Electrificação volta a superar Diesel na Europa. Em que ficamos, Portugal?
A electrificação do parque automóvel tem tido, nos últimos dias, especial destaque em tudo o que é plataforma de informação dedicada ao mundo automóvel. A Garagem não foi excepção com um artigo que podem ler ou reler clicando aqui e no qual o Rafael deixou bem claro aquilo que estão a colocar em causa ao avançarem com a limitação – ou até mesmo eliminação – dos incentivos, benefícios, ajudas ou como lhes queiram chamar para os condutores que pretendam adquirir um híbrido plug-in.
Mas o que me traz aqui, e continuando com o tema da propulsão híbrida, mas deixando a polémica nacional de lado, são os mais recentes dados sobre as vendas de automóveis no mercado europeu que destacam, novamente, um melhor desempenho dos automóveis híbridos sobre outros equipados com motor Diesel. No total, foram registados 302 587 veículos eletrificados, o equivalente a 26,8% das vendas, bem mais do que os 10% registados em Outubro de 2019, ou seja, 153% de crescimento. A confirmarem-se as alterações, e voltando, um pouco ao tema polémico, a ideia é, uma vez mais, fazer exactamente o contrário do que nos foi até há bem pouco tempo exigido e contrariar a tendência da Europa a 27 (e a nacional, também), certo? Só para ver se percebi. Até porque ainda não comprei um eléctrico, mas vendi o meu saudoso SEAT Ibiza Diesel com 380 mil quilómetros no ano passado e se calhar fiz asneira. Ainda serviria como carro de serviço para uma associação ambientalista de renome ou para um partido defensor da natureza.
Se nos focarmos só nos eléctricos, o Volkswagen ID.3 é o novo alvo a abater, pois da Tesla nem sinal. Nem no pódio, com o Renault Zoe e o Hyundai Kauai em segundo e terceiro lugar, respectivamente, nem no top 10. A Volkswagen despachou 10 475 unidades do ID.3 dos seus concessionários e a Renault fez o mesmo a 9778 “Zôés”. Quanto aos PHEV, os criminosos do momento, o líder europeu de vendas no passado mês de Outubro foi o Mercedes Classe A, um preferido dos portugueses mas “a Diesel”, seguido pelo Volvo XC40 e pelo Volkswagen Passat. O top 10 das vendas de híbridos plug-in é dominado por marcas premium, mas a Renault coloca igualmente o seu Captur E-Tech no 7º lugar, com 2872 unidades entregues a clientes.
Passando para os full hybrid e mild hybrid, a Toyota é a marca que mais se destaca, colocando 4 modelos entre os 10 mais vendidos no mercado europeu. O Yaris lidera destacado e o Corolla surge na 2ª posição. O C-HR é 6º e o RAV4 é 7º, mas importa também destacar o bom desempenho da dupla de citadinos italiana, os FIAT Panda e 500, 3º e 5º classificados, respectivamente, e ambos mild hybrid. Esta tecnologia foi a responsável por quase um terço das vendas de veículos electrificados e registou um crescimento de 432%, fruto da recente aposta das marcas neste tipo de motorização. Para além dos FIAT, também os Ford Puma e Focus e o pequeno Suzuki Ignis fazem parte da lista dos 10 mais vendidos.
Nas contas globais, o modelo mais vendido na Europa foi o Volkswagen Golf, seguido do Renault Clio e do Opel Corsa. Seguem-se o Peugeot 208, o FIAT Panda, o Renault Captur, o Toyota Yaris, o Peugeot 2008, o Skoda Octavia e o Citroën C3. Apesar da quebra de 7% nas matrículas de Outubro de 2020 quando comparado a período homólogo de 2019, a electrificação é cada vez mais uma certeza. Em Outubro de 2019, 57% dos automóveis vendidos na Europa tinham motor a gasolina e 31% tinham-nos a gasóleo. No mês passado, estas percentagens desceram para 44% e 26%, respectivamente. Estou confuso, pois logo agora que já começava a fazer amizade entre os electrões, queres ver que o meu próximo carro, com emissões reduzidas e incentivos à sua compra, vai ter um motor Diesel?