“Queremos um Honda Civic europeu!” ou “Queremos um Honda Civic europeu?”?
Sim, o título não é propriamente simples. E sim, já vi o novo Honda Civic Prototype. Concordo, aquela cor não o favorece. Nem a da carroçaria nem a das jantes. Mas a verdade é que não é a cor o problema. Aliás, será, até, que há algum problema? Afinal de contas, ainda é um protótipo.
Mas, honestamente, é um protótipo que é demasiado parecido com um carro de produção, o que me indica que, ou muito me engano, ou a versão de produção vai ser aquela. Sem tirar nem pôr. Eu espero que não. Espero que tirem e que ponham. Para começar, que tirem aquelas cores. Depois, que tirem os puxadores da porta e metam uns parecidos com o Honda Civic de 5ª geração, o EG, cujo design deste protótipo me faz lembrar muito (vêm porque é que eu digo que isto é o de produção? Se fosse protótipo tinham arrojado mais). E já que estamos numa de pedir, o capô pode ser ligeiramente mais aerodinâmico, para cortar um pouco com o aspecto rectilíneo. Ar, esse, que eu gosto muito, atenção.
Os carros não precisam de ser todos cheios de rococós e curvas para parecerem imponentes e dinâmicos. Podem, perfeitamente, ter arestas e linhas rectas. Mas, depois das últimas duas ou três gerações nos terem habituado a linhas mais “gulosas”, estava à espera de algo menos conservador – será conservador ou, tendo em conta a actualidade, arrojado? – no exterior. No interior, até ver, estou agradado.
Este Honda Civic Prototype peca, talvez, por ter uma frente e uma traseira muito achatada. Quase a fazer lembrar um Dogde Challenger, e isso leva-me ao ponto central desta crónica. Será que queremos um Civic mais ao gosto europeu, ou a Honda sabe muito bem o que está a fazer e, por isso mesmo, está a explorar um design mais orientado para o seu grande mercado, o americano? Até Outubro de 2020 já tinha vendido mais de 200 mil unidades e isto com uma quebra de 22%. Por oposição, na Europa vendem cerca de dez vezes menos.
Não sei quanto a ti, mas eu vou para a segunda hipótese. Claramente a Europa não é o mercado do Civic. Os japoneses sabem o que fazem mas são lentos a fazer. Lentos, não. Cuidadosos, vá. Por isso é que dificilmente veremos um Honda Civic para o mercado europeu. Mas já o podiam ter feito! Especialmente, tendo em conta a electrificação da gama. Então não era bem feitinho pegar na mesma plataforma da actual 10ª geração – que tem um chassis magnífico – e desenhar algo mais em linha com a 9ª geração? Aquela verdadeiramente hatchback e familiar compacta.
Depois era meter um motor eléctrico no 1 litro turbo a gasolina ou, até, no 1.5 turbo de 180 cavalos e estava pronta a solução para atacar a concorrência no mercado europeu. De caminho reduziam as emissões poluentes e davam, novamente, uma lição aos americanos, como fizeram na crise do petróleo de 73. Haviam de ver se os americanos não começavam logo a gostar dos híbridos com mais de 200 cavalos capazes de 6 segundos dos 0 aos 100 km/h e consumos a rondar as 80 miles per gallon. Ate espumavam da boca! Para nós, aqui desta lado do “lago”, não era novidade nenhuma, mas era da maneira que começávamos a olhar para o Civic com outros olhos. Uns que ele mereça. E merece, caramba!
Isto é tudo muito giro e tal, mas a verdade é que quanto mais olho para este Honda Civic Prototype mais vejo as siglas “VTi” lá atrás. Essa se calhar não volta, mas uma “VTi-e” era coisa para correr muito, muito bem. Eu, pelo menos, ia pedir uma cotação.