Hyundai Tucson 1.6 CRDi 48V – Um grande salto digital e qualitativo
Sempre gostei do design do Tucson, principalmente por fora, e por isso ansiava por uma actualização mais profunda em que a Hyundai lhe desse o interior que sempre mereceu, pois sempre achei o seu aspecto excessivamente conservador. E agora que temos um novo Tucson, muito mais arrojado, quer por fora, quer por dentro, não sei bem o que pensar, admito.
Por um lado, dou os meus parabéns à Hyundai pela coragem de lançar um modelo tão importante, tão significativo para as suas ambições, com um design assumidamente irreverente, distinto e moderno. De tal forma que até se dirigiram a mim com perguntas e muita curiosidade. É um bom sinal, Hyundai. Mas por outro lado, estou perdido. Já decidi que gosto muito da traseira e do perfil, mas não sei o que pensar da frente. É demasiada informação para os meus olhos e demasiado diferente das linhas mais angulares e rectilíneas do resto da carroçaria.
Digitalização, pois claro
Por dentro, está, igualmente, muito mais moderno, com o digital a assumir um papel de destaque. Mas ainda no que ao design diz respeito, fiquei com a mesma impressão da secção dianteira: demasiadas curvas. Entendo que a ideia foi criar o efeito de casulo, em que condutor e passageiro são “abraçados” pela linha de cintura do tablier e portas, mas até ao momento, não fiquei fã. Felizmente, gostos não se discutem, e este ponto de vista em nada altera a boa impressão com que fiquei dos materiais utilizados e da sua montagem.
O painel de instrumentos é totalmente digital, cuja informação muda com o modo de condução seleccionado e ao centro da consola, o ecrã táctil do infotainment está rodeado de botões de atalho e dos controlos da climatização que, infelizmente, não contam com um único botão físico, pois todas as funções e comandos são actuados por superfícies tácteis. Giro, sem dúvida, mas pouco prático e quase sempre um motivo de excessiva distracção quando estamos ao volante. Para além disso, a facilidade com que toda a consola acumula dedadas e sujidade obriga ao transporte do obrigatório “paninho”.
No que diz respeito a espaço no banco traseiro, o Tucson que saiu agora de cena já dava muito bem conta do recado, mas não consegui não ficar impressionado com este novo modelo. Muito espaço livre para pernas e cabeça, um lugar central muito utilizável e vidros que descem totalmente, tudo bons argumentos num veículo de cariz familiar, e complementados por uma bagageira capaz de engolir todas as tralhas que acompanham uma família no dia-a-dia, principalmente ao fim-de-semana. Atrás, senti apenas falta de saídas de ar da ventilação dedicadas.
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Poupado e bom rolador
Passando ao motor Diesel com tecnologia mild hybrid, gostei da sua disponibilidade, da suavidade de funcionamento do start/stop, bem como da possibilidade de deslizar, em determinadas situações, com o motor desligado. Tudo isto contribui para a excelente média registada, apenas 6,1 l/100 km, num SUV que, relembro, não é pequeno. Apesar da boa insonorização do habitáculo, senti a falta de relações de caixa mais longas ou, por que não, de uma oitava relação que obrigasse a cambota a girar mais lentamente a ritmos elevados, uma vez que a 130, 140 km/h, o motor respira perto das 2300 rpm.
Ainda assim, é uma excelente proposta para fazer longas viagens, um autêntico devorador de quilómetros, bom rolador e com um comportamento a toda a prova. Rola com uma robustez muito saudável, sem movimentos exagerados e sem excessiva rigidez. Gostei muito do trabalho da Hyundai na suspensão. Obviamente que os pneus cedem cedo a exageros, até porque o peso do Tucson faz-se sentir, mas de uma maneira geral, o Tucson recebe muito boa nota neste capítulo.
Este novo Tucson é um carro superior ao anterior em tudo. Podia sê-lo apenas numa parte dos seus elementos, mas o salto foi grande em diversas áreas. Tão grande que o estranhei, principalmente no que diz respeito ao design. A gama de motores disponíveis é extensa e inclui propostas híbridas, com maior presença eléctrica do que o sistema MHEV deste 1.6 litros, mas este não só provou que o Diesel tem ainda espaço neste segmento, como faz todo o sentido para quem faz grandes distâncias com regularidade. Para além do consumo baixo, destaco o espaço interior e o muito equipamento, elementos que, em conjunto, fazem deste Tucson um excelente carro de família. O design pode até não ser para todos, mas também isso pode ser uma vantagem do novo Tucson, apelando aos condutores que procuram um SUV com mais identidade, mais irreverente. Tem de ser esse o caminho e a Hyundai sabe-o. Mais um produto cheio de qualidade, mais um que atesta o inquestionável bom momento da marca coreana.