Sou um dos melhores condutores do mundo
E digo isto de peito cheio! Tens dúvidas? Se calhar tu, também, és um dos melhores condutores do mundo. Como é que podes verificar isto? Simples, começa a tomar atenção a algumas destas características.
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Que há maus condutores nas estradas, já todos sabemos. Mas também os há bons. Na verdade, talvez todos achemos que somos os melhores condutores do mundo. Ou, pelo menos, que fazemos parte de um restrito grupo de exímios condutores de automóveis. Mas a probabilidade é que isso seja uma falácia. A velha expressão “ainda têm de nascer duas vezes para serem tão bons quanto eu” é um clássico que ouvíamos, muitas vezes, a sair da boca do nosso pai. Não que o nosso pai não seja um bom condutor – o meu, por exemplo, é bastante bom – mas a maior parte das vezes dizem isto porque acham que conduzir rápido e fazer curvas com os pneus a chiar é sinónimo de conduzir bem. E isso não podia estar mais longe da verdade.
Uma coisa chamada sociedade
Conduzir em circuito, seja qual for a modalidade, é uma coisa, e até mesmo aí há bons e maus condutores. Agora, conduzir em estrada, em sociedade, a zelar pelo código da estrada é outra completamente diferente. E é aqui que importa. Ninguém quer saber se és muito bom a atingir o apex da curva e se sabes distinguir os vários tipos de travagem para curvar ou quando os utilizar. Se não antecipas uma passadeira, não és bom condutor.
Ninguém quer saber se és rápido a trocar de mudança ou se fazes um excelente “ponta-tacão”. Se não usas os piscas nas mudanças de direcção ou à entrada e saída de uma rotunda, não és bom condutor. Se não dás prioridade a quem deves ou, principalmente, se não facilitas o trânsito, és mau condutor. Se não percebes que as duas mãos no volante têm uma razão de ser e que são uma das primeiras coisas que podes fazer para a tua segurança (e dos outros) na estrada, és mau condutor. Se conduzes no meio das estradas, és mau condutor. Se conduzes com o nariz no rabo dos outros carros, és mau condutor. E por aí fora!
Estão a perceber onde quero chegar, certo? Do que vale seres muito bom a conduzir rápido, se não estás sozinho na estrada e aquilo que realmente importa – que é conduzir de forma extremamente segura, facilitar o trânsito e a sua fluidez – não é algo que te importe. Muitos condutores parece que estão sozinhos na estrada e, pior, muitas vezes parece que não querem saber dos outros. É capaz de não haver nada mais perigoso do que um condutor que não antecipa e acha que sabe mais do que os outros. Perceber que o perigo pode surgir em qualquer lado é meio caminho andado para o conseguirmos evitar.
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Peões, indicadores e cruzamentos
Mas não basta, apenas, antecipar. É preciso avisar os outros condutores e peões. Usem os piscas. Abusem deles! Mais vale assinalar a mais do que não assinalar. E, por favor, não buzinem. Só é permitido em caso de perigo iminente ou, fora das localidades, em zonas de visibilidade reduzida para assinalar a presença. E de forma breve. Ou seja, nada daquelas “musiquinhas” que a malta stressada gosta de fazer. Pópópó pópó póóóóóóóó! Mas há mais. Uma coisa que ajuda imenso a conduzir bem e a não atrapalhar o trânsito é não se armarem em “Fittipaldi” e meterem-se à sacanagem à frente dos outros e a furar filas. Não vale a pena. Até do ponto de vista da dinâmica de trânsito (ui, termos que parecem inteligentes) só estraga. Fuça para entrar, provoca travagens na fila e efeito acordeão, logo, mais fila.
Não sou nenhuma autoridade, mas deixo aqui os meus dois cêntimos, como dizem os americanos. No trânsito, andem com a maior fluidez possível. Não se cheguem ao carro da frente só porque há espaço. Isto faz com que o efeito acordeão não se elimine e para a fila acabar é necessário que os carros estejam todos a andar, mesmo que devagar. Em vez de acelerares até ao próximo carro, tenta fazer com que o teu carro “vá andando” e esteja o mais possível em movimento. Dica número dois (mas esta eu juro que quem não cumprisse devia levar com um bastão de basebol nos faróis): NÃO PAREM NO MEIO DOS CRUZAMENTOS! Mas é assim tão difícil de entender que isso bloqueia o trânsito? Não é, pois não? Então parem de o fazer.
Bom, agora que tirei isso de cima, é claro que a destreza e a fluidez na condução são importantes. Saber controlar o carro com perícia, saber o que fazer quando perdemos tracção, quando entra em subviragem ou sobreviragem, quando precisamos de travar a fundo ou acelerar rapidamente, etc. Mas nada disso se compara ao cumprir o código da estrada, sinalizar as manobras e, no fundo, respeitar os restantes condutores e peões. Sim, porque eles também fazem parte da estrada, especialmente dentro das localidades. É incrível a quantidade de “aselhas” que se vê por essas estradas fora. Não sejas, tu, um deles. Se todos conduzirmos bem e com cuidado, a probabilidade de haver acidentes baixa consideravelmente e o trânsito flui muito melhor. Ganhamos todos, se pensarmos em todos. Por isso, sim, eu sou um dos melhores condutores do mundo.