Toyota: a marca mais racional de sempre. E ainda bem!
A Toyota é uma referência indiscutível no mundo automóvel, reconhecida pela qualidade dos automóveis que produz e dona de uma intocável reputação de fiabilidade no mundo das quatro rodas. Um símbolo, uma marca e um automóvel de enorme valor e respeitado por todo o mundo. Mas ainda assim, acho que não lhe está a ser dado o devido valor. Principalmente por nós, não necessariamente compradores, mas entusiastas do automóvel. Chegou o momento de fazer justiça.
“Queres um carro para a vida?” A esta pergunta segue-se normalmente um bom conselho: “Compra um Toyota!” É verdade que a reputação da Toyota se prolonga desde há muitas décadas. É, sem dúvida, uma das compras mais racionais que se pode fazer, seja um Corolla, qualquer uma das suas 72 gerações, ou uma indestrutível Hilux, capaz de sobreviver, não só à colisão de um asteroide com a Terra, mas também à ligação da minha casa até ao acesso à A5, cujo desafio é em tudo idêntico. Também o Yaris se tem vindo a assumir como uma das compras mais inteligentes do mercado, pequeno, prático e confiável. Ou o RAV4, por que não, também ele um dos SUV mais completos do mercado.
E o que dizer das motorizações híbridas que se espalham por quase toda a gama? Com baixos consumos, custos de manutenção reduzidos e também elas muito fiáveis, são o melhor exemplo do que é uma compra racional. Racional, outra vez. Bem sei. Mas racional é uma palavra que vais ler muito neste texto. Porquê? Então, mas não é só isso que a Toyota é? A marca mais racional de sempre? Uma marca que só faz carros eficientes e com aquelas caixas de funcionamento estranho. Toyota é “racional” em japonês. Não sabias? E o Prius? O que dizer do Prius? O carro mais racional da história, que mais perdoa os nossos exageros para com o planeta. Um carro que merece partilhar a garagem com os Escalade e Aventador que se passeiam por Los Angeles todos os dias, naquele “cruising” que só serve para “mandar cenário” mas que é permitido porque o Prius, ao existir, parado em casa, compensa o ar que os outros sujam. Se isto não é ser racional, então não sei o que a Toyota é.
E ao mesmo tempo que a Toyota continua a desenvolver os seus modelos híbridos, cada vez mais eficientes, mais evoluídos tecnologicamente e mais seguros, estão a ficar, cada vez mais, adivinhaste, racionais. A Toyota é assim uma das grandes culpadas de serem cada vez mais raros os modelos plenamente focados na performance, os carros para quem gosta de carros e do prazer de os conduzir. E o próximo passo, um grande passo, na verdade, vai ser dado com a tecnologia fuel cell do novo Mirai, um tremendo feito da engenharia que para muitos vai contribuir para continuarmos a percorrer o caminho da electrificação e que é, para os queimadores de octanas, um caminho para o corredor da morte. Só que não. A Toyota não está a matar o automóvel no formato de que tanto gostamos. Está a dar-lhe anos de vida e eu estou-lhes muito agradecido.
E acho injusto que tal não seja reconhecido com tantos e bons exemplos de como a Toyota é no presente, também, para os olhos mais verdes, uma marca irracional, com carros focados na emoção e não na razão. Nestes três exemplos da actual gama da Toyota, a emoção é de série. Queres um automóvel racional? Vira-te para outro lado que daqui não levas nada. Falo do puríssimo GT86, do rapidíssimo GR Supra e do incrível, estupendo, apaixonante, viciante e ainda desconhecido, GR Yaris. Mas o que é ainda mais injusto são os comentários. Um GT86 que anda pouco e um Supra que não é um Toyota, quando o primeiro é um automóvel focado na pureza das sensações de um desportivo leve, com motor atmosférico, baixo centro de gravidade e tracção traseira, e o segundo é o resultado de uma parceria com uma marca exímia na construção de plataformas de tracção traseira e de motores de seis cilindros em linha, a receita do Supra original e que podemos comprar em 2020, quando estamos cada vez mais perto do fim, segundo dizem.
Ainda não conduzi o GR Yaris e estou pulgas para o conhecer pessoalmente. Mas mesmo antes dessa oportunidade que espero ter num futuro próximo, já sei, de antemão, qual é o seu problema. Assim como o GT86, cujos 200 cavalos não chegam para as estradas do dia-a-dia, e o GR Supra, esse vendido que foi visto no Oktoberfest a carregar canecas, também o novo GR Yaris, um pequeno carro desportivo com motor de 261 cavalos, a gasolina, sem electrificação, com tracção integral, caixa manual e travão de mão mecânico, um produto da presença da Toyota no WRC, tem um motor de três cilindros lá na frente. “Epá, três cilindros?” Já chega de tanta racionalidade, Toyota. Basta, por favor.