Bicas Custom Wood: Alimentar o sonho de criança
Quem, de entre os verdadeiros amantes de competição motorizada, não gosta de ter uma qualquer referência inerente ao tema a decorar a sua sala, escritório, cozinha e – quem sabe – até WC? Quantos não serão os que, por algum acaso da vida, até conseguiram apanhar uma ou outra peça que os carros vão deixando cair aqui e ali, nomeadamente em troços de ralis feitos mais a quente, exibindo orgulhosamente esses autênticos e quase inéditos troféus aos seus amigos?
Então e que tal ter o circuito ou rampa dos seus sonhos, ou mesmo uma secção de uma emblemática classificativa, a embelezar a sua secretária, o móvel da sala, o hall de entrada, a estante das miniaturas a diferentes escalas? É isso que propõe o “Bicas”, da Bicas Custom Wood, artesão da região de Coimbra – ou “apaixonado por trabalhos diferentes em madeira”, como prefere ser visto – que se dedica à produção dos mais icónicos traçados, portugueses ou internacionais, eternizando-os em madeira.
O catálogo contempla o Autódromo do Estoril, nas suas múltiplas configurações, o Autódromo Internacional do Algarve, o Circuito Vasco Sameiro, em Braga, e os traçados de Vila Real (simples ou em versão “50 Anos”), Vila do Conde, OTA, pistas de karting, rampas, entre outros palcos da velocidade nacional. Mas não só, porque os ralis não ficaram esquecidos, sendo o exemplar mais representativo, a recriação da secção de terra / asfalto da icónica classificativa do Confurco, na região de Fafe, incluindo o detalhe da bandeira escocesa, dedicatória feita a Colin McRae e que se mantém pintada no asfalto.
Tudo isto – e muito mais – é possível adquirir na Bicas Custom Wood, num catálogo que abrange os mais diversos traçados internacionais, das europeias pistas de Le Mans, Nürburgring, SPA, Silverstone e Imola (simples ou em versão “Memorial a Ayrton Senna”, o eterno ídolo do “Bicas”), até aos traçados de Laguna Seca (EUA) ou do longínquo Bathrust, na Austrália.
Quanto a preços destas peças, eles iniciam-se nos 20 € e dependem de múltiplos factores, nomeadamente da escala escolhida (até versões para colocar em paredes), se são em madeira em bruto ou com algum tipo de acabamento a cores, se têm ou não base ou outros elementos associados, como imagens ou outros elementos diferenciadores, pedidos de uma clientela cada vez mais exigente. Mais detalhes nas redes sociais Facebook e Instagram.
À conversa com… o “Bicas”!
O pequeno atelier – leia-se “marquise” – onde nascem estas autênticas preciosidades, que qualquer amante de motorsport que se preze quererá ter pelo menos um exemplar, é o local de trabalho “Bicas”, nome de guerra de Vítor Ribeiro, um nativo de Vila Real que, quando criança, viveu paredes meias com as corridas no circuito local.
“O bichinho das corridas de automóveis acompanha-me desde miúdo, quando assistia ou ouvia, a partir de minha casa, perto do circuito, os carros a acelerar na pista ou a travar nas diferentes curvas”, refere “Bicas”, ele que tem, naturalmente, o piloto local Manuel Fernandes como a sua referência nacional e que, desde essa altura, alimenta o sonho de criança de, um dia, vir a participar numa qualquer prova de competição, complementando todas as sessões de treino que faz no simulador que tem instalado em casa.
“É, de facto, um desejo que tem crescido comigo, sendo que uma das minhas primeiras tentativas foi na iniciativa ‘Onde Estão os Ases?’, que a Ford realizou há já uns bons anitos, no Estoril, e que se destinava a encontrar um novo nome para a Formula Ford”, partilha com os leitores da Garagem. “Nessa altura era o Zé Pedro Fontes o Campeão, pelo que todos queríamos dar o nosso melhor. Tal como os restantes, eu queria ser o escolhido mas a coisa não correu muito bem, pelo que tive de adiar esse sonho de vir a tornar-me piloto de corridas”.
Entre umas aceleradelas com amigos e a vida profissional, “Bicas” iniciava a aventura do trabalho da madeira, não pelos automóveis mas na produção de tábuas de skate, outra das suas paixões e um hobbie pessoal que depois evoluiu para um pequeno negócio para amigos e conhecidos, a Bicas Custom Boards. “Fiz umas quantas ‘tábuas’ para mim e depois para os amigos, tendo sido com tudo o que aprendi a trabalhar a madeira, com carpinteiros e especialistas do meio, na produção desses skates artesanais, em especial as ‘longboards’, que me lembrei de começar a explorar esta vertente dos circuitos em madeira. Da primeira recriação do Autódromo do Estoril até à data já são várias centenas de peças produzidas, muitas delas com particularidades que as tornam diferentes das restantes, fruto dos diferentes pedidos que me são feitos pelos clientes”.
É um filão que não pára de crescer, não só devido ao exponencial número de traçados que há em todo o mundo, uns mais emblemáticos que outros, ou pela importância que cada pessoa lhes dá, decorrente da sua ligação ao traçado escolhido, como também ao facto do nome “Bicas” até já se ter internacionalizado, chegando-lhe encomendas de vários pontos da Europa, não só de clientes particulares, como de pilotos, responsáveis de equipa, patrocinadores, etc. “Sim, felizmente não tenho tido mãos a medir em termos de encomendas, num processo que continuo a fazer como ‘hobbie’, um escape à minha actividade profissional. Só em Dezembro, com as prendas para o Natal, e agora em Janeiro, fiz uma média de 15 peças, entre um sem número de encomendas que me vão manter ocupado ao longo dos próximos meses. Uma delas é Daytona, para o Filipe Albuquerque, ele que colecciona todos os traçados onde vence. Isto depois de no ano passado lhe ter feito Le Mans, entre outras pistas que até já tenho com dedicatórias do próprio”.
Quanto a novos projectos, eles também vão aparecendo, estando na calha a produção de pistas do antigamente como Monsanto, Montes Claros e Cascais, as reputadas rampas da Falperra ou da Serra da Estrela, entre muitas outras ideias que fervilham na cabeça do nosso convidado desta edição da Garagem. “É através deste escape que continuo a alimentar esse meu sonho de, um dia, poder vir a correr num qualquer evento, troféu monomarca ou numa coisa mais a sério… ainda não perdi a esperança! Mas, enquanto a oportunidade não surge, vou acelerando nas pistas que faço em madeira, sempre que tenho um bocadinho, ainda que por vezes abdicando de algum tempo com a família. Mas vá que o meu miúdo já me vai dando uma ajudinha…!”
Fotos: Oficiais/ Bicas Custom Wood