Mitsubishi L200 Strakar: mantém-se para toda a obra, mas com mais estilo
Para quem não a conhece, a Mitsubishi L200 é uma pick-up japonesa que concorre com todas as outras pick-ups japonesas. Sim, não sei bem porquê, mas os japoneses já andam a fazer estas pick-ups desde o tempo dos nossos avós. A L200 viu o nascer do dia em 1978. Disse pick-up três vezes – quatro, com esta – em duas frases. Vou dizer que é um record.
Passei uns dias com a Mitsubishi L200 Strakar, na sua versão de cabine dupla, de 4 portas e 5 lugares, e posso dizer que continua a ser um verdadeiro tractor para todo o tipo de obra. Só que bastante mais moderna e estilosa. Até deu para ir passear e comer um “sushizinho”. Não me livrei dos olhares – especialmente dos “trolhas” – mas que tem pinta, tem.
“À Patrão”
Sábado de manhã, uma pessoa acorda mais tarde, vai fazer o seu treino e tal, e quando dá conta já é hora de almoçar. Ora, existe quem não consiga comer nada sem ter tomado o pequeno-almoço antes. “Ai, eu não consigo comer nada sem ter tomado o pequeno-almoço antes!”. Eu não sou dessas pessoas, mas também sou parvo. Tanto vão umas tostas de ovo e abacate às 14h como uma pizza às 10h30. Neste dia apeteceu-me um sushi, assim à patrão. Palavra que acompanha muito bem esta Mitsubishi L200 Strakar. Não por ser luxuosa ou termos o hábito de achar que os patrões gostam de andar bem montados, mas porque esta pick-up é um pau para toda a obra. Até porque é muito usual vermo-las nessa profissão. Mais sujas e gastas, é certo, – e brancas, que é mais barato – mas lá estão elas. Acredito que para aí uns 70% dos compradores desta pick-up seja para a usarem “na obra”. Os restantes 30% deve ser para andarem na lezíria, a apanhar azeitona ou arroz (eu não sei muito bem o que há na lezíria, como estão a perceber, mas que há pick-ups, isso tenho a certeza).
Decidi ir à LX Factory, em Alcântara. Estava muito bom tempo e é uma zona pacata, para aí um dia por mês. Não era esse dia. Estava a abarrotar! Turistas. Turistas por todo o lado. E lá no país deles não deve haver regras de trânsito nem passeios, porque andam todos pela estrada. E depois ficam muito espantados quando os carros lhes aparecem por trás. O quê? Um carro? Numa estrada? Estes portugueses são mesmo loucos.
Plateia
Para ajudar à festa, havia obras. Claro! No dia em que não houver uma única obra em Lisboa… isso nunca vai acontecer, por isso continuemos com a história. Para o ensaio da L200 isso até deu jeito. Não para pôr à prova as sua capacidades de carga e o meu jargão de trolha, mas, antes, para apreciar o quanto os trabalhadores da construção civil se babam por uma pick-up destas. Novinha em folha, ali, prontinha a levar com uns salpicos de cimento e umas boas sacas de areia. Hein? Ali, toda… toda de caixa aberta, pronta para ser carregada de tijolos. Até babavam.
Ficaram uns três a olhar para ela. Um até tirou da cabeça o chapéu que não tinha. E eu todo orgulhoso. A sentir-me super homem, por estar a conduzir uma pick-up espectacular, novinha em folha, que não é minha. Ah, o prazer do efémero. Surpreendeu pela positiva no consumo, a conseguir uns 7,7 l/100 km em circuito misto, o que está abaixo do anunciado. Em cidade, esqueçam, mais vale alimentar um burro a pão de ló (também nunca percebi este ditado, até porque o pão de ló deve fazer mal ao burro). Tração 4×4 com selector de modos especial, se nos quisermos aventurar por terrenos sinuosos e variados. Para off-road esta é excelente. Bons ângulos de ataque e saída e de inclinação lateral para as subidas e traçados mais sinuosos.
Ela balança mas não cai
Há qualquer coisa nos automóveis cuja entrada tenha de ser feita com um degrau e uma pega e se diga “subir” em vez de “entrar” que atrai as pessoas. Isso e rodar a chave na ignição e sentir o carro a abanar. E a desligar também; talvez, até, mais ainda. Abana toda. Adoro! Ahhh! A verdade é que andar num bicho destes sem ser, efectivamente, para trabalhar, é estúpido. Mas é divertido até dizer chega! Motor 2.3 litros a gasóleo, com 150 cavalos e 400 Nm de binário. Não é tão grande quanto os motores das pick-ups americanas, mas faz aquele matraquear característicos das betoneiras, sabes? Adoro.
Eu acho que as marcas fazem de propósito. Uma pick-up que não tenha este som e abanar característico passa a ideia de que não é boa para trabalhar. Esta tem isso tudo e a robustez que se pede a uma verdadeira máquina de trabalho. Por um preço a partir de 23.700€, na sua versão mais “despida”, não está nada mal. Esta que testei, custa cerca de 34.000€ e tem tudo. Câmara traseira, sistema de som hi-fi com 8 altifalantes, bancos eléctricos, sistema de infoentretenimento com touchscreen bastante eficaz, faróis LED, caixa de arrumação com fechadura na “caixota” traseira, entre outras coisas. Vale bem o preço, se for para ser utilizada como é suposto: uma óptima ferramenta de trabalho que não te vai deixar ficar mal… e ainda por cima tem pinta.