Porsche Boxster: uma história resumida dos seus 25 anos – Parte 1 – #986
Quando se fala na Porsche, a associação imediata é ao número 911, o seu modelo mais importante e um dos, se não mesmo o modelo desportivo mais importante, mais desejado do mercado. Uma referência, uma história de quase 60 anos de contínua evolução que continua a apaixonar petrolheads por esse mundo fora. Eu sou um deles.
O 911 é indiscutivelmente um símbolo, mas foram tantos e tão bons os Porsche lançados ao longo da sua história, nas estradas e circuitos mundiais, que é por vezes muito fácil esquecermo-nos da importância de alguns deles, especialmente aqueles apresentados não assim há muito tempo. Tempo esse que nos finta a mente com a sua rapidez e nos deixa incrédulos quando nos apercebemos que o Boxster está prestes a fazer 25 anos. Afinal, já passou bastante tempo.
É esse o herói aqui relembrado e celebrado. O outrora injustamente chamado “Porsche dos pobres” foi um modelo de extrema importância para a marca de Estugarda, um inicialmente mal-amado por aqueles para quem Porsche significava, pura e simplesmente, 911. E dos pobres porque era o mais barato, para quem “não pode chegar ao 911”, mas que continuava a ser caro para o comum dos mortais. Dos pobres porque era o mais fraco, mas com mais de 200 cavalos, era, na verdade, apenas menos potente que o 911 e quase sempre mais potente do que o carro conduzido por quem proferia tal afirmação. Só que foi o pobre Boxster que trouxe a riqueza de volta à Porsche.
Foi em 1993, no Salão de Detroit, que a Porsche mostrou o concept que daria origem à primeira geração do Boxster, o 986. Foi ali, após reacções muito positivas do público e especialistas, que a Porsche decidiu avançar com a produção do seu roadster com motor central boxer, justificando assim a designação escolhida: Boxster = Boxer + Roadster. Como são belas as coisas simples,
#986
A primeira geração, visualmente muito próxima do concept revelado na Motor City, começou a ser produzida em Agosto de 1996 e utilizava um motor de 6 cilindros com 2.5 litros de cilindrada. A ideia inicial de pagar à Audi para produzir um novo motor de 4 cilindros caiu por terra e 50% dos componentes do novo modelo da Porsche seriam partilhados com a geração 996 do 911. São disso exemplo os faróis, capot dianteiro, guarda-lamas e portas.
Foi pela primeira vez utilizado um motor refrigerado a água num modelo de produção em série, bem como as pinças de travão de quatro êmbolos. Novidade foi também a introdução da caixa automática Tiptronic S de cinco velocidades. Em 2002, a geração 986 foi actualizada e os motores eram já de 2.7 e 3.2 litros, com 228 e 260 cavalos, respectivamente, um incremento significativo relativamente aos 204 cavalos do primeiro Boxster e aos 220 e 252 cavalos que estes motores declaravam em 2000 quando foram introduzidos na gama.
A geração saiu de cena em 2004 com uma edição especial designada “50 Years of 550 Spyder”, limitada a 1953 unidades, que homenageava um ícone da competição da Porsche cujos genes viajaram no tempo até ao Boxster. Este último e exclusivo 986 tinha 266 cavalos e atingia, igualmente, 266 km/h. Foram produzidas 164 874 unidades do Boxster 986.