DS 3 Crossback 1.2 PureTech – Como este, não há outro no segmento
Sou fã do que a então PSA, agora Stellantis, fez com a DS Automobiles, evoluindo a sub-marca que distinguia os Citroën mais luxuosos e requintados para uma marca independente, com uma postura assumidamente premium e que, pelo menos na minha opinião, conseguiu construir uma identidade muito própria. Este DS 3 Crossback é o mais pequeno dos modelos da marca que podes comprar, assumindo a inevitável postura SUV que a cada vez mais pessoas agrada, mas aqui com uma dose extra de estilo e classe, bem mais do que é normal encontrar em propostas deste género onde é quase sempre a robustez e uma falsa sensação de liberdade para o fora de estrada a falar mais alto.
Crossover, sim. Distinto, também
Aqui não. Aqui não há músculo. Há formas. Aqui quem manda é a referida classe. Este crossover é, por isso, inconfundível. O DS 3 aposta num design igualmente decidido, urbano, na moda, mas muito mais chique. E a verdade é que funciona. Há muita coisa a acontecer, na grelha, na iluminação, no desenho do segundo pilar, no tejadilho de cor diferente e até nos puxadores, embutidos nas portas quando não são necessários. Mas volto a dizer: tudo junto, funciona! Por dentro, apesar de ser o modelo de acesso à gama da DS, o “3” não esconde o carácter premium, apostando igualmente num desenho e arrumação muito própria de todos os elementos do habitáculo, bem como utilizando materiais agradáveis ao toque onde realmente importa. Os bancos são muito confortáveis e a posição de condução é, para mim, das melhores do segmento. Isto porque gosto de me sentir baixo e com o volante bem próximo peito e o DS 3 Crossback, mesmo sendo um crossover, permite-o.
Atrás, não se pode esperar tanto conforto. O espaço é algo limitado em comprimento e o acesso ao banco traseiro também não é facilitado pelo “buraco” relativamente pequeno que a porta deixa quando a abrimos. Já lá sentado, este DS 3 fez-me recuar umas semanas até ao ensaio do Toyota C-HR, um modelo de segmento superior que, embora ofereça, obviamente, mais espaço, sofre do mesmo problema que este francês, a pouca luz natural que entra na parte de trás do habitáculo. A originalidade do design foi a prioridade, não o tamanho das janelas. Digo o mesmo que disse no ensaio ao Toyota: são opções. Quem preferir o conforto de mais luz e janelas grandes, não pode optar por um modelo com uma estética tão dinâmica e trabalhada.
Conforto, sim, foi a prioridade na altura de definir o acerto da suspensão e a escolha de pneus. O DS 3 Crossback não está preocupado em curvar com rapidez, está sim, preocupado em curvar em conforto e em absorver buracos e quaisquer outras imperfeições com eficácia. E consegue-o, quase sempre. Conduzir ou viajar a bordo do mais pequeno dos DS é uma experiência relaxante, ideal para acalmar aqueles dias mais atribulados durante a semana de trabalho.
Mas se estiveres atrasado para o trabalho e não houver mesmo volta a dar à pressa com que tens de chegar, fica a saber que o enérgico motor 1.2 PureTech de 130 cavalos não te vai desiludir. Responde muito bem, principalmente se seleccionado o modo de condução mais desportivo, mas com isso vêm, também, consumos mais elevados, valores que, mesmo em ritmo normal, gostaria que tivessem sido mais baixos, mas raramente vi a média acumulada no computador de bordo descer dos 7,5 l/100 km.
Eléctrico, Diesel e a gasolina, como este
Talvez a caixa automática seja um pouco responsável pelo consumo demasiado alto que encontrei ou talvez eu seja o maior responsável, mas o que é certo é que a EAT8 é uma boa aliada para o conforto e facilidade de condução de um dos mais distintos crossovers de segmento B do mercado, ainda que lhe tenha que apontar alguma falta de fluidez nas passagens. Já me cruzei com esta transmissão inúmeras vezes e tenho ideia de que as passagens de caixa nunca foram tão notórias como neste reencontro com um modelo com ela equipado. Ainda assim, nada de grave.
No que diz respeito à gama, podes comprar o DS 3 Crossback com motor eléctrico, versão a que a DS chama de E-Tense, ou então com motor térmico, a gasolina, como este que testámos, ou Diesel, os sempre muito poupados BlueHDi. Se o 100% eléctrico não for opção para ti e as médias mais baixas dos Diesel não te fizerem assim tanta diferença, ficas bem servido com o PureTech de 100 cavalos. Anda menos, é certo, mas não só anda o suficiente, como é mais barato. Mas também digo, até podia ter 250 cavalos debaixo do capot. Se estás atrasado para o trabalho, vais chegar atrasado na mesma, garanto-te.
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