Jeep Renegade 4xe Trailhawk – Para ir onde outros dizem conseguir
Quando fiz o meu pedido de ensaio junto da Jeep Portugal para conduzir o novo Renegade 4xe, tive a opção de escolher entre as duas novas motorizações híbridas plug-in disponíveis, com 190 ou 240 cavalos. Acredito que a primeira seja a mais interessante para o mercado nacional, com preço mais acessível, no entanto escolhi a última, não pela potência superior, mas por estar associada ao nível de equipamento Trailhawk, de espírito mais aventureiro e com uma imagem ainda mais robusta, em linha com os valores da Jeep.
E as fotos falam por si. Qualquer Renegade, mesmo sendo o modelo mais compacto da gama, tem um aspecto robusto, sólido e decidido, mas este Trailhawk destaca-se, elevando a fasquia de todas essas suas características. E num segmento como este, em que a robustez de muitas propostas se fica pela estética, com as habituais protecções de carroçaria em plástico e uma ligeiramente superior altura ao solo, o Renegade Trailhawk volta, novamente, a destacar-se, pois conta com verdadeiras capacidades todo-o-terreno.
Modos de condução para todos os pisos
Para isso, dispõe, não só da tracção integral – sem veio de transmissão a ligar os eixos, pois as rodas de trás são exclusivamente accionadas pelo motor eléctrico traseiro – dos pneus mais orientados para pisos menos simpáticos, bem como do sistema Selec-Terrain, com vários modos de condução, dois deles mais “convencionais”, Auto e Sport, e outros três mais específicos de propostas todo-o-terreno como este divertido, mas possante, Trailhawk, os modos Mud/Sand, Snow e Rock. Está, igualmente, disponível o controlo de velocidade em descidas, bem como dois modos de tracção 4WD Lock e 4WD Low. São poucos os cenários capazes de assustar este Jeep.
Não foi por isso de estranhar que o pequeno desafio fora de estrada que lhe coloquei nem o tenha feito suar. Aliás, mal o ouvi, pois o pequeno trilho onde o testei foi quase todo feito em absoluto silêncio graças aos seus motores eléctricos. E já que falei de motores eléctricos, vou passar aos consumos, quer da energia da bateria, quer da gasolina que alimenta o motor 1.3 litros de quatro cilindros. Iniciei o meu teste “eléctrico” com 66% de bateria e forcei a propulsão sem emissões através do botão “Electric”. Percorri 26 quilómetros até que o motor a gasolina desse sinal de vida, o que significa que se tivesse iniciado o ensaio com a carga total, teria feito cerca de 40 quilómetros, um pouco aquém dos 50 anunciados pela Jeep.
Consumo algo elevado
Com o computador de bordo a indicar apenas 2% de carga da bateria, passei ao teste em modo híbrido, em que a gestão da regeneração e utilização da energia eléctrica fica a cargo do Renegade. Lancei-me, assim, a um percurso misto mais longo, com cerca de 120 quilómetros para apurar os consumos do 4xe quando os seus donos não carregarem a bateria, algo que, inevitavelmente, vai acontecer. Terminei com mais de 55% da distância percorrida em modo eléctrico e com uma média final de 7,4 l/100 km. E daqui tiro duas conclusões: uma bastante positiva e outra menos boa.
Por um lado, gostei de saber que fiz mais de metade dos quilómetros recorrendo à propulsão eléctrica, mas por outro achei o consumo do motor a gasolina superior ao esperado. Não me posso esquecer que o motor 1.3 Turbo produz, por si só, 180 cavalos, mas ainda assim gostava de ter visto um valor de consumo um pouco mais apelativo, em linha com a superior eficiência desta versão 4xe. Também a resposta do acelerador me pareceu necessitar de alguma calibração adicional e a caixa automática, tal como senti noutras ocasiões, continua a revelar alguma hesitação nas suas passagens. Nada de grave, nada a que não nos habituemos ao fim de alguma utilização, mas dada a importância da chegada das motorizações plug-in à Jeep, parece-me que esta é a melhor altura para se realizarem pequenos ajustes e assim melhorar ainda mais a experiência de condução do Renegade.
Renegade 4xe desde 40.050 €
E esta é uma experiência, a meu ver, muito gira. Principalmente pela posição de condução elevada e pela colocação mais vertical do pára-brisas, diferente de tudo aquilo a que estou habituado. No habitáculo, a visibilidade é boa, os bancos são confortáveis e a lista de equipamento é vasta. O infotainment é um dos meus preferidos, com muitas funções, é certo, mas fácil de usar e com “botões” grandes. Para além disso, continuam a existir comandos físicos para a climatização e outras funções. A consola parece meio desarrumada, mas admito que gosto da quantidade de botões, pois tudo está à mão. Atrás, há espaço suficiente para três pessoas, ainda que para viajar em conforto se aconselhem dois passageiros. A bagageira, nesta versão híbrida, perdeu um pouco de volume, passando a dispor de 330 litros, menos 21 do que o Renegade não electrificado.
Os anos passam, mas a originalidade do design do Renegade continua muito actual. E esta versão Trailhawk, agora com o benefício de uma motorização híbrida, é muito mais do que um crossover urbano. Também o é, mas é melhor que praticamente todos os seus rivais quando a ideia é ser algo mais do que estar na moda ao ser um crossover urbano, dispondo de uma verdadeira e muito utilizável capacidade fora de estrada. As novas motorizações híbridas plug-in das versões 4xe do Renegade estão disponíveis a partir de 40.050 €, mas se te agrada a ideia de um mais aventureiro e robusto Trailhawk como este “AE74AF”, terás de contar com, pelo menos, 44.894 € de preço base.