Ford Puma Vignale 1.0 EcoBoost 125 – Conduzi-lo é uma Fiesta. É mesmo
Não há outra forma de o dizer, nem outro ponto por onde começar: o Ford Puma é o crossover mais divertido e envolvente do segmento B. Vais perdoar-me a sinceridade, mas se não concordas, é porque conduzir é tão importante para ti como as “Tardes da Júlia” foram para mim. Este novo Puma, com o formato da moda e não um coupé como o seu antecessor o foi, é, de longe, o modelo mais dinâmico do extenso grupo onde se incluem nomes como o SEAT Arona, o Peugeot 2008, o FIAT 500X e o Renault Captur.
Genes do Fiesta
Uma vez que o Puma recorre à plataforma do Fiesta, isto pode até não ser uma completa surpresa, mas tratando-se de um veículo mais prático, um pouco mais familiar, a Ford poderia ter optado por suavizar a suspensão e assim mudar o perfil do seu amortecimento. Só que não. A Ford decidiu que o Puma deveria manter os atributos dinâmicos de outros dos seus modelos e ainda bem que o fez. O Puma é uma delícia de conduzir, com uma agilidade acima da média do segmento, incluindo na comparação os utilitários que servem de base aos muito apreciados crossovers.
A direcção é rápida e deixa-nos colocar as rodas da frente, com precisão, onde queremos. A traseira é ligeira, ajustável e viva, mostrando-se apenas até onde a electrónica deixa, é certo, mas colocando-nos um sorriso na cara de cada vez que a provocamos a meio de uma rotunda ou à entrada de uma curva. Obviamente, tanto dinamismo e envolvência, mesmo considerando que não estamos perante um desportivo, são conseguidos à custa de alguma rigidez da suspensão desportiva e de muita borracha em largura e pouca em altura a forrar as jantes de 19”, soluções que trazem menos conforto à experiência. Ainda assim, aposto que o Puma mantém quase intactos estes seus argumentos mesmo quando equipado com jantes mais pequenas e com pneus de maior perfil, ajudando a filtrar um pouco melhor as imperfeições da estrada.
Bem sei que são segmentos diferentes e níveis de preço incomparáveis, mas os últimos SUV que me deram um verdadeiro gozo ao volante foram o Cupra Formentor VZ e o Alfa Romeo Stelvio Quadrifoglio. Estamos a falar de modelos com 310 e 510 cavalos de potência, respectivamente, e com preços a partir dos 50 mil e dos 130 mil €. O Puma é bem mais barato – com preço base de 24 250 € – e mais pequeno, recorrendo também a uma pérola do downsizing, o multipremiado motor 1.0 EcoBoost, aqui na sua versão de 125 cavalos, sem electrificação, e associado a uma transmissão de dupla embraiagem com patilhas no volante. Para um motor tão pequeno, a sua genica é imensa e mais do que suficiente para nos divertirmos a ritmos moderados e responsavelmente alegres. Não chega? Pronto, a Ford também o propõe em versão mild hybrid com 155 cavalos.
Recheio by Vignale
Por dentro, mesmo sem os seus concorrentes directos por perto, o Puma não me pareceu ser uma referência em termos de espaço no banco traseiro. Mas isso também não significa que seja limitado a esse nível. Não é, apenas, dos mais espaçosos. E com o duplo tecto panorâmico opcional – como o desta unidade que guiei – o espaço em altura vê-se ainda mais reduzido. Na bagageira, porém, o Puma compensa, com um compartimento adicional de 80 litros sob o fundo amovível, com forro impermeável e bujão de drenagem, onde estava o também opcional pneu suplente. Soluções práticas para o dia-a-dia, por vezes mais exigente, de um óptimo crossover para uma pequena família.
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Passando aos lugares da frente, em particular para o do condutor, destaco a boa posição de condução e o excelente volante de aro grosso. Modos de condução disponíveis são 5: Normal, Eco, Desporto, Escorregadio e Trilho. Sim, trilhos com pneus 225/40 R19. O painel de instrumentos é totalmente digital e o sistema de infotainment controla, igualmente, um bombástico sistema de som da B&O. Equipamento, como vêem, não falta a este “carregadinho” Vignale, lista onde também se incluem, por exemplo, os bancos em couro, aquecidos, o portão traseiro eléctrico e o carregador sem fios para smartphones. O pack Tech custa 1321 € mas adiciona o controlo de ângulo morto, o cruise control adaptativo com Stop & Go, o reconhecimento de sinais, o sistema de pré-colisão, a câmara traseira e o estacionamento automático. Cheio até acima.
O Puma até pode não ser o melhor crossover para passar nos buracos das estradas da cidade, mas é, de longe, o melhor para os fintar. Se este é assim, tão divertido e ágil, não consigo imaginar o que nos reserva o ST. Mas isso agora pouco importa. O que importa é que se és fã do formato crossover e aprecias uma condução dinâmica, não há como enganar: o Puma é, indiscutivelmente, um carro a considerar. São muitas as boas propostas neste segmento e nada bate o conforto de um dos modelos franceses, se for isso que procuras. Os coreanos também estão fortes no segmento, atenção. Mas a condução do Puma, admito, convenceu-me. E tratando-se de um crossover ou não, isso conta muito naquilo que procuro num automóvel, conduzi-lo com prazer. E, pelos vistos, para a Ford também conta.
Ficha da unidade ensaiada aqui.