Opel Mokka 1.2 Turbo – A Opel do futuro começa aqui. E começa bem
Assim que se soube que a Opel iria passar a fazer parte do Groupe PSA, actualmente inserido no colossal nome Stellantis, muitos foram os fãs e clientes da marca alemã preocupados com o seu futuro, principalmente no que à identidade da marca dizia respeito; bem como a uma possível exagerada separação das suas origens alemãs. Também eu me questionei sobre essas e outras questões, pensamentos que voltam agora a ocupar os dias de ainda mais pessoas, dada a mais recente inclusão de várias marcas nesse mesmo gigante, todas elas históricas, símbolos icónicos da indústria automóvel para os quais é essencial o desenvolvimento de uma estratégia que garanta o seu futuro, mas que, por outro lado, respeite a sua história, quer ao nível do design, da condução e da tal identidade de marca. Isto traz-me ao novo Mokka, um Opel da mais recente geração de modelos da marca de Rüsselsheim que, pelo menos do ponto de vista estético, dá garantias de que podemos estar descansados. Não se parece, em nada, com um Peugeot 2008, embora com ele partilhe uma grande parte dos seus componentes.
Vizor para o futuro
Um dos maiores responsáveis pela nova linha de design da marca alemã é o Opel Vizor, uma zona dianteira onde predomina o preto onde habitualmente estaria uma grelha e que se prolonga até à iluminação. No exemplar escolhido, destaque para a muito bem conseguida combinação de cores, com o branco da carroçaria a contrastar com o preto que se prolonga do Vizor para o capot e tejadilho, cores que se separam pelo vermelho no perfil. O Mokka foi, inclusivamente, dos modelos recentemente testados, um dos que mais interesse gerou junto das pessoas com quem nos cruzámos. Robusto e encorpado, mas compacto, exactamente como um crossover, que vai passar grande parte do seu tempo na cidade, deve ser. Nesse aspecto, o da sua compacidade, importa referir que, embora partilhe a plataforma com o Peugeot 2008, o Mokka é mais curto, quer no comprimento total, quer na distância entre eixos. Esse menor comprimento faz-se sentir ao nível da habitabilidade, sem que isso se torne uma questão crítica quando chegar a altura de usar o banco de trás. A acessibilidade é um pouco limitada, é verdade, mas depois de sentados, não estamos, de todo, mal instalados. Pela primeira pessoa do singular, “nós”, entendam-se dois passageiros, como é hábito em propostas de segmento B. O terceiro passageiro cabe, mas a viagem torna-se mais comprimida, claro. As janelas não são muito grandes e também o vidro de trás limita um pouco a visibilidade para o condutor, mas tudo isso é compensado pela pinta do Mokka, um produto inegavelmente bem conseguido pelos designers da marca do relâmpago.
Mais à frente, para quem conduz, mais conforto, claro. E principalmente pelos óptimos bancos, uma área em que a Opel continua a apostar, e bem! De desenho simples e sem ajustes eléctricos, não é por isso que os bancos do Mokka não podiam ser ergonómicos e confortáveis, tal como a Opel mostrou ser possível. Várias marcas podiam seguir este caminho, só lhes fazia bem. Ainda à frente, o design do tablier é, essencialmente, um prolongamento da imagem encontrada no exterior, destacando-se, de imediato, o Pure Panel, conceito que combina um painel de instrumentos digital, com informação legível em quantidade adequada, para não cansar e distrair, com um sistema de infotainment a seu lado, ambos protegidos pela moldura em Piano Black em acentuado contraste com o vermelho que o contorna. Jovem, moderno, diferente. Gosto muito do interior do Mokka e a combinação da digitalização e tecnologia com soluções onde é, à partida, de evitar mexer, como a climatização com comandos físicos, está, a meu ver, bem conseguida. Não sei se não passei tempo suficiente na companhia do Mokka, mas não atinei com a colocação do botão de arranque do motor, demasiado atrás e debaixo do volante. E claro, o acabamento em Piano Black no tablier e consola central significam que um pano microfibras é um elemento obrigatório no compartimento do apoio de braços.
Motores para todos os gostos e necessidades
A oferta de motores na gama Mokka é extensa. A adoção desta plataforma possibilitou à Opel disponibilizar uma versão totalmente eléctrica, mantendo, igualmente, a aposta numa versão equipada com motor Diesel. E se a eléctrica é a mais potente da gama, com 136 cavalos, o Mokka Diesel de 110 cavalos será aquele que possibilita uma maior autonomia, com o eficiente motor a gasóleo a deixar os – ainda assim respeitáveis – 320 quilómetros de autonomia do Mokka-e, bem para trás. Para os restantes condutores deste muito giro crossover de segmento B, a Opel propõe o motor 1.2 Turbo, a gasolina, em dois níveis de potência: 100 e 130 cavalos. E se a de 100 cavalos deverá ser mais do que suficiente para uma grande parte dos condutores, é inegável o pulmão adicional desta versão de 130 cavalos que conduzi, bem como o conforto de utilização que a caixa automática de 8 velocidades proporciona. No entanto, apesar de reconhecer que durante este ensaio me foquei muito em ambiente de condução na cidade, achei o consumo demasiado elevado, quase sempre acima dos 7 l/100 km, um valor que, não chocando, podia ser mais simpático. Diria que a versão de 100 cavalos deste motor três cilindros Turbo será a mais indicada para manter o consumo abaixo desse valor. Veremos, em breve, se tivermos oportunidade de a conduzir.
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Ainda no que diz respeito à condução, e comparativamente ao Crossland com que partilha a gama de crossovers urbanos da Opel, o Mokka é assumidamente uma proposta mais dinâmica, com uma suspensão que não posso apelidar de firme, mas que não esconde um perfil mais orientado para a agilidade do que para o conforto. E nesse aspecto, prefiro este Mokka ao Crossland que conduzi recentemente. Menos brando que o Crossland para ultrapassar os obstáculos da cidade, mas bem mais eficaz a curvar, com um controlo superior dos movimentos da carroçaria, sem o conseguir à custa de excessiva rigidez. Esteticamente dinâmico, qualidade que se prolonga, na dose certa, à experiência de condução e longe de ter a eficácia e rapidez de um Ford Puma, o Opel Mokka é uma nova proposta, cheia de qualidades, para o segmento que mais condutores cativa. Gostei imenso da sua presença, da originalidade da sua imagem, da facilidade com que se deixa levar e da proporção bem conseguida entre conforto e dinâmica, mas achei o consumo demasiado elevado, pelo que estou muito curioso por conduzir a versão menos potente, certamente mais poupada, com todos os outros argumentos que referi. Gostei e tenho a certeza de que vou gostar muito do que está para vir. A nova Opel está bem viva e recomenda-se.