Tecnologia Ford luta contra o Síndrome das Crianças Esquecidas
Está um dia quente de verão e uma mãe ou pai chegam ao seu destino, seja ao emprego, a um shopping ou ao supermercado mais perto. Estacionam o carro, saem do mesmo, fecham a porta com o comando (ou o sistema tranca-o automaticamente) e, estando às vezes ao telemóvel, seguem o seu caminho! Há apenas um pequenino pormenor na equação: no banco de trás uma criança dormia o sonho dos anjos… que depressa se torna num pesadelo!
É algo impensável, deveras assustador mesmo, mas infelizmente também uma crua realidade nos mais diferentes pontos do planeta, Portugal incluído: o Síndrome da Criança Esquecida, a que todos estamos eventualmente sujeitos e que se mostra particularmente mortal entre os meses de Abril e Setembro. Não havendo, de acordo com os especialistas, um padrão pré-definido, algumas pessoas esquecem-se, inadvertidamente, das suas crianças e animais no interior dos automóveis, enquanto outros os deixam momentaneamente desacompanhados, em situações do tipo “vou ali já venho… são só 5 minutinhos”, que depois se prolongam no tempo, resultando em tragédias perfeitamente evitáveis.
“Estes casos em Portugal, felizmente, são raros, sendo que apenas tenho memória de um, nestes moldes, caso recente que culminou com a morte de uma criança de 2 anos. Já nos EUA, são uma realidade assustadora, situação que já não acontece com tanta frequência na Europa, ainda que existam alguns casos”, referiu-nos Sandra Nascimento, Presidente da APSI – Associação para a Promoção da Segurança Infantil.
“Importa considerar que muitos dos casos em que as crianças que são deixadas no carro, não resultam de esquecimento. As famílias deixam-nas intencionalmente e sem se aperceberem do risco inerente. A temperatura dentro do um veículo, mesmo à sombra e em dias não muito quentes, aumenta de forma muito rápida e este sobreaquecimento do corpo da criança pode ser fatal. Sem terem consciência de que tudo pode acontecer tão rápido, as famílias deixam a criança no carro porque está a dormir e não a querem acordar ou para fazer pequenas tarefas”, alerta a responsável da APSI.
“É importante também considerar que o risco de a criança ficar sozinha no carro não se limita ao risco de hipertermia, mas também da criança acordar e mexer no travão ou mudanças, abrir a porta e sair, correndo o risco, por exemplo, de ser atropelada”, acrescentou.
Para minimizar esse flagelo, que não só rouba vidas, com efeitos de uma agonizante insolação, como de toda a comunidade familiar, dos amigos, etc, a Ford desenvolveu um muito bem-vindo ajudante – chama-se Alerta de Ocupante Traseiro – integrando-o em muitos dos seus modelos, sistema que já terá, decerto, ajudado a salvar muitas vidas. Activado sempre que as portas de trás (ou bagageira) tenham sido abertas no início de uma viagem, após a total imobilização do carro e a ignição ter sido desligada, o sistema notifica o condutor para que verifique o banco traseiro.
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É uma espécie de “auxiliar de memória” nas ocasiões em que, por alguma razão, este esteja por demais distraído com as questões do quotidiano, apresentando-lhe, no ecrã central, um alerta visual de 10 segundos (ou até ser cancelado), junto com um aviso sonoro, lembrando-o de verificar os bancos traseiros antes de sair, trancar as portas e se afastar da viatura.
Para além de alertar para a presença desses pequenos passageiros – há, também, reports envolvendo pessoas de idade e com diversos graus de deficiência – o sistema serve ainda de lembrete para os potenciais objectos de valor, como um computador portátil, uma mala ou outros itens de que os sempre atentos amigos do alheio tanto gostam de surripiar. Na Europa, a tecnologia está disponível nos modelos EcoSport, Fiesta, Focus, Galaxy, Kuga, Mondeo Hybrid, Mustang Mach-E, Puma, S-MAX, Transit e Tourneo Connect.
“Cinco minutinhos” que podem revelar-se fatais!
Todos os anos, crianças e animais de estimação sofrem episódios de hipertermia (vulgo insolação) muitas vezes fatais, depois de quem os leva consigo os deixarem esquecidos ou sozinhos nos tais “5 minutinhos” dentro dos automóveis, ou mesmo pelos próprios petizes, ávidos de aventuras e que, inadvertidamente, conseguem entrar para as viaturas dos desatentos papás, locais onde as temperaturas podem rapidamente exceder a do exterior. São comportamentos com um elevado risco de morte associada.
De acordo com os especialistas, o corpo de uma criança sobreaquece três a cinco vezes mais depressa do que o de um adulto, devido às menores reservas de água. As temperaturas dentro de um veículo podem aumentar 10 a 15 graus Celsius a cada 15 minutos e nem a (pseudo) solução de deixar as janelas abertas é algo que resolva o problema, mesmo em dias de temperaturas mais amenas. A hipertermia pode, assim, dar-se em minutos a as fatalidades em cerca de 2 horas.
Nos EUA, país que há muito prepara regulamentação que obrigue a que os construtores instalem um sistema deste tipo de série nas suas viaturas (o “Hot Car Act”), ocorrem, em média, 39 mortes por ano, ou seja uma a cada 9 dias, ascendendo a perto de 1.000 os casos registados desde 1990! Na Europa a situação é menos comum, registando-se, ainda assim, a cada verão 20 mortes por esquecimento no interior de viaturas, como consequência da desidratação provocada pelas altas temperaturas no interior do veículo existindo registos recentes de fatalidades na Irlanda, França, Bélgica e até Portugal.
