Mazda CX-5: um dos melhores e mais esquecidos SUV do mercado
Não foi assim há muito tempo. Na verdade, foi apenas há uns dias que escrevi um outro artigo sobre o desaparecimento de alguns formatos de carroçaria e de alguns modelos das nossas estradas, justificado, em grande parte, pela elevada procura por carroçarias SUV. Nesse texto dei também um exemplo de uma boa proposta do segmento da moda que pouco pode fazer perante o sucesso de alguns dos seus rivais cujos números esmagam as suas ambições, devidamente sustentadas por bons argumentos. Hoje, não tanto em crónica mas mais em ensaio, trago-vos um outro modelo SUV que em Portugal está igualmente longe de ser um sucesso. Isto porque nos três primeiros trimestres de 2020, nem 100 unidades vendeu. O que é uma pena, porque o Mazda CX-5 é só um dos melhores SUV do mercado.
O CX-5, tal como os mais pequenos CX-30 e CX-3, são prova de que um SUV não desportivo não tem necessariamente que ser totalmente desprovido de emoção na condução. E isso explica-se porque a Mazda, apesar de se tratarem de carros familiares, focados no conforto, à altura das exigências diárias e das viagens de fim-de-semana, também lhes aplica a sua fórmula habitual, aquele toque especial na afinação de suspensão e calibração de direção que imediatamente coloca o condutor mais ligado à experiência ao volante. Para quem precisa de um carro espaçoso e o quer em linha SUV, sem prescindir de um maior dinamismo, isto vale pontos. E o que também vale muitos pontos é, pelo menos aos meus olhos, o design dos actuais Mazda. Modelos idênticos entre si, claro, pois não há marca que não o faça, mas não há um em que o Kodo Design não lhe assente bem, do pequeno 2 a este grande CX-5, passando pelo mítico MX-5 e pelo novo eléctrico MX-30.
E depois há que falar dos materiais e dos acabamentos a bordo do CX-5, algo que transmite imediatamente uma sensação de qualidade e durabilidade. Vai durar 30 anos? Vai ter ruídos daqui a 80 mil quilómetros? Não sei, não consigo prever. Mas que é bom, robusto e agradável ao toque, disso não tenho dúvidas. O habitáculo do CX-5 é um excelente sítio para se estar, quer à frente, ao volante, como acima referi, quer atrás, onde espaço e conforto são também argumentos. Resta falar do motor, deste que conduzi e dos demais da gama. Um a gasolina, este, outro Diesel, dos melhores que já tive oportunidade de testar. Ambos bons, embora diferentes, e, muito provavelmente, o motivo de ser raro vermos um CX-5 na estrada.
Isto porque nem um nem outro são motores de baixa cilindrada, o que o prejudica fiscalmente, com consequências no preço. Do lado Diesel, um motor 2.2 litros e aqui, a defender as cores da gasolina, um dois litros de 165 cavalos que também se caracteriza por ser um motor, apesar de muito evoluído, “à antiga”, atmosférico, contando apenas com o movimento dos seus êmbolos para sugar o ar e assim produzir a sua potência. Não há aqui um turbo a ajudar e os condutores actuais parecem ter-se habituado a essa disponibilidade mais notória, fruto de um binário que surge mais cedo no conta-rotações do que em propostas como este CX-5 em que é necessário levá-lo aos médios-altos regimes. No entanto, a resposta rápida e imediata do acelerador é incomparavelmente superior. E já falei da caixa manual? Sei que sim, mas não neste texto, por isso permitam-me, uma vez mais, elogiá-la, pois é mesmo muito agradável de usar, precisa e rápida.
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Não encontro outro motivo que justifique a raridade do CX-5 no nosso parque automóvel a não ser o seu motor, grande em cilindrada e assim mais caro, e também sem o pulmão inicial a que o condutor actual se habituou com os modernos e mais pequenos motores sobrealimentados. Porque em design, espaço, qualidade de construção, equipamento e, acima de tudo, condução, são poucos os SUV como este CX-5. Electrificação, sem dúvida, mas precisamos também de um motor térmico à medida do mercado e da sua carga fiscal para que, quem sabe, se dê o devido valor ao CX-5.
Fotos: Automotiva