Renault Arkana – Reinventar o segmento mais importante
Sim, é verdade. O novo Arkana é um SUV de segmento C, “campeonato” onde a Renault já joga com o Kadjar e onde tem, igualmente, o seu best seller Mégane. Mas o novo Arkana não quer ser mais, nem menos, quer ser, apenas diferente. A Renault também o assume: o Arkana tem nesses consagrados modelos dois rivais internos. Isto para além de nomes como o 3008, o Qashqai e muitos outros. Mas o que o Arkana tem é um design distinto, uma silhueta até ao momento apenas vista em segmentos superiores e quase sempre associada a símbolos premium. O Arkana assume-se por isso como um SUV Coupé, com um formato de carroçaria bem mais desportivo do que qualquer um dos rivais acima mencionados.
Fui conhecê-lo na sua apresentação nacional, na zona de Melides, e após 300 quilómetros percorridos neste primeiro contacto, estou em condições de avançar com algumas impressões de condução, ainda que incompletas, conclusões que guardarei para quando com ele me reencontrar para um ensaio mais prolongado. O Arkana assume-se, desde logo, como o primeiro elemento da ofensiva do plano estratégico Renaulution, o ponta de lança da era “Nouvelle Vague” da marca francesa, num segmento que representa quase 40% do mercado automóvel nacional. E ainda que o Arkana tenha acabado de chegar, é impossível não entender o entusiasmo revelado pelos responsáveis nacionais da marca após a comunicação de que o Arkana conta já com 10 mil encomendas na Europa, acumuladas em apenas três meses.
Técnica
O Arkana assenta sobre a plataforma CMF-B, partilhando-a com o Captur e com o Clio. Mas isso não faz dele um segmento B, uma vez que esta avançada estrutura permite a produção de modelos com comprimentos que podem chegar aos cinco metros. O Arkana fica, obviamente, aquém, mas com 4,568 metros de comprimento e 2,720 metros de distância entre eixos, bate claramente o Captur nesta luta. Esta vantagem revela-se ao sentar-me no banco traseiro, oferecendo um pouco mais de folga no espaço livre para os joelhos do que o seu já muito bem sucedido irmão. Já o espaço em altura é, como seria de esperar, limitado pela silhueta Coupé com linha descendente do tejadilho. Ainda assim, esse dinamismo não compromete a utilização dos lugares traseiros. Com 1,8 metros de altura, sentei-me confortavelmente atrás de “mim” e ainda tinha uns dois ou três dedos de folga para o tejadilho. Também a bagageira surpreende, graças aos seus 513 litros de volume útil, espaço que se vê reduzido para 480 litros na versão híbrida. Ainda assim, o Arkana, mesmo com o seu look desportivo, coloca-se, com estes valores, em território Kadjar.
Quanto a motorizações, o Arkana é uma proposta sempre electrificada. Mais ou menos presentes, os electrões fazem do novo Arkana um híbrido, seja em configuração mild hybrid ou total. Neste primeiro contacto, comecei o teste com a motorização 1.3 TCe Mild Hybrid de 140 cavalos com caixa EDC de 7 relações. Uma unidade à estreia, com cerca de uma dezena de quilómetros no odómetro, na qual liguei as instalações da Renault em Oeiras ao local do evento em Melides. De imediato, é notório o bom trabalho – sem qualquer surpresa – realizado pela Renault ao nível da suspensão. O Arkana não é a proposta do segmento mais orientada para o conforto, mas mostrou-se dinamicamente muito competente sem com isso prejudicar um conforto de rolamento adequado, ajudado, igualmente, pelos bons bancos. Uma vez mais, a Renault a mostrar como é possível combinar conforto para todos os dias com agilidade e dinâmica sem recorrer à magia do amortecimento variável.
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Condução
O motor de 140 cavalos chega e sobra para o encorpado Arkana, mas fiquei curioso com o andamento extra providenciado pela versão de 160 cavalos que chega mais tarde à gama. Tal como referido no vídeo no nosso canal de Youtube, não estava previsto conduzir, neste primeiro contacto, a versão híbrida. Ainda assim, numa ligeira e bem-vinda alteração de planos, foi-me possível realizar a viagem de regresso a Oeiras a bordo de um Arkana equipado com a motorização híbrida que já tive oportunidade de experimentar no novo Clio. A sua superior eficiência revelar-se-á quando o atirar para o meio do trânsito citadino, mas a verdade é que considerando o mesmo trajecto, o híbrido revelou-se mais económico com uma média de 5,5 l/100 km, batendo o 1.3 TCe, motor com tecnologia mild hybrid que registou 6,2 l/100 km de média de consumo.
O funcionamento da inovadora transmissão Multimodo poderá exigir alguma habituação, quer pelas notórias interrupções que provoca na entrega da potência durante as acelerações mais exigentes, quer pela sensação de esforço em que, pontualmente, coloca o motor térmico. De qualquer forma, o percurso realizado não foi, de todo, o indicado para perceber o seu desempenho quando aplicado no Arkana, bem como as situações descritas não representam o cenário de eleição de um propulsor híbrido que aponta à máxima eficiência. Na cidade, aí sim, fará todo o sentido usufruir desta motorização híbrida, com reconhecida capacidade de regeneração de energia e capaz de funcionar em modo puramente eléctrico, em ambiente urbano, até 80% do tempo de condução. Também a posição de condução elevada fará, certamente, as delícias daqueles que procuram um SUV que os coloque por cima da acção no meio da confusão citadina ou em longas tiradas de autoestrada, proporcionando, por isso, muito boa visibilidade para a frente. A altura livre ao solo é de 200 milímetros, permitindo alguma paz de espírito para enfrentar alguns caminhos menos aconselháveis a um mais convencional Mégane, por exemplo.
Equipamento e gama
A bordo do Arkana RS Line que me levou até Melides, fiquei agradado com o recheio do habitáculo. Não lhe faltavam os bancos dianteiros eléctricos com aquecimento, o painel de instrumentos digital, o assistente de estacionamento, o carregador sem fios para o smartphone, bem como um extenso pacote de assistentes de condução. A gama do novo Arkana distribui-se por três níveis de equipamento, Business, Intens e o já mencionado RS Line. Todos podem ser associados a qualquer uma das motorizações disponíveis neste momento e os preços iniciam-se nos 31 600 €. A diferença de preço entre o motor TCe de 140 cavalos, de acesso à gama, e o híbrido E-Tech é de 1 500 €. O Intens representa um acréscimo de 2 100 € relativamente à versão Business, sendo que a RS Line custa mais 2 600 € do que o Arkana Intens. Importa referir que o Arkana paga sempre Classe 1 nas portagens nacionais.
Visualmente, admito que gostei muito mais do Arkana ao vivo do que nas fotografias. É, sem dúvida, um SUV com presença e, acima de tudo, distinto, rapidamente associado aos muito valorizados segmentos premium e também por isso nos quer parecer que esta é uma muito boa aposta da marca do losango. A presença, em exclusivo, de motorizações electrificadas na gama, não é, obviamente, inesperada, pois a Renault pretende em 2030 ser a marca de automóveis mais verde da Europa, bem como se compromete a lançar, até 2025, catorze modelos da família E-Tech, sejam 100% eléctricos ou híbridos, sete dos quais pertencerão ao segmento C. O Arkana abriu a porta à electrificada “Nouvelle Vague” e agora prometem não parar.
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