5 coisas de que gosto muito nos automóveis modernos
Calma. Também consigo fazer uma lista de coisas de que gosto. E são mais de cinco, garanto-vos. Mas como não quero perder a vossa atenção ainda antes de a ter, fiquei-me por cinco. Nem mais, nem menos. Cinco.
Gosto muito de carros antigos, clássicos e velhos, também. O que lhes quiserem chamar. Se vou a uma sucata procurar alguma peça para os meus, começo logo a ver o potencial de uma velha carcaça que já foi em tempos um carro. Felizmente, fui abençoado com dinheiro insuficiente para não pôr essas loucuras em prática. Mas por outro lado, por muito carisma, história e relevância que certos consagrados automóveis possam ter, os actuais são, de uma maneira geral, incomparavelmente superiores. Sim, é verdade que ao falar de carros desses tempos, não novos, entenda-se, “isto é que era chapa a sério”, “fiz 400 mil naquele carro sem nunca abrir o motor” e “nem o óleo lhe mudava” são frases que podem ter alguma verdade lá pelo meio, num ou noutro caso particular, mas no geral, têm aí 30% de probabilidade de serem verdade. Provavelmente, menos, sim. Aliás, diria que a probabilidade de ter menos de 30% de verdade é para aí de 90%. Ainda assim, é inegável que um Mercedes-Benz 190 é um tremendo feito da engenharia, um carro histórico, famoso pela sua fiabilidade e o qual também me deixa cheio de ideias quando vejo um a precisar de carinho. Não estava cá ainda, mas tenho a certeza de que o Mercedes-Benz 190 foi um excelente automóvel em 1982, quando foi lançado. Hoje em dia, o W201 é um excelente carro pela qualidade do trabalho que a Mercedes-Benz fez há 40 anos. Porque ao pé de um automóvel novo, que até pode não conseguir fazer um milhão de quilómetros como muitos dos 190 fizeram e fazem, não há sequer comparação. Isto tudo para dizer que admiro o 190, mas que também gosto destas cinco coisas que não existiam, pelo menos na generalidade dos carros, em 1982.
Acesso e arranque sem chave
Gosto de chaves de automóvel. Quantas mais, melhor, por razões muito fáceis de compreender. E gosto também de um bonito porta-chaves que com elas combine. Não quero que elas desapareçam. Quero continuar a ir ao meu chaveiro, pegar na chave do meu carro e lançar-me nos meus passeios. A chave faz parte. Gosto de a ter no bolso e recentemente dei por mim a gostar de a manter por lá. Não gosto de aberturas eléctricas de bagageira, mas gosto de me aproximar do carro e que ele me receba com a sua dança de luzes, destrancando a porta para me facilitar a vida. Não quero que a porta se abra, atenção. Não quero favores, mas gosto do pequeno gesto e cumprimento: “Olá, João. Onde vamos? Mantém a chave no bolso, carrega no botão e vamos!”
Ar condicionado
Conduzo há 16 anos e só no ano passado comprei um carro com ar condicionado. Nunca foi uma prioridade porque sou daqueles que mesmo de Inverno conduz de janela aberta. Menos aberta do que no Verão, obviamente, porque o banho tomo em casa, mas gosto de renovar o ar dentro do carro e gosto de sentir um pouco do ambiente exterior para me sentir ainda mais confortável no habitáculo do meu carro. Apesar disso, agora admito: principalmente no Verão – detesto calor! – sabe-me muito bem ter ar condicionado. De Inverno, visto uma camisola mais quente. Ainda assim, nessa época, o que aprecio mesmo é a rapidez com que um vidro embaciado se transforma numa montra irrepreensivelmente limpa graças ao ar condicionado. Mantenho o pano na porta para uma eventualidade, mas acabou-se a luta, de janelas abertas, a chover torrencialmente, com uma mão no volante e a outra em ângulos marados a tentar chegar a todos os cantos, para no fim ter o vidro “limpo” durante 2 minutos, cheio de pêlos, quase tão opaco como anteriormente. Lembro-me, inclusivamente, de descer das Penhas da Saúde para a Covilhã, sob um já respeitável nevão, no meu antigo Ibiza, com a já de si pouco eficaz chauffage avariada, com a cabeça de fora da janela e o meu co-piloto da altura com dois panos em acção. Na verdade, foi memorável.
Bluetooth
Já o disse e volto a dizer. Nunca gostei de falar ao telefone. Mas é inevitável. Num mundo em que ter um smartphone de 1000 euros é prioridade, ele vai, inevitavelmente tocar. O meu custou menos de metade (e já custou mais do que eu alguma vez pensara pagar), chega bem, e também toca. E quando toca e eu estou ao volante, já não preciso de colocar o auricular ou de o pôr em alta voz. Isto porque o emparelhamento do smartphone com o sistema multimédia dos carros modernos é fácil e mesmo que a minha experiência com um determinado carro seja curta, ligo-lhe sempre o meu smartphone. Mas como fã de música, que oiço de manhã até à noite, mais do que usar o “dente azul” para as chamadas, uso para ter imediatamente disponíveis no carro que conduzo as músicas que levo comigo para todo o lado e que não resisto a ouvir todos os dias. Para quem não tem Bluetooth no carro – ou tem e não usa, o que é lamentável – fica o conselho: colocar o telemóvel na horizontal à frente da boca é tão proibido quanto tê-lo na vertical junto ao ouvido. Que patetice, desculpem-me a sinceridade.
Iluminação
Da noite para o dia. Isto aplica-se não só à evolução da iluminação nos automóveis, como à sensação que é conduzir um automóvel moderno à noite porque parece, na verdade, que o sol não se pôs ainda. Longe vão os dias em que a eficácia das luzes era a mesma do que um candeeiro a petróleo, felizmente. E a iluminação adaptativa é ainda mais espectacular, pois a luz contorna os automóveis em sentido contrário, evitando o encadeamento e continuando a oferecer a máxima luz onde realmente é precisa. Neste momento, não me posso queixar da luz do meu carro actual, mas adorava ter estas super luzes que iluminam até Badajoz. Por outro lado, ia detestar dar um pequeno toque, partir um farol, e muito provavelmente ter de vender parte da mobília da casa para que o meu carro não ficasse eternamente a piscar o olho aos que com ele se cruzam.
Bancos ventilados
Ah, o luxo. Mas deixem-me dizer que jamais pagaria, pelo menos com dinheiro meu, para ter isto no meu carro. Acho piada, mas não vivo em Sevilha. O que, diga-se, também achava piada se em vez de 44 graus estivessem aí uns 30 no pico do Verão. Ainda assim, quando passo uns dias quentes com um carro com bancos ventilados, desculpem-me, mas ventilo-me. Nem que seja um minuto, mas ventilo as pernas e as costas (já usei demasiadas vezes o verbo ventilar, reconheço). Só para ajudar a combater a sensação horrível de entrar no carro a meio da tarde, depois de ter estado a bronzear a carroçaria todo o dia. Não suporto. Não suporto isso e mais estas cinco coisas nos carros modernos.
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