VW ID.3 – Será este o eléctrico do “povo”?
O VW ID.3, o primeiro 100% eléctrico da Volkswagen mostrou-se um carro muito competente, visualmente curioso – chega, até, a ser giro – mas será que é revolucionário?
Elektrisch
Se gosto dos eléctricos? Sim, gosto. Se acho que transmitem sensações excitantes que nos façam esquecer os tradicionais motores a combustão? Não. Talvez o façam daqui por uns tempos, mas primeiro as marcas têm de entender que as sensações não se resumem a mais potência que um camião TIR e acelerações em linha recta que andam taco a taco com um monolugar de F1.
Vamos esquecer por um momento os quase 50 mil euros que custam a versão “1st Max” que ensaiámos. Naturalmente, as marcas têm os carros de imprensa carregados com extras para podermos experimentar tudo e ter uma ideia geral do que os clientes poderão escolher. Vamos esquecer, também, que esta versão tem jantes de 20 polegadas, daquelas que quando for necessário trocar os pneus até te benzes (isto quando encontrares uma loja que os venda).
Acesso à gama = escolha acertada?
Vamos basear-nos no modelo de acesso à gama, o Pure Performance, com os seus 150 cavalos de potência (menos 54 que nas outras versões) e uma autonomia de 348 km combinada. Em cidades os carros elétricos consegues autonomias bastante superiores às combinadas, o que é uma enorme vantagem em relação aos carros a combustão, que são ao contrário. Esta versão anuncia 471 km em cidade.
Esta versão de entrada de gama custa pouco mais que 35.000€. O que é um preço muito fixe para o que entrega. Boa potência, boa autonomia, um símbolo respeitado, conforto e um carro eléctrico com uma óptima utilização. De origem traz bancos aquecidos, volante aquecido, cruise control adaptativo, esguicho do pára-brisas aquecido, faróis LED, jantes de 18 polegadas (que fazem mais sentido do que umas de 20, naturalmente), reconhecimento de sinais de trânsito, espelhos laterais rebatíveis electricamente, sensores de estacionamento à frente e atrás, chave inteligente e por aí fora. E com muitos sistemas de segurança.
Ou seja: se for para comprar, compra a versão “de entrada” porque tem tudo o que necessitas e custa menos 13 mil euros que a mais cara. E não tem menos coisas. Tem só uma bateria um pouco mais pequena e uma potência menor. Mas se analisarmos o carro, só pelo carro, é praticamente igual! O único que faz sentido pagar mais 13 mil euros é a versão de maior autonomia, se precisares efectivamente dela. Passas a ter 541 km em ciclo combinado. Mas mesmo assim não vejo a vantagem.
Por partes
Digo isto porque o carro que testámos, mesmo sendo o “1st Max” com tudo o que é possível meter lá dentro, não vale o preço. Muito por culpa dos materiais. Os bancos são bons, super confortáveis e com massagens (nice!), o volante também é super ergonómico e o carro conduz-se super bem. Rola sem se ouvir quase barulho nenhum, mesmo com as “sapatas” que calçava, tem uma excelente visibilidade e a utilização é muito simples, mesmo sendo praticamente tudo touch. Desde o infoentretenimento ao… bem, só há isso dentro do habitáculo, praticamente. O selector das “mudanças” é junto ao painel de instrumentos que, embora pequeno, tem o necessário e com boa leitura.
Voltando aos materias, um carro que custa para cima de um dinheirão não pode ter plástico rijo nas portas. Na arrumação, ainda é naquela, mas na parte “visível” onde se toca, não. Por quase 50 mil euros devia estar forrado a pêlo de unicórnio. Sintético, obviamente. E o espaço tanto do habitáculo como da bagageira não é assim tão superior ao de um Golf, que justifique o seu tamanho. Por fora parece um mini-monovolume. É bom ver que há marcas que fazem o contrário. Em vez de tornar os compactos em mini-suv, tornam as monovolumes em mini-monovolumes.
Agora, se me perguntares se o carro é fixe e se gostei de andar com ele, respondo que sim. Sabendo que existe uma versão que custa 35 mil euros e que tem tudo o que é necessário, que se conduz tal e qual como as outras e que tem uma autonomia boa… ah, então adorei. Até o coloco na categoria de possível carro eléctrico a comprar “um dia destes”. O carro é mesmo bom.
Tem um aspecto futurista, um design que chama a atenção sem ser berrante e que torna a estrada um local mais moderno, especialmente nas nossas, com a média de idades dos carros a bater ali nos 13 anos. A cor da versão ensaiada, Verde Makena, é algo forte e, como disse o Isaac, “não a escolhia, mas gostava que a escolhessem para tornar a estrada um local mais alegre”. Concordo. eu escolheria a Cinzento Moonstone, sem custo adicional. Ou outra mais colorida se tivesse disponível. Talvez um azul mais forte ou um verde menos “eléctrico”.
Concluindo, gostei muito deste primeiro 100% eléctrico da Vokswagen e só espero que continuem a apostar neles, mas sem esquecer que quem gosta de carros precisa de mais do que um bom carro. Já agora, segue-nos no Instagram, que nós também andamos por lá.