Aos 40 anos, o FIAT Panda é, muito provavelmente, o melhor citadino do mercado
Nunca tinha conduzido um FIAT Panda. Uma enorme falha, bem sei, agora eliminada graças a este “AA02ZC” com que passei um simpático fim-de-semana. Sempre tive pelo Panda um grande carinho, porque mesmo sendo um estranho no meu histórico de condução, cá por casa passou um SEAT Marbella, o primo espanhol com que partilhou as estradas por vários anos. E cada vez que me cruzo com um ou outro, mais vontade tenho de cometer uma loucura. Não precisa de ser um 4×4 italiano ou um Troféu do espanhol. Basta um, qualquer um. Com aquela silhueta que não engana ninguém.
Já o disse antes e volto a afirmá-lo: adoro carros pequenos. Só por isso a expectativa de passar uns dias com o novo Panda Hybrid era enorme. Simpatizo muito com os citadinos, com o chamado segmento A. São os carros ideiais para 90% das vezes que os usamos. O espaço livre, maior conforto e potência dão muito jeito nas férias, nas longas viagens ou quando queremos, simplesmente, conduzir com um pouco mais de emoção. Para os restantes dias do ano, um citadino serviria bem a muitas pessoas. E no caso do Panda, as limitações não são assim tão grandes.
A entrada nos “entas” do mítico nome italiano coincide com a chegada desta versão mild hybrid que estreia igualmente o motor 1.0 FireFly com 70 cavalos de potência. Pouca? Não. Simplesmente a adequada e mais do dobro do original Panda 30. É o motor certo para este tipo de proposta, compacto, leve e poupado. Deu-se a conhecer à Garagem no ensaio ao 500C e voltou a deixar boas impressões graças a uma média final de 5,5 litros/100 km. A velocidade máxima de 155 km/h chega bem e os 14,7 segundos que demora a chegar aos 100 km/h fazem parte do charme de guiar um citadino, mais ainda se se tratar de um italiano. Mas alguém quer saber destes números num carro como este?
Só mesmo uma marca como a FIAT pode dar-se ao luxo de ter duas propostas como o Panda e o 500 na sua gama. Tão diferentes e tão idênticos, uma rivalidade interna e amistosa que tem dado os seus frutos à casa italiana, sendo ambos brilhantes e, na verdade, enormes best sellers. O 500, por um lado, aposta numa inegável herança de design do original de 1957, um exercício de estilo, um acessório, uma extensão da personalidade de cada condutor e o Panda, um quase minúsculo familiar, mais espaçoso e versátil, com uma superior liberdade de utilização, especialmente nesta versão Cross, mas a cuja imagem é também impossível ficar indiferente.
Não tem um infotainment “último grito”, mas tem um suporte excelente para o smartphone bem como a indispensável entrada USB. Tem uma bagageira que não envergonha ninguém e uma combinação de altura ao solo, suspensão e pneus que lhe permitem proporcionar um nível de conforto bastante bom, considerando o segmento. Tem ar condicionado, bancos com material reciclável muito confortáveis e a caixa de seis velocidades é um mimo de se utilizar. E o melhor de tudo está no tejadilho, as barras que convidam à colocação das bicicletas ou da tenda de campismo para partirmos à aventura. A piada pode até já estar gasta, mas este é mesmo um carro “P’andar”, e para bem longe se assim o quisermos.