Toyota RAV4 PHEV – Híbrido em evolução 2.0
Híbrido já o era, mas agora o RAV4 é, igualmente, plug-in. Isto significa que, mantendo toda a facilidade de utilização e eficiência que já lhe era reconhecida, passa a contar com o argumento de uma circulação sem emissões que pode chegar, em condições ideais, aos 75 quilómetros. Uma evolução mais do que bem-vinda. Mas já lá vamos.
Já há algum tempo que não conduzia um RAV4, cuja mais recente geração tive o prazer de conhecer na sua apresentação internacional em plena Catalunha, a norte de Barcelona. Foi um dia estupendo em que nem a neve faltou para ajudar a retirar umas primeiras e muito boas impressões do então novo RAV4. Os anos passaram, mas o RAV4 está tão bom – ou melhor – como eu me lembro dele. Um carro grande naquilo que realmente importa, no conforto e espaço oferecido, mas que se conduz facilmente, como qualquer Toyota híbrido mais compacto. Lembro-me que nem o trânsito no meio de Barcelona me deixou desconfortável. A posição de condução elevada ajuda imenso, solução que certamente agradará aos fãs do segmento dos SUV, sendo possível ver a estrada a partir do primeiro andar.
Os bancos são muito bons, todos com função de aquecimento excepto o central, lugar que no RAV é bastante utilizável, fruto do muito espaço disponível para quem viaja atrás. E para esses, as boas novidades não se ficam por aqui. Há tomadas USB para todos, encosto reclinável e janelas que abrem totalmente, uma característica pouco valorizada, e se calhar por isso cada vez menos vista. Para o condutor, estão disponíveis vários modos de condução: Eco, Normal, Sport e Trail. Todos eles seleccionáveis através de um comando rotativo, excepto o Trail, com botão dedicado. Por ali perto, na consola, estão igualmente colocados os botões para selecção da propulsão pretendida: 100% eléctrico, híbrido, automático e ainda uma configuração que força o carregamento da bateria através do motor térmico. Depois de algum tempo ao volante, a sua interpretação é fácil, mas estes botões podiam ter uma identificação mais óbvia, pois o “EV” destacado, “HV”, “Auto EV/HV”, com setas para um lado e para o outro, acabou por me fazer alguma confusão no início.
Um dos Toyota mais potentes
No que diz respeito ao motor, este RAV4 PHEV é o segundo Toyota mais potente que podes comprar, apenas batido pelo GR Supra com motor de três litros. No total são 306 cavalos, número que resulta da combinação do motor 2.5 litros a gasolina com outros dois, eléctricos, distribuídos pelos dois eixos. A bateria tem 18,1 kWh de capacidade e com uma carga completa, em ciclo combinado, superei a autonomia declarada pela Toyota, pois só depois de percorridos 83 quilómetros ouvi, pela primeira vez, o motor a gasolina. O modo eléctrico pode ser utilizado até aos 135 km/h.
Depois de esgotada a bateria, o modo híbrido encarrega-se de oferecer a eficiência já reconhecida ao RAV4 híbrido. Não me foi, de todo, difícil manter o computador de bordo na casa dos 5 l/100 km, tendo inclusivamente completado alguns trajectos curtos, na cidade, com uma utilização da componente eléctrica em cerca de 80% do percurso. Para quem não resiste ao argumento “segundo Toyota mais potente do mercado”, fiquem a saber que a aceleração de 0 a 100 km/h faz-se em apenas 6 segundos.
Aproveitei, igualmente, o argumento da tracção integral inteligente para o fazer trepar um pequeno caminho acidentado, utilizando, para isso, o modo Trail. Depois de aprender a dosear a entrega da potência eléctrica, o RAV4 superou, com alguma dificuldade, o pequeno desafio que lhe coloquei. E essa dificuldade, quanto a mim, ficou a dever-se à suspensão que nem sempre conseguiu manter as rodas no chão, conduzindo a cortes de potência quando estas ficaram a rodar livremente. Ainda assim, com um pouco de insistência e balanço, desafio superado.
No RAV4, conforto acima de tudo
Já no alcatrão, o piso de que o RAV4 mais gosta, a experiência é sempre muito confortável e relaxante, apontada a uma utilização familiar, com um carácter de bom estradista que faz dele uma excelente proposta para quem precisa de espaço e passa muito tempo a viajar entre destinos longínquos. Por outro lado, a suavidade da suspensão, ainda que bem-vinda, nem sempre me pareceu à altura das quase duas toneladas de peso.
Não só porque a suspensão foi, por vezes, surpreendida por buracos ou depressões com as quais não conseguiu lidar, mas também porque, durante travagens fortes, em que a transição entre a travagem regenerativa e a hidráulica é bastante sensível, é muito fácil afundar a frente, conduzindo, assim, a uma antecipada entrada em cena do ABS, com direito a quatro piscas e tudo. Bem sei que esta não é a prioridade do RAV4, mas os mais de 300 cavalos estão lá, por isso, um melhor controlo dos movimentos da carroçaria, em detrimento de um tão bom conforto, parece-me justo.
Resta falar, um pouco, da gama disponível. Assim, importa dizer que o RAV4 Plug-in está disponível em quatro níveis de equipamento: Comfort, Square Collection, Premium e Lounge. Os preços começam nos 55.800 €, mas para chegares ao “nosso” Premium, terás de pagar 61.800 €. É muito dinheiro, reconheço, mas a experiência da Toyota em motorizações híbridas é indiscutível, bem como o espaço, equipamento, conforto e autonomia eléctrica disponibilizados pelo RAV4 Plug-in.