Renault Megane E-TECH Híbrido Plug-In 160 R.S. Line
O nome é grande, mas significa, apenas, isto: 50 km de autonomia 100% eléctrica e um motor 1.6 litros a gasolina com consumo interessante, tudo em grande estilo. Valerá a pena?
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Tecnologia
A Renault tem feito um excelente trabalho na electrificação dos seus modelos. Não sendo uma marca com história neste mundo dos híbridos, é uma marca que tem provado ao longo da última década que sabe fazer carros eléctricos. O Zoe é um exemplo disso. Mas, no campo dos híbridos, tem mostrado soluções muito interessantes e eficientes.
Ora, se sabe fazer carros eléctricos, saberá, à partida, fazê-los em versão híbrida. E se puder ser recarregável, melhor ainda. E assim é. Este Renault Megane E-TECH Hybrid Plug-In, tem não só um nome enorme, como uma mecânica como deve ser. Um motor 1.6 litros, a gasolina, auxiliado por um motor eléctrico e um gerador acoplado, cuja potência combinada é de 160 cavalos. Não é tanta quanto outros concorrentes do segmento, mas propõe-se a ser mais eficiente.
Para isto, usa um gerador de alta voltagem ligado ao motor e à caixa automática sem embraiagem, que lhe permite andar quase 80% do tempo em cidade em modo eléctrico. Este é o funcionamento das versões híbridas simples. Nesta, recarregável, utiliza também um motor eléctrico com quase 70 cavalos e uma bateria de 10 kWh para conseguir uma autonomia de 50 quilómetros em modo eléctrico. Carrega-se em cerca de 3 horas e pouco numa tomada doméstica ou uma simples de rua.
Parece muita coisa para fazer um carro andar, mas as vantagens são muitas. Para começar, o consumo e emissões, se carregarmos a bateria, são muito, mas muito baixos. Depois, a caixa automática sem embraiagem elimina completamente a manutenção e desgaste desta. No conjunto, é tecnologia que, apesar de se pagar, no longo prazo, compensa.
Prestações e consumos
Naturalmente, um carro com esta tipologia mecânica não é feito para grandes prestações. É feito, isso sim, para eficiência máxima e consumos/emissões mínimos. E assim é! No nosso ensaio, depois de esgotar a bateria, o sistema de gerador mantém as capacidades híbridas e, apesar do peso maior desta versão (mais 250 kg que as versões unicamente a combustão), conseguimos consumos no ordem dos 4 litros/100 km, o que é incrível e mostra que, mesmo sem as baterias carregadas, conseguimos usufruir da eficiência do híbrido. Esta é, para mim, a grande vantagem deste Renault Megane E-TECH híbrido recarregável.
Carregá-lo também não é nenhum “bicho de sete cabeças”. Como tem uma bateria relativamente pequena, carrega rápido, o que diminui o tempo de ocupação de um carregador e a ansiedade de saber se está tudo a correr bem. É uma espécie de melhor de dois mundos. Não carregaste as baterias? Sem problema. O carro funciona em modo híbrido simples. Carregaste as baterias? Excelente, tens 50 quilómetros “grátis”. Se conduzires com cuidado e inteligência, então, tens ainda mais.
A velocidade máxima é de 183 km/h e a aceleração até aos 100 km/h é de 9,8 segundos. Nada de outro mundo, portanto. Mas esses números não dizem nada. Um carro não é para andar a acelerar. Mas se for preciso, o binário combinado é de 350 Nm, o que é muito bom e permite acelerar num instante. Faz boas recuperações e basta pisar o acelerador para nos despacharmos. A caixa não é feita para estas brincadeiras, mas responde bem. Um tanto ou quanto hesitante numa condução mais dinâmica, mas em condução normal parece manteiga.
Condução e conforto
Aqui, nada a apontar. A qualidade dos materiais é boa e a construção ainda melhor. A versão que testámos foi a R.S. Line, que lhe dá um exterior mais desportivo e, no interior, os bancos estilo bacquet dão um óptimo suporte, embora os cotovelos fiquem assim a bater nos apoios lombares. Quanto à tecnologia, há de tudo. Todos os sistemas de segurança exigíveis nos dias de hoje, um sistema de infoentretenimento com ecrã enorme, um software bastante mais rápido do que as primeiras versões e um painel de instrumentos digital. Não é o meu favorito, porque não tem o desenho mais tradicional, nem dá para alterar os mostradores para uns de ponteiro, mas é fácil de ler e tem toda a informação essencial.
Conduzir este Renault Megane é tão fácil quanto parece. Uma direcção precisa que pode ser ajustada para mais ou menos rija, os bancos suportam bem o corpo e, juntamente com a suspