Mazda CX-5 2.0 Homura – Excelente, mas Portugal não o deixa vingar
O CX-5 foi o primeiro modelo em que a Mazda aplicou a sua bem-sucedida linguagem de design Kodo, um conceito que é, actualmente, transversal a todos os modelos da sua oferta. Sou fã, assumo. Sem querer ser mal interpretado e muito menos provocar uma discussão com a minha seguinte afirmação, vejo na Mazda actual uma Alfa Romeo de outrora, em que a emoção e paixão colocada nos automóveis se estende das linhas, nem sempre curvas, das suas carroçarias, às curvas da condução, dinâmica e envolvente. A Mazda esforça-se, e muito, por fazer bem e, acima de tudo, fazer diferente. Admiro-a muito por isso.
O CX-5 foi lançando originalmente em 2012 e é responsável por 35% das vendas da marca. Só na Europa, já superou a marca do meio milhão de unidades, número que cresce para os três milhões a nível global. É o Mazda que mais vende. No entanto, no mercado nacional, a situação não lhe é muito favorável, principalmente devido à opção da marca em continuar em apostar em motores grandes, cujas cilindradas são mais penalizadas pela fiscalidade “tuga”. Isto é, no mínimo, injusto, porque o CX-5, como qualquer Mazda, é um excelente automóvel. Um excelente automóvel que, e recorrendo apenas a números referentes ao primeiro semestre de 2021, foi a escolha de apenas 80 condutores nacionais. O que é uma pena para os restantes, que não podem assim desfrutar das suas imensas qualidades, de onde destaco, para além do design, uma elevada qualidade de construção, quer nos materiais utilizados, quer nos acabamentos. É um daqueles carros que transmite, imediatamente, a sensação de que vai durar muitos anos, robusto e fiável.
Qualidade. Aqui, ali e acolá
Mantendo-me no interior do CX-5, espaço é, igualmente, algo que não falta ao maior dos SUV que a Mazda vende em Portugal. Atrás, esperem pelo menos uns cinco dedos de folga para joelhos e cabeça e até o banco conta com comprimento suficiente no assento, algo em que muitos falham e que é essencial para as longas viagens. O apoio de braço central conta com duas tomadas USB e, mais atrás, na bagageira, há espaço com fartura para ir de férias com a família graças aos mais de 500 litros de volume útil. Na frente, uma posição de condução elevada, confortável e com boa visibilidade, torna a condução deste grande SUV muito fácil. O painel de instrumentos é parcialmente digital e destaca-se pela sua apresentação sóbria, de fácil leitura. Ao centro, o ecrã do infotainment tem 10,25”, mas a informação emitida podia surgir em letras um pouco maiores, facilitando a sua utilização, em muito beneficiada pelo comando central rotativo colocado na consola. O sistema de som da Bose é um excelente complemento ao óptimo ambiente a bordo.
Falta-me abordar a condução, onde se destaca, pela positiva, um comportamento muito são e seguro considerando a dimensão e altura do CX-5, mas principalmente um excelente conforto de rolamento, fruto do trabalho conjunto da suspensão, pneus de perfil consideravelmente alto e insonorização. Debaixo do capot esconde-se aquele que é, provavelmente, o maior ponto fraco do CX-5, o seu motor. Um dois litros, a gasolina, com 165 cavalos, sem qualquer sobrealimentação a ajudar. Gostei da rapidez com que o acelerador responde, mas a resposta do motor em si, mostra-se insuficiente para o CX-5. É um propulsor “à antiga”, pelo qual é preciso puxar e explorar os regimes mais elevados para dele se extrair o seu potencial. E para isso há que recorrer à excelente caixa manual de seis velocidades. Ainda assim, não deixa de surpreender pelos consumos relativamente baixos que registou, com uma média final de ensaio inferior a 8 l/100 km.
Em teste, esteve a nova versão Homura, uma edição especial que se destaca pelas jantes de 19 polegadas e capas dos retrovisores em preto, bem como, no interior, pelas costuras com linha vermelha, um pequeno detalhe que, aos meus olhos continua a fazer muita diferença no habitáculo de um automóvel. A Mazda propõe-no por 37.003 €, exigindo mais 3.000 € se o quiseres com caixa automática. O valor pode assustar, ainda para mais considerando este motor algo justo para a sua dimensão, bem como o facto do CX-5 poder estar disponível com um dos melhores motores Diesel que já tive oportunidade de experimentar, o 2.2 Skyactiv-D, o que dificilmente justifica optar por este motor a gasolina. Por isso, como me é bastante fácil decidir quando não são necessárias quaisquer contas de matemática para o pagar, a minha escolha seria um excelente CX-5 de nível de equipamento Homura, mas com esse motor de 184 cavalos alimentado a gasóleo. Um brilhante SUV, de qualidade indiscutível.
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