e nesses momentos, mesmo não sendo particularmente rápida, o seu funcionamento é adequado. No entanto, em condução tranquila, falta-lhe suavidade nos arranques e transições, piorando a situação na hora de manobrar ou estacionar. Os modos de condução são três: Eco, Standard e Sport. Gostámos mais do último, claro, mas foi com o primeiro que conseguimos a boa média final de 6,8 lt/100 km.
Se o design exterior está muitíssimo bom, o do habitáculo não fica atrás. A qualidade de construção convence e a utilização intensiva de camurça/Alcantara no tablier e portas contribuem para uma maior sensação premium, bem como dão um toque ainda mais desportivo ao ambiente a bordo. O sistema de som da Bose com altifalantes nos encostos de cabeça dianteiros são garantia de uma experiência sonora original e envolvente e relativamente ao infotainment apenas se lamenta que este não esteja ligeiramente orientado para o condutor para facilitar a sua leitura, mesmo que isso estragasse um pouco o efeito de simetria conseguido pelas três saídas de ar centrais.
O espaço atrás, como é habitual no seu segmento, não é aconselhável para três passageiros, mas não ser aconselhável é diferente de ser impossível. Com algum contacto de braços e pernas, que de momento se desaconselha, dá para lá arrumar três amigos (ou amigas, claro). O espaço para pernas também convenceu e apenas pessoas com mais de 1,8 metros de altura se poderão queixar da falta de espaço para a cabeça. A mala possui um fundo amovível, ideal para funcionar como alçapão para esconder alguns objectos e que permite também que o rebatimento do encosto do banco traseiro crie um plano de carga sem interrupções, útil na hora de carregar volumes mais pesados.
Gostaste? Compra! Este é um SUV com muita personalidade, com um bom motor, um interior muito original, bem construído e equipado, e agora até tem uma mala capaz de responder melhor às necessidades de uma pequena família ou para levar tudo aquilo de que não vais precisar nas férias. Eu sei que lhe assentam bem, mas deixa as jantes de 19 polegadas no concessionário. Ainda mais importante: compra com caixa manual. Era o que eu faria. Gostei mesmo muito do novo Juke. A única coisa de que não gostei, a caixa automática, resolve-se facilmente no configurador e a conta final ainda fica mais pequena. Bom trabalho, Nissan.