Hyundai Kauai EV – Menos expressivo, mas muito eficiente
Gosto do Hyundai Kauai. É um carro que não se parece com nenhum outro do mercado, destacando-se, facilmente, da restante oferta do segmento. É um carro com um design assumidamente arrojado, com grelhas aqui e ali, com cores contrastantes, com iluminação separada em vários elementos. Passa-se muita coisa ao mesmo tempo, uma receita que, para mim, tem tudo para dar asneira, mas no caso do Kauai, é um tremendo sucesso. É um carro super giro, na minha opinião.
E como qualquer carro, o conjunto criado pela grelha e faróis definem a “cara”, a identidade, simpática ou agressiva do modelo. Aquela primeira impressão que nos faz gostar, ou não, do carro em questão. E olhando para o expressivo Kauai térmico e de seguida para este novo e fechado Kauai EV, tenho pena que lhe tenham “cosido a boca”, fechando a grelha de que não precisa para refrigerar e beneficiando a aerodinâmica para que tenham mais meia dúzia de quilómetros de autonomia. É um Kauai na mesma, mas, na minha opinião, com uma cara muito menos simpática.
Ainda assim, esse menor sorriso ao receber-nos é compensado por uma grande eficiência que coloca em nós, condutores, um sorriso na cara. O Kauai EV é um dos eléctricos mais eficientes que conduzi recentemente, a par do Novo 500 da FIAT, com um consumo final de 13 kWh/100 km, conseguido sem grandes dificuldades e sem estar constantemente a recorrer aos dois modos de condução mais ecológicos, bem como as configurações mais intensas de recuperação de energia, seleccionáveis atrás das patilhas no volante.
Anda demais. Quem diria…
Mas se o consumo de energia eléctrica impressionou pela eficiência, a sua transformação em energia cinética não causou menos impacto. Este Kauai EV com motor de 204 cavalos (150 kW) e bateria de 64 kWh tem uma capacidade de aceleração capaz de envergonhar uma grande parte dos carros com quem partilha a estrada. As ultrapassagens são feitas em menos de nada e ao cair do verde poucos carros lhe fazem frente. Seleccionando-se o modo mais desportivo e arrancando-se a fundo, o que lhe vale é a prolongada actuação do controlo de tracção, porque os quase 400 Nm destruiriam os pneus em menos de nada.
Fico, por isso, curioso com o Kauai EV com motor de 100 kW – 136 cavalos – embora este disponha de uma bateria de 39 kWh. O binário mantém-se e o preço base é, sensivelmente, 4.000 € inferior, considerando esta versão Vanguard. Para este “nosso” Kauai com bateria de 64 kWh, a Hyundai promete uma autonomia de 484 quilómetros, extensível a 660 quilómetros se utilizado exclusivamente em circuito urbano. Fazendo umas contas rápidas, com o nosso consumo de 13 kWh/100 km em circuito combinado, conseguiríamos, em teoria, percorrer 492 quilómetros. Muito bem, Hyundai.
Bom, mas demasiado caro para o cliente Kauai
De uma maneira geral, no que às restantes características diz respeito, é um Kauai como os outros. Sim, pesa mais, prejudicando a dinâmica, e também a bagageira é ligeiramente mais pequena, mas acho que estamos a chegar a um ponto em que já pouco sentido faz compararmos a versão eléctrica com a térmica. Há vantagens e desvantagens, quase sempre as mesmas independentemente do modelo em causa. Mas se o que mais se valoriza numa versão 100% eléctrica de um crossover urbano, é o consumo e a consequente autonomia, o Kauai EV é, sem dúvida, uma das melhores propostas do mercado.
O preço desta unidade, obviamente, ainda não faz dele um Kauai para “as massas”, porque a “massa” pedida são ainda 44.275 €. Há, como referi, uma versão menos potente, bem como um nível de equipamento mais acessível, já que a este “AG87CB” não lhe faltam os estofos parcialmente em pele, o carregador sem fios para smartphones, os sensores e a câmara traseira, a pintura a dois tons, o painel de instrumentos digital e o infotainment com navegação, ambos com ecrãs de 10,25”, bem como a iluminação full LED à frente e atrás. A oferta de equipamento, desempenho e eficiência estão em muito bom plano. Só tenho pena que o Kauai EV não me receba com o sorriso e simpatia do seu irmão térmico, quase 15.000 € mais barato.
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