Alfa Romeo Stelvio Quadrifoglio: ele não devia conseguir e eu não devia gostar
A minha paixão pelo Alfa Romeo Giulia, em especial pelo Quadrifoglio de 510 cavalos, é assumida. Assumo que é assumida e tenho gosto nisso. Acho-o um carro lindíssimo, em cor de salmão, às bolinhas, com motor Diesel 1.2 de três cilindros e com jantes de 15 polegadas ou tampões de plástico a tapá-las. Perdoem-me a sinceridade, mas basicamente é isto. Por outro lado, já assumi também várias vezes que o fenómeno SUV me passa um pouco ao lado. Aliás, não passa porque é inevitável passar, de uma forma ou de outra, pelas nossas vidas. Estão por todo o lado, de todos os tamanhos, feitios, segmentos e preços.
Mas mesmo passando-me, de uma forma geral, ao lado, há alguns SUV de que gosto mesmo. Gosto de alguns britânicos muito icónicos e também de uns nórdicos muito seguros. Acrescentam algo ao modelo base, seja em estilo, liberdade para sair de estrada ou em versatilidade. Mas os italianos têm sempre uma maneira especial de fazer as coisas, seja lá o que isso for e, neste caso, a “coisa” é um SUV. Assim, no pequeno grupo destes modelos de que gosto mesmo, o Stelvio é um dos que se destaca. Não porque o prefira a um Giulia mas porque é um dos SUV mais bonitos do mercado. Continuava a comprar, se pudesse, a berlina (e se ela ficava bem ao lado da minha Giulietta), mas percebo quem opte pelo Stelvio. Isto dentro da oferta da Alfa Romeo, porque considerando o que se vê por aí a passar deste segmento, não entendo como não se vêem mais italianas como esta a desfilar na passerelle de alcatrão.
Mas o que me choca mesmo, por ser tão contraditório, é apostar em carroçarias SUV para desenvolver versões mais eficientes ou, por oposição, desportivas. É, desde logo, sinónimo de mais trabalho para as marcas. A altura superior prejudica não só a aerodinâmica como também o comportamento e, à partida, nunca funcionará tão bem quanto numa berlina, por exemplo. “Mas a malta pede e as marcas dão”, aquela frase que teimo em repetir, mas que é, simplesmente, verdade. São assim muitos os SUV híbridos com jantes gigantes e os SUV desportivos pesados e enormes. O Stelvio também é grande e pesado, e por isso custa-me aceitar que ele consiga fazer o que faz. E com a facilidade com que o faz.
“Mas o que faz ele de tão especial?”, perguntam vocês. Para começar, faz @isaactamente – já agora, sigam-me no Instagram – aquilo que a Alfa Romeo diz. Despacha o sprint de 0 a 100 km/h em 3,8 segundos. Três vírgula oito, meus caros. Relembro que o Stelvio pesa mais de 1800 kg. Aliás pesava mais de 2 toneladas quando usei o cronómetro do infotainment para registar 4,1 segundos num arranque que fiz, pois iam três pessoas a bordo. Depois há a questão da velocidade máxima que, obviamente, não comprovei. Nem preciso de o fazer. São 283 km/h. Mais do que um SUV veloz, o Stelvio é a escultura mais rápida que conheço.
Mas para além dos números, são as sensações, puras e duras, de um verdadeiro desportivo, emocionante, viciante e proibido. Principalmente se seleccionado o modo Race, o modo de que, na verdade, importa falar. Não que os outros sejam desnecessários. Nada disso. Ainda bem que lá estão para a condução dita, neste caso, anormal. Porque o que o Quadrifoglio considera normal é andar depressa e para isso, Race com ele. Não é fácil descrever o momento que se pisa a fundo o acelerador e em que passamos à relação seguinte para continuarmos pressionados contra o banco, tal o vigor com que o motor puxa o Stelvio para a frente. E o som do escape? Não vou falar disso. Desculpem-me.
É um SUV, é certo. Algo que, para fanáticos, puristas e, por vezes, também um pouco dinossauros, como eu, é algo difícil de aceitar para um automóvel que se quer o mais dinâmico possível, baixo, leve e assim, rápido a acelerar, travar e curvar. Mas o Stelvio faz isso tudo, independentemente de ser um SUV volumoso e musculado. Não conheço a sua concorrência directa, é verdade, e assim não os posso comparar. Mas considerando o que senti enquanto o conduzi, enquanto o vi, imóvel, a levar com o Sol, já baixo, de um final de tarde no Guincho, nem sequer tenho vontade de conhecer os seus rivais. Ainda bem que existe o Giulia ou tinha mesmo que aceitar que o meu automóvel preferido do momento era um SUV.
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