Mirafiori e o novo FIAT 500: dois símbolos de Turim que se transformaram
Dá o nome a um dos modelos mais icónicos da FIAT, mas da histórica fábrica de Mirafiori, em Turim, saíram muitos mais modelos do que o 131. São exemplo disso o 500 “Topolino”, o 500 de 1957, o 850, o 124, o 127, o Panda, o Uno, o Punto e outros como o Lancia Thesis, o Autobianchi Y10, o Alfa Romeo Mito e o Maserati Levante. O elemento mais recente desta família de mais de trinta modelos ali produzidos é o novo FIAT 500, agora 100% elétrico.
Tal como os seus antecessores, o novo 500 assume-se, desde já, como um pilar das ambições da FIAT. Nas linhas de produção de Mirafiori, estarão cerca de 1200 pessoas a trabalhar exclusivamente no fabrico do 500 eléctrico. A capacidade de produção anual é de cerca de 80 mil unidades por ano, ainda que exista capacidade para ser aumentada. Para além disso, é importante mencionar que em todo o complexo industrial, o maior da FCA no mundo, trabalham cerca de 20 mil pessoas.
A aposta da FIAT no 500 do futuro está bem patente no investimento de 700 milhões de euros, aplicados não só na construção e adaptação da linha de produção, como também nas fases de design, desenvolvimento e engenharia. O novo 500 eléctrico é, segundo a marca italiana, um novo símbolo de Turim, ali criado, desenhado e desenvolvido, “Made in Turin”, “Made at FIAT”.
Foi utilizada a mais recente tecnologia de realidade aumentada no desenvolvimento da nova linha de produção a fim de melhorar quer o produto, quer os processos de fabrico associados. O sistema coloca, por exemplo, todos os componentes em sequência para que estes cheguem aos operários exactamente quando necessário. Todas as tarefas completadas são registadas em sistema e assim o chefe de equipa pode controlar, de forma contínua e regular, o desenrolar dos trabalhos, quer através de monitores dispostos ao longo da linha, quer através do seu smartphone.
O novo 500 começa a ser produzido na chamada linha de acabamentos. É aqui que chega depois de ter a sua carroçaria pintada. Nesta fase e na seguinte são instalados, por exemplo, a cablagem, a consola central e o tablier. Os operadores podem, a qualquer momento, requisitar componentes que sejam essenciais ou, também, ajuda ao seu supervisor se surgir alguma anomalia no processo. Se necessário, a produção é interrompida automaticamente.
Segue-se a área de montagem dos vidros, onde a colocação do pára-brisas e vidro traseiro é da responsabilidade de um robot. É também aqui que está instalado o primeiro laser da FCA para gravação do número de chassis. Esse é, igualmente, o nome do departamento seguinte, o do chassis, onde é feito o “casamento” entre ele, o motor e a carroçaria. Numa fase posterior, já com rodas, o novo 500 recebe as portas, os bancos e o volante. Os testes de oscilação e alinhamento das rodas destacam-se agora por não exigirem aspiração dos gases de escape ao longo do procedimento. Outra vantagem da introdução da motorização eléctrica.
A fábrica de Turim foi inaugurada em 1939 e ocupa uma área de cerca de 2 milhões de metros quadrados, incluindo igualmente quase 12 quilómetros de estradas subterrâneas, usadas para transferir motores e componentes, bem como outros 20 quilómetros de sistemas de transportes que movimentam materiais e viaturas acabadas. Mas mais do que um avançado complexo de produção de automóveis, Mirafiori é um eterno símbolo da cidade de Turim, tendo ambas evoluído, em certos aspectos, de forma idêntica, em perfeita simbiose. E de Mirafiori para as ruas de Turim e do mundo, sairá, em breve, uma nova interpretação de um ícone com que a FIAT pretende, uma vez mais, revolucionar a mobilidade, desta vez, trocando o som do motor de dois cilindros pelo “Amarcord” de Nino Rota. Só mesmo os italianos. Maravilhoso.