Seat Leon Sportstourer e-Hybrid: é assim tão bom o híbrido do ano?
Conduzimos a versão carrinha do Seat Leon e-Hybrid, eleito o híbrido do ano, para ver se é mesmo assim tão bom que mereça tal louvor. Digo-te já que é. Mas lê o teste completo para ficares a saber mais de um carro – carrinha, vá – que tem tudo o que precisas e muito mais.
Assim no geral
Já é a terceira vez que a Seat ganha o prémio de carro do ano em Portugal com o Leon e quando andamos com ele percebemos o porquê. Os outros também são bons, atenção! Daqui a uns dias vamos lançar o teste ao vencedor de familiar do ano, a Skoda Octabia Break. Mas foquemo-nos, primeiro, na carrinha da Seat.
Para começar, a plataforma que usa é a MQB Evo, do grupo Volkswagen, partilhada por todos os familiares compactos do segmento C do grupo e mais um crossover desportivo muito apreciado por nós aqui na Garagem, o Cupra Formentor. Isto significa que, pelo menos no esqueleto, este Seat Leon não fica atrás dos seus primos mais premium. Primeira coisa boa.
Depois, tem um design que se destaca de todos. Cada um deles é bonito à sua maneira – como dizem os avós -, e eu até os acho a todos muito giros. Mas este, no entanto, acho-o mais. Se prefiro o Leon da Cupra? Prefiro, mas esse já está a resvalar para o desportivo e o que esta versão pretende é ser um familiar conveniente com qualidade e capacidade para quase tudo.
Por último, tem a melhor tipologia de motor que existe: híbrido recarregável. Motor a combustão – o conhecido 1.4 TSI de 150 cavalos com caixa DSG de 7 velocidades – e depois um eléctrico de 116 cavalos e 330 Nm de binário. Combinado, o sistema fica com 204 cavalos de potência e 350 Nm de binário. Isto significa que acelera em 7,5 segundos até aos 100 km/h e atinge cerca de 220 km/h. Mas isto não é o mais interessante. Quer dizer, prestações são prestações. Mas a possibilidade de andar em modo 100% eléctrico durante uns 50 km é que é fixe.
Tem uma bateria de quase 13 kWh de capacidade que permite os tais 50 km de autonomia. Isto resulta num consumo eléctrico superior a 26 kWh/100 km. Não é o valor mais eficiente – está ao nível de um SUV eléctrico com mais de 2 toneladas – mas tendo em conta que não é um eléctrico, está muito bem. Se forem mais despreocupados na condução eléctrica e não aproveitarem as descidas e as travagens contem com mais de 30 kWh, o que dá cerca de 35 a 40 km de autonomia, mais ou menos. Mas se forem cuidadosos, fazem mais do que 50 km, até.
Esta é a grande vantagem deste Seat Leon e-Hybrid: versatilidade de andar em cidade em modo eléctrico durante bastantes quilómetros e a despreocupação quanto à autonomia. Ficaste sem bateria eléctrica? Não faz mal, tens um motor a combustão. Agora, dado que o carro pesa um pouco mais do que o normal, dadas as baterias, o consumo de gasolina, se não tiveres energia eléctrica, sobe para os 7/8 litros aos 100 km. Não assusta muito, até porque este carro é para andar com energia nas baterias. Dá, até, para determinar um nível de carga mínimo para que tenhas sempre disponibilidade híbrida. Eu fiz um consumo de cerca de 3litros/100 km no percurso total, que foi superior a 100 km, 60 dos quais sem eléctrico, só com o modo híbrido. Muito fixe!
Dinâmico o suficiente
Como disse, não é nenhum desportivo, mas o chassis e o binário funcionam muito bem em conjunto para nos dar boas sensações. O carro planta-se muito bem na estrada e tem um rolar robusto. Juntando a isto, umas jantes de 18 polegadas com pneus com baixo perfil e temos uma receita bastante boa para umas curvas mais interessantes. Não é, repito, o seu intuito, mas é competente. A direcção é, talvez, o que mais me surpreende. É directa e transmite uma boa leitura da estrada. Assim mais para o pesada, mas gosto disso.
Os modos de condução permitem ajustar as características do carro: a direcção, que pode ficar mais leve, a resposta do motor e da caixa e a suspensão. Tudo ou mais desportivo ou mais normal. É um opcional que talvez seja desnecessário.
Outra coisa que é, também, opcional e desnecessária é a iluminação interior, que vai de uma porta à outra atravessando o fundo do tablier junto ao vidro, fazendo uma espécie de arco iluminado, que atrapalha mais do que relaxa. Excepto nas portas, que faz a vez da luzinha do espelho retrovisor lateral que avisa quando se aproxima um carro no ângulo morto. Ilumina-se num laranja forte, muito mais útil do que a bolinha pequena que é costume estar nos espelhos. Mas na parte da frente, junto ao vidro, não ajuda.
Qualidade e conforto
Não esperava outra coisa, mas também me surpreendeu. Os materiais são bom, com plásticos macios de qualidade e tudo com óptima construção, ainda que haja algum plástico menos macio, em particular na consola central e na pega das portas, onde esperava algo um pouco melhor. A sensação geral que transmite é de robustez e durabilidade. Olha, usei a palavra durabilidade! Vou compensar com uma mais parva: caruma.
Os bancos, em tecido, são muito confortáveis e têm um bom apoio lateral. Prefiro estes aos de pele, porque têm uma temperatura mais amena e deslizamos menos. Os ajustes são bons e permitem encontrar uma posição de condução excelente. Ficamos mesmo da maneira que queremos, com o volante a ajustar-se também. A caixa automática ajuda ao conforto, porque às vezes a embraiagem faz com que, na nossa posição de condução preferida, batamos com o joelho na coluna de direção. Dói muito. Não gosto. Prefiro caixa automática.
Quanto ao espaço, há muito para família e amigos e, até, para inimigos, porque a vida é imprevisível e na volta temos de fazer o frete. Nos lugares traseiros, não falta o controlo de climatização específico e portas USB-C para carregar aparelhos. A bagageira, apesar de ter menos espaço por conta das baterias, tem o suficiente para o dia-a-dia e podemos rebater os bancos para quase 1200 litros.
É um excelente carro familiar para o dia-a-dia e para quem quer algo mais eficiente, ecológico e económico – tendo em conta que para tal terás de utilizar numa base diária, o modo eléctrico – e para quem procura um carro que vai durar muitos anos. Tudo isto por 37.800€ para a versão FR e menos 300€ para a XCellence. Infelizmente, ainda não está disponível noutros níveis de equipamento, nomeadamente o Style, onde o preço poderia ser mais interessante. Ainda assim, para empresas, esta versão FR, tanto carrinha como hatchback, está por um preço de 24.990€ + IVA. É de aproveitar.
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