Mazda MX-5, o bálsamo português pós-confinamento
Que os portugueses são, na maioria dos casos, uns eternos optimistas já se sabia, agora que, em Portugal, um dos modelos que maior procura teve, em termos de mix de gama Mazda, nos meses seguintes ao desconfinamento, foi o MX-5…!
Pois é, à laia de bálsamo para o demasiado tempo que os clientes Mazda se viram confinados às quatro paredes das suas casas, a aturar sabe-se lá o quê, estes assim que saíram e viram a oportunidade de comprar um carro novo da marca de Hiroshima não foram de modas e… zás, vá de seguir o coração e sair do concessionário ao volante de um!
Foi, segundo a Mazda Portugal, uma espécie de boa surpresa, como refere Pedro Botelho, Director de Vendas do representante nacional: “Consideramos bastante curiosos os resultados que o Mazda MX-5 alcançou nesses períodos pós-confinamento, com o nosso icónico modelo a crescer em volume de vendas e em peso no nosso ‘mix’ de modelos, demonstrando o seu lado puramente emocional. Num ano de 2020 em que o MX-5 representou 10% do ‘mix’ de vendas da Mazda, que em final de Junho de 2021 cresceu para 13%, tendo atingido, pontualmente, um pico de peso no ‘mix’ da Mazda em Março de 2021, com 25%, tal coincidiu com o nosso segundo desconfinamento e o início da Primavera.”
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Estas vendas mais recentes contribuíram para o bolo de 3.923 unidades novas matriculadas em terras lusas desde o lançamento oficial do “NA”, no longínquo ano de 1990, e o final de Junho último, naturalmente que já com o actual “ND”, Soft-Top e RF. Nesse ano do arranque das vendas matricularam-se 30 MX-5, 2019 ficou como o ano com mais registos de MX-5 novos (337), seguido ex-aequo pelos resultados dos anos 2000 e 2006 (286), integrados num período de 30 anos e mais uns pozinhos em que em 10 deles a marca somou volumes de matrículas acima da fasquia das duas centenas.
Em termos de preferências, a maior fatia de volume escolhido pelos clientes lusos centra-se, naturalmente, nas variantes de capota de lona, solução que é transversal a todas as gerações. As primeiras capotas rígidas eram vendidas como acessório, surgindo, depois e oficialmente, no MX-5 “NC” Roadster Coupé, numa espécie de antecipação ao lançamento do MX-5 RF, já na actual geração. Esta nova solução deu um outro alento adicional às vendas, atraindo um leque de clientes que prefere uma maior capacidade de insonorização e de protecção contra as eventuais vicissitudes da meteorologia, face à permitida pela outra opção mais, digamos, barulhenta. Essa alternativa representa, actualmente, cerca de 36% das vendas, contra 64% dos MX-5 Soft-Top, versão de que também eu gosto particularmente mais!
São números que, considerando os MX-5 que possam ter sido importados poderá ver-se somado de mais umas quantas centenas, exemplares que se reúnem – infelizmente nunca nesses volumes tão significativos – nos vários encontros do Club MX-5 Portugal que, a cada ano, vão percorrendo as mais diversas regiões do país. Recordamos que a Garagem até já participou num deles, aquando do lançamento da edição comemorativa do 30º aniversário. Ao volante de um MX-5 Orange Racing – um dos apenas e muito exclusivos 10 exemplares que vieram para o nosso país – integrámos uma colorida caravana, não só aproveitando o convívio com esse grupo, como os elementos históricos e conteúdos gastronómicos inerentes a esses passeios, associados à condução do cada vez mais popular roadster.
Mais de 1,15 milhões… and counting!
E é isto: um milhão, cento e cinquenta mil, trezentos e cinquenta e dois! É o número oficial de MX-5 saídos da fábrica de Ujina, na cidade-berço da Mazda, Hiroshima. A contabilidade fechada ao mês de Maio envolve todas as suas 4 gerações, numa história a que não se deseja um final, e a que se soma, a cada mês, mais uns quantos milhares às tabelas de Excel.
Em produção de 1989 a 1998, o MX-5 “NA” totalizou 431.506 unidades, ficando para si esse recorde familiar, sendo a geração seguinte, a “NB”, a que mais se lhe aproxima, com 290.123 exemplares, uma proposta exibida no Salão de Tóquio de 1997 e vendida ao longo de 7 anos, a partir de Janeiro do ano seguinte. Depois, foi no Salão de Genebra, em Março de 2005, que o MX-5 “NC” se revelou, chegando ao mercado em Agosto, acumulando 231.632 unidades, produzidas ao longo de quase 11 anos, incluindo duas actualizações de relevância e integrando uma primeira versão de tejadilho rígido eléctrico, o tal Roadster Coupé.
Já o mais recente MX-5 “ND” foi desvendado nos EUA, em Setembro em 2014, quarta geração que chegaria aos mercados mundiais menos de um ano depois, dando não só continuidade ao popular formato Soft-Top, para, a partir de Janeiro de 2017, chegar o RF (ou Retractable Fastback), uma reinterpretação do tipo targa, com capota rígida eléctrica. Ascendem a quase 200.000 (197.091 para ser mais exacto) os MX-5 e MX-5 RF “ND” já saídos de Ujina.
América do Norte, Europa e Japão absorvem mais de 95% das vendas
A divisão de vendas pelo planeta do eternizado ícone faz-se em percentagens, com a América do Norte, que até o apelida de “Miata”, a absorver a fatia mais significativa (45%), seguindo-se a Europa (33%) e o seu mercado natal japonês (18%), onde o modelo também já se vendeu como “Roadster” ou até como “Eunos”. Austrália e China são dois outros mercados referenciais para a Mazda, embora sejam mais residuais os volumes acumulados (2% e 0,2%, respectivamente, do total de vendas). Os restantes proporcionam momentos de puro prazer de condução, a céu aberto, em dezenas de outros mercados do planeta.
Desses pouco mais de 1,15 milhões de MX-5 produzidos até ao final do passado mês de Maio, 1.135.957 estariam já em circulação, na assumpção de que todos ainda de deslocam pelos seus próprios meios, ultrapassando-se o jargão britânico do “shit happens”, que ditará alguns resultados mais dolorosos, como a sua total destruição. Vamos, assim, fingir que o mundo é maravilhoso e que nunca nenhum MX-5 sofreu de uma qualquer maleita e que, qual super-herói que se preze, todos saíram sempre de fatinho aprumado das situações mais apertadas. Neste grupo incluímos os 295 MX-5 “NC” (versão EUA) que, em 2006, quase se viram engolidos pelas águas do Pacífico Norte, quando o supercargueiro que os transportava entrou em tilt, na região do Alasca, nas imediações das Ilhas Aleutas, ou ainda as versões de competição, das múltiplas MX-5 Cup que se disputam, tantas vezes ao centímetro, nos perímetros – e às vezes para além deles – dos mais icónicos circuitos do planeta!
É, assim, de 14.395 unidades o diferencial entre os volumes de produção e de vendas, integrando os MX-5 que ainda estão ou nos parques em redor da fábrica de Ujina, ou em trânsito para os diversos mercados mundiais, em terminais de logística ou até já mesmo entregues e expostas nos stands dos Concessionários Mazda.
Agora que o Verão chegou, finalmente, e as restrições – se bem que ainda necessárias – já são bem menores, haverá um deles à sua espera?
Fotos: Oficiais Mazda