5 coisas que não suporto nos automóveis modernos
Adoro automóveis. Não sei se já tinham reparado, mas adoro. Como tal, se os adoro, é muito fácil encontrar coisas neles de que não gosto, soluções ou modas que não aprovo. Reconheço que não gosto de demasiada tecnologia de uma só vez. Gosto do progresso, mas prefiro-o por fases. De forma a poder desfrutar do presente, habituando-me, sem me chocar perante o que inevitavelmente aí vem. É difícil, bem sei. Basta ver a electrificação, algo a que, enquanto purista, também me terei que habituar. E admito, já estou a ver os híbridos de outra forma. E já não me arrepio, como um recém-nascido a quem dão limão à boca, de cada vez que conduzo um eléctrico. Estou mudado, estou diferente. Não sei se para melhor, mas diferente. Mas se conduzir um eléctrico já não me faz procurar o consolo de um ente querido, há pelo menos cinco coisas nos automóveis modernos que o fazem. Ei-las, aqui em baixo.
Pneu suplente invisível
Ter um furo num pneu é chato. Mas mais chato é ter um compressor de ar para ligar no sítio do isqueiro e encher com ele um pneu furado ou ter uma espuma especial, amiga do ambiente, certamente, que só podemos usar uma vez para substituir o ar que se quer escapar. Simplifiquemos: ter um pneu suplente invisível pode dar mais 20 litros de volume na mala e sempre dá para mais dois garrafões de azeite e um saco de batatas no regresso das férias. Mas o que quero é chegar a casa. Por isso, por favor, regressemos à roda, essa grande invenção, descoberta ou como lhe queiram chamar. Em versão visível, de forma a que possamos, sei lá, colocar na cava da roda, apertar os pernos e seguir viagem sem ser em cima de uma Mitsubishi Canter com rotativas laranja.
Saídas de escape “It is I, Leclerc”
Pior que colocar saídas de escape num eléctrico, algo que é, à partida, um disparate assumido, é colocar saídas de escape falsas à frente de saídas de escape funcionais em carros com motor de combustão. Porquê, indústria automóvel? Quem é que se lembrou disso? É pior que bocejar em público, porque essa moda assustadora pegou a uma velocidade incrível. Sugestão: eléctricos sem saídas para gases de escape, carros com motores de combustão com saídas à vista ou escondidas, mas sem os “cromadinhos” para enganar. Se a moda pega ainda desatam a pôr dois volantes à frente do condutor. O primeiro só para o “cenário”, o segundo para virar as rodas. Deixem-se disso, por favor. Só o aceito no bigode do vendedor de cebolas da brilhante série “Allo Allo”.
Habitáculo quentinho ou airbag no focinho
Botões físicos, de preferência rotativos para controlo da climatização. Simples, prático e seguro. Se eu quero aquecer o habitáculo do meu carro é porque quero conforto. Não quero fazer o controlo de qualidade ao airbag porque me atirei contra um muro porque afinal 26 graus era demasiado quente. O que eu queria mesmo era 25 graus à esquerda, 23 para o pendura, velocidade da ventoinha na quinta posição. Ou talvez sexta? Bem, acedo ao completo sistema de infotainment, onde estão centralizados os menus da climatização, fica quentinho e em menos de nada, BUM! Pneu furado, um farol novo, uma vedação danificada, mas ao menos estão 25 graus. Ah, espera. O alerta de atenção do condutor deveria ter-me avisado: “não usar a climatização do veículo enquanto conduz”. Assim já não há problema.
Bagageira com abertura eléctrica. E por que não, hidráulica?
Fazer a finta sem bola debaixo do pára-choques é útil, admito, pois permite-nos abrir a porta da bagageira sem usar as mãos, muito útil quando as temos nos bolsos. “Ah, mas e os sacos das compras?” Ora deixa cá ver, da última vez que fui às compras elas nunca passaram no chão. Por essa razão diria que pousar um saco no, chamemos-lhe, chão, não seria um problema. Ou então cometer essa loucura, no caso de serem muitas compras, de optar por levar um carrinho com os sacos até à mala do carro. Destrancá-lo, pressionar um botão na minha chave cheia de estilo e deixar que a magia de dois amortecedores hidráulicos façam o resto. Tecnologia de ponta. Silenciosa, fiável, funcional. Ah, e barata.
Lotação para cinco, espaço para quatro
Nunca andei num Toyota iQ e tinha curiosidade. Acho giro o conceito do carro pequeno para a cidade. Jamais teria um Smart, nunca o achei suficientemente inteligente, mas o conceito e abordagem ao mercado é excelente. Foi pensado para uma coisa e cumpre-a muito bem. O iQ também teria sido assim senão o tivessem vendido como o quatro lugares mais pequeno do mundo. Ter quatro bancos é diferente de ter espaço para quatro. Pessoas, pelo menos. Periquitos leva mais, com certeza. Mas o iQ está longe de ser o único, pois são inúmeros os carros de 5 lugares com espaço para 4 passageiros. Ou é para cinco ou é para quatro. Não é preciso muito daquilo que a Toyota deu ao seu citadino para o perceber. Se até eu consegui, acho que as mentes brilhantes de todas as marcas que nos brindam diariamente com os melhores automóveis de sempre, mais tecnológicos, seguros e eficientes, também conseguem.
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