Vaillante Académie: Na pele de Michel Vaillant por um dia!
Todos temos os nossos ídolos, sejam da música, do cinema, ou, no nosso caso de amantes do motorsport, da competição. Todos, algures nas nossas vidas, quisemos estar no lugar desse herói, viver as suas aventuras, conduzir os carros que nos fizeram – e ainda fazem – sonhar! Há sonhos impossíveis, mas outros ainda bastante realizáveis. É o caso da história de hoje da Garagem de, um dia, poder encarnar o herói de banda desenhada Michel Vaillant! Sonhar não custa e (ainda) não paga impostos!
Sim, acaba de nascer em França o projecto Vaillante Académie, que permitirá a quem nele se inscreva, participar numa memorável driving experience, feita em circuito e ao volante de uma das viaturas que Michel Vaillant conduziu numa das inúmeras aventuras transpostas para livros de quadradinhos pelo já saudoso Jean Graton, criador do personagem e falecido no final do ano passado, aos 97 anos. Será, desse modo, possível mergulhar no universo de BD desse herói, múltiplo Campeão do Mundo das mais diversas disciplinas (F1, WRC, Le Mans, Dakar, etc), vivendo uma experiência inédita num de 3 circuitos franceses: Fontenay-Le-Compte (Loire), l`Ouest Parisien (a 45 minutos de Paris) e Haute Saintonge (Bordeaux).
Essa experiência consiste numa sessão de dia inteiro (das 8h00 às 17h30) ou de meio dia (de manhã ou à tarde), com o/a candidato/a a protagonista a poder vestir a pele do Michel Vaillant, usando o respectivo fato de competição, luvas e capacete do herói da BD, conjunto que é cedido no local aos candidatos. Segue-se uma sessão de voltas ao circuito – 30 no primeiro caso (cerca de 120 km) ou 15 voltas (60 km) no programa mais curto – num processo todo ele realizado em segurança e sob o olhar atento monitores presentes, que guiam os candidatos a pilotos ou os simples curiosos, ao longo de toda esta aventura transposta para a realidade a partir do mundo dos quadradinhos.
Então e o brinquedo? Qual é?
É nada menos do que uma réplica real do pequeno monolugar Vaillante F1 imaginado e desenhado por Jean Graton para o álbum “A Honra do Samurai”, o 10º Tomo da saga “Michel Vaillant”. Publicado em 1966, tem por tema principal a luta pelo título de Fórmula 1 de 1964, entre o Team Vaillant e um muito irritado japonês Yori Yoshisa, pelo facto de não lhe ser vendido um exemplar, comprando um Lotus 25 de motor Honda para lutar pelo título de pilotos desse ano contra… Michel Vaillant, pois claro.
A versão real de 2021 é produzida de um modo artesanal e de acordo com técnicas dos anos ’60 pela The Crosslé Car Company, pequeno fabricante da Irlanda do Norte que, em tempos, competiu com chassis próprios em séries de monolugares – Fórmula 2, Formula 3, Fórmula Ford, American Formula B, etc – e outras categorias, dedicando-se agora à recriação de alguns desses seus monolugares e à participação em eventos de cariz mais clássico.
Nascida em 1957, a empresa também desenvolve conceitos específicos como este Vaillante by Crosslé. Baseado num dos seus monolugares, o 90F, conta com um chassis tubular em aço, um motor de 4 cilindros 2.0 Ford Zetec (150 cv) e uma caixa manual de 4 velocidades, conjunto que atinge uma velocidade máxima de 200 km/h e cumpre os 0 aos 100 em 4,3 segundos. O habitáculo, em tons castanhos, integra uma bacquet com cintos de 6 pontos, um volante de 3 raios com o icónico “V” de “Vaillante” ao centro, à frente de uma simplificada instrumentação, com conta-rotações, pressão do óleo e temperatura da água – e o obrigatório extintor FIA. Coberto com uma coque exclusiva, no característico tom azul do Team Vaillante e com uma frente do tipo nariz de tubarão, não lhe falta um pára-brisas minimalista e os retrovisores que se usavam em 1966. Conta com pneus Dunlop, montados em jantes 13×6 polegadas, e pesa uns meros 420 kg.
De modo a garantir-se a exclusividade e, um dia, o valor comercial, em especial entre os coleccionadores, o seu fabrico é muito exclusivo, sendo apenas 13 as unidades construídas, todas numeradas.
E eis-nos chegados à parte chata…. a do guito
Pois… dependendo da opção escolhida, os custos associados para se viver este dia na pele de Michel Vaillant são de 1.990 €, no plano de 1 dia, ou 1.190 € para o da manhã ou tarde. O valor inclui alimentação – pequeno-almoço, almoço e bar aberto, naturalmente que com cenas não alcoólicas – sessões de aprendizagem e esclarecimento, set de fotos e vídeos recolhidos ao longo do dia, acompanhadas de uma prenda surpresa no final do evento.
Há ainda que ter carta de condução (mesmo tendo em conta que o programa decorre em circuito fechado), ter 18 anos completados e deixar um cheque caução de 5.000 € no início da sessão (ou de 2500 € com seguro de desgaste), aceitando todas as condições de participação, através da assinatura de um compromisso. Para a vertente empresarial, a Vaillante Académie também monta os chamados corporate events, com preços que variam consoante os conteúdos e número de participantes.
Isto sem contar com os custos de deslocação e de estadia, bem como com as actuais limitações às viagens internacionais, ou à eventual – muito provável – obrigatoriedade de, até que isto tudo normalize, ser necessário apresentar relatórios de testes à Covid-19 ou comprovativos de vacinação, processos que também se irão generalizar às próprias viagens e/ou transposição de fronteiras.
Mas uma vida não são vidas pelo que se quiser arriscar e saber mais só tem de visitar o portal da Vaillante Académie, falar com quem de direito e, quem sabe, pensar em agendar a sua entrada real no imaginário mundo de Michel Vaillant!
Fotos: Oficiais: Vaillante Academie; Graton Éditeur Dupuis