Por cá houve duas situações recentes, uma em Lisboa, em Maio, envolvendo um bebé de 24 meses, que faleceu após 7 horas no interior de viatura, e outra em Março, esta em contexto escolar, quando um menino de 3 anos ficou várias horas num autocarro de transporte, em Rio Maior, história que teve um final bem mais feliz!
Relativamente aos animais de estimação, o Alerta de Ocupante Traseiro da Ford surge numa altura em que a sua posse está em plena expansão, um pouco por todo o mundo, exemplares para quem o tempo quente também se pode revelar perigoso, se deixados dentro dos veículos. Um cão, por exemplo, espécie que transpira através da língua, pode morrer rapidamente em ambiente de elevada humidade e sem que tenha água para repor.
Em Portugal, de acordo com o Sistema de Informação de Animais de Companhia (SIAC), em 2020 registou-se um aumento de 78% na adopção de gatos (perto de 37.000 exemplares) e de 15% na de cães (quase 59.200). Isto só de animais oficialmente registados.
Outros exemplos vêm de Inglaterra e País de Gales, países onde a RSPCA (Royal Society for the Prevention of Cruelty to Animals) registou perto de 65.000 incidentes relacionados com animais devido à sua exposição ao calor, entre 2009 e 2018. De acordo com esses especialistas, um cão, nestas condições, pode morrer em apenas seis minutos.
Por vezes, em algumas das situações acima, são os transeuntes que ao passarem por viaturas, nomeadamente as que encerrem crianças sozinhas (mas também os mais sensíveis à causa animal), chamam a si acções necessárias para tentar evitar uma potencial tragédia, seja por alertarem as autoridades competentes ou, em situações de maior limite, quebrando os vidros das viaturas. Só que, por vezes é tarde demais!
Vídeo do “Bebé em Gelo” demonstra os riscos associados
Para realçar os perigos dos automóveis expostos a elevadas temperaturas, a Ford pediu a um especialista em peças em gelo para esculpir um bebé de 12 meses e também um cão em gelo. Sentou o bebé numa cadeirinha, colocada no banco traseiro de uma carrinha Focus, enquanto o Labrador foi posto na bagageira, numa caixa de transporte de animais. No interior das suas instalações Weather Factory, em Colónia (Alemanha), espaço onde se simulam as 4 estações do ano, de condições reais a situações extremas, aquando do processo de desenvolvimento dos seus modelos, ajustou a temperatura exterior para os 35°C e…!
Foram apenas precisos 19 minutos para que a temperatura no interior do carro ascendesse aos 50°C, fruto desse calor exterior, extremado pela radiação de ondas curtas que entra pelas janelas da viatura, reflectindo-se nos bancos e no tablier, levando a que as esculturas de gelo começassem a derreter com elevada rapidez.
… e as férias 2021 estão aí a chegar!
Se antes, em resultado das vidas desenfreadas do casa-trabalho-casa, já andávamos todos com a cabeça a mil, muitos vêm-se agora impactados com os efeitos/choque de uma pandemia que há mais de um ano condiciona as nossas vidas e que, pelo andar da carruagem, nos irá acompanhar por mais algum tempo, com maiores ou menores restrições, obrigando-nos à adopção de rotinas que, até há bem pouco tempo, nem sequer pensávamos, quanto mais considerar passar a ter. Andamos aluados, distraídos, esquecidos, agarrados aos cada vez mais sofisticados telemóveis, colados às mãos, aos olhos e aos ouvidos, alheando-nos do mundo em redor.
Entretanto, o Verão já está aí, pelo que muitos se preparam para fugir a uma rotina que, para muitos e tirando um intervalo ou outro, esteve confinada às quatro paredes lá de casa durante meses a fio. As escapadinhas de fim-de-semana, para a praia, para o campo ou para ir à terra, ver quem há muito está privado da nossa companhia, bem como as tão desejadas férias que, em grande parte dos casos, vão ter de ser feitas maioritariamente cá dentro, irão obrigar a uma maior utilização dos nossos automóveis e, com isso, a redobradas atenções de com quem connosco viaja.
No caso de um saco ficar para trás no carro não virá mal ao mundo, mas se ali deixarmos uma criança ou um animal, a coisa torna-se significativamente mais grave em potenciais resultados. Na Garagem deixamos alguns conselhos práticos:
É por esta razão que as recomendações que a APSI faz neste contexto são as seguintes:
– Nunca deixe uma criança sozinha no carro, nem por breves instantes, e mesmo que esteja a dormir. Para além do risco de hipertermia, a criança pode conseguir libertar-se do cinto, mexer nas mudanças ou tentar sair do veículo;
– Ao estacionar na garagem ou jardim, tranque sempre o carro e guarde a chave num local que as crianças não alcancem, nem conheçam. As crianças gostam de brincar dentro dos carros e vão fazê-lo se tiverem a oportunidade. Podem destrancar o carro, magoar-se nos vidros elétricos, não conseguir sair ou adormecer (com o risco de hipertermia associado).
– Se tem receio de se esquecer da criança no carro – o que pode acontecer em situações em que está sob grande stress ou quando houve alterações de rotina – use “auxiliares de memória”, como por exemplo, deixe alguns objetos pessoais na parte de trás do carro (ex: telefone, carteira) ou coloque objetos da criança (ex: chupeta) no banco da frente.
Em situações limite, ligue o 112 sempre que veja uma criança sozinha no interior de uma viatura!
Dito isto, resta desejar a tod@s @s leitores/as da Garagem uns bons passeios e/ou umas boas férias!
Fotos: Oficiais / Ford