Citroën no WRC? Ainda não, mas a Pirelli sim!
Em vésperas de uma (re)nova(da) fase do Mundial de Ralis (vulgo WRC), que vai ter novidades regulamentares já em 2021, entre elas a denominação das diferentes categorias de veículos, há um regresso à mais alta esfera das provas de estrada: o da Pirelli. Mercê de um acordo exclusivo estabelecido com a FIA, por um período de 4 anos, a marca italiana reforça a sua presença no WRC, passando a fornecer as equipas oficiais do escalão maior (Rally 1), do até aqui WRC2 (Rally 2) e do patamar Junior WRC, complementando a exclusividade que tem, desde 2011, com a Fórmula 1.
Sublinhando a excelência dos mais de 110 anos no motorsport mundial, esse regresso já está a ser preparado, mais ou menos a meias com a Citroën, a quem a marca italiana de borrachas e afins cedeu pelo menos um C3 WRC, uma das viaturas que a Citroën Racing desenvolveu até ao final do ano passado, antes de suspender a sua participação no patamar máximo da disciplina. O regresso do double chevron parece não estar nos planos mais imediatos da marca, embora no desporto automóvel, como noutros domínios, “nunca” é uma palavra que, por vezes, tem pouca utilidade ou prazo de validade!
Quanto à Pirelli, a marca já realizou pelo menos dois testes, um em terra e outro em asfalto, para completar novo desenvolvimento de duas das suas borrachas, os amplamente versáteis Scorpion K e P Zero RA. A dupla sessão, de 200 quilómetros por dia (acima da média diária de uma etapa de um rali do WRC), decorreu por terras da Sardenha e contou com a experiente dupla norueguesa Andreas Mikkelsen / Anders Jaeger, eles próprios ex-pilotos oficiais da Citroën e da Hyundai. Aos comandos de um C3 WRC, em que o enorme logo Pirelli contrastava com o fundo preto, andaram para cá e para lá sob o olhar atento de Terenzio Testoni, responsável de actividades da Pirelli nos ralis.
Mas como nem só de terra e asfalto vive o WRC, em complemento, a Pirelli tem em avançado estádio de desenvolvimento outros produtos, como os Sottozero Snow para ralis de neve, como Monte Carlo (em versões com e sem pregos), ou os específicos Sottozero Ice J1, especialmente desenhados para as especiais do Rali da Suécia.
Para assistir a parte do teste realizado naquela que é segunda maior das ilhas italianas, clique aqui.
Em busca do marco da vitória nº 200
Presente nos ralis desde 1973, a Pirelli soma no seu palmarés um total de 25 ceptros mundiais e um total de 181 vitórias em ralis do WRC, alguns deles conquistados aquando da mais recente tranche de 3 anos em que foi fornecedora exclusiva do Campeonato do Mundo (entre 2008 e 2010).
Já a primeira vitória da marca foi conquistada em 1973 por Achim Warmbold / Jean Todt (nota: este é hoje responsável máximo da FIA), no Rali dos Alpes Austríacos, aos comandos de um BMW 2002tii; a mais recente vitória foi alcançada com a ajuda de Sébastien Loeb / Daniel Elena, no Rali de Gales/GB de 2010, na sua corrida ao título desse ano, aos comandos do Citroën C4 WRC oficial.
Uma curiosidade: o pneu Pirelli P Zero foi um produto desenvolvido para equipar os Delta S4 oficiais da equipa Lancia Martini Racing, uma das bestas do extinto Grupo B. O conjunto – pneu e carro – fez a sua estreia oficial no Rally RAC de 1985, numa associação que se prolongou no tempo, transitando depois para outras equipas e categorias de motorsport, bem como para a estrada, passando a representar a imagem de marca da Pirelli no mercado dos pneus.
Regressando ao presente, a Pirelli é quem abastece as equipas oficiais das sub-categorias WRC2 e Junior WRC, fazendo-o desde 2018, aproveitando esse terreno de jogo para analisar e desenvolver novos produtos, não só para os ralis, como ainda para outros usos, incluindo pneus de estrada para veículos de diferentes segmentos, qual laboratório em mundo real.
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Resta, agora, aguardar pelo início do próximo ano para auscultar as reacções das equipas oficiais – Toyota, Hyundai e M-Sport/Ford, entre outras – que entretanto hão-de ter acesso aos seus produtos quase finais para 2021, para que possam desenvolver os set-ups adequados às suas montadas.
Há, também, que esperar pelos novos desenvolvimentos que o próprio WRC deverá ter, nos mais diversos domínios (calendário, países, equipas, regulamentos etc), antes da esperada – e entretanto adiada – transição para as viaturas híbridas de ralis e, um dia, para o conceito 100% a electricidade! Uma coisa é certa: nada vai ser como antes!
Fotos: Oficiais / Pirelli, Red Bull, Girardo & Co