500 e 12 Volts: o ícone da FIAT electrificou-se
Foram imensas as pessoas que se cruzaram comigo e me disseram: “epá, ó João, hoje andas com um carro de senhora!”. “Como disse? Não percebi…” Isto porque, simplesmente, não concordo. Uma coisa é o sexo feminino ser fã do FIAT 500 do século XXI, outra é este ser apenas e só um carro a ele apontado. Admito, igualmente, que a probabilidade de me cruzar com um FIAT 500 e este ter uma cara bonita ao volante é grande, mas não, não o considero um carro feminino. É sim uma excelente reinterpretação do conceito apresentado em 1957, desta vez assinado por Frank Stephenson e que, nas palavras do próprio, com as quais também concordo em certa parte, salvou a FIAT numa altura crítica da sua história, em que estava necessitada de um verdadeiro best seller que assegurasse a sua saúde financeira e futuro. E assim foi, com recordes de vendas anuais a serem batidos mais de uma década depois do seu lançamento.
Para conhecer de perto este novo Launch Edition do 500, com propulsor mild hybrid, a FIAT cedeu-nos este belíssimo cabrio Verde Gota de Orvalho, uma combinação de cor e estilo perfeita para o fim-de-semana quente que enfrentámos, constantemente a pedir “capota para baixo”, convite a que não resisti várias vezes. Ao volante, foi imediata a boa sensação de reviver a experiência de condução do 500, fácil, ágil, divertida e, principalmente, diferente. Sou fã, assumido, do design do 500 e da sua condução. Com a chegada deste novo 1.0 litros tricilíndrico de 70 cavalos da família FireFly, sai de cena um nome histórico das motorizações FIAT, o motor FIRE 1.2 litros que tem equipado o 500. O novo motor, associado a um motor/gerador eléctrico, consegue assim novos e mais eficientes registos de consumo e emissões graças à energia recuperada durante as desacelerações e travagens que é depois utilizada ao acelerarmos. Durante o nosso fim-de-semana a bordo do 500, e depois de percorridos cerca de 250 quilómetros, a média final foi de 5,2 litros/100 km.
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O motor elétrico contribui com algum pulmão extra para as acelerações, mas não se esperem arranques fulminantes. E ainda bem. Este é não o espírito do FIAT 500. Anda o que tem de andar, com a rapidez possível que é, na verdade, a adequada. O pequeno mil é bastante silencioso a baixos e médios regimes, mas mostra-se quando por ele puxamos, através da caixa de 6 velocidades logo ali ao lado do volante e de tacto certo, com aquele sonzinho típico dos motores de três cilindros, dando-lhe carácter e personalidade. Parece que até o consigo ouvir a ser espremido pelas ruelas de Turim, conduzido com estilo, efusivamente, por alguém a gesticular pela janela, após a queda do verde, como que a dizer: “já foste!”. Mas para além dessa genica para o ambiente urbano, o 500 Hybrid tem outros truques escondidos graças ao circuito eléctrico auxiliar de 12 Volts. A baixa velocidade, se o pequeno FIAT assim o entender, surge no painel de instrumentos um “N” que nos sugere colocar o carro em ponto morto e deixá-lo a rolar, livremente. O motor térmico cala-se e a alimentação eléctrica é assegurada pelo circuito secundário.
Como acima referi, gosto muito do FIAT 500. É o carro perfeito para muitas das nossas necessidades diárias sobre quatro rodas. Gasta pouco, é fácil de conduzir e de estacionar, é incrivelmente confortável para um carro tão leve, é bem equipado e, acima de tudo, na minha opinião, é giro que se farta. Gosto de carros rápidos e desportivos. Gosto por isso, e muito, dos Abarth 500, com toda a sua potência e look racing, mas se pudesse escolher um 500 para mim, seria algo assim, com menos potência, menos vistoso mas incrivelmente apelativo, muito mais 500, muito mais Itália nos anos 60. Também muito mais que mais um novo híbrido, este 500 é um futuro clássico inspirado num outro, um ícone, um pilar da FIAT e da história do automóvel. Carro de senhora? Nem pensar. É sim, um carro para toda a gente: mulheres, homens, velhos e novos, ricos e não ricos. Quero um só para mim, mas isso são outros 500.
Consulta aqui a ficha do FIAT 500C Hybrid.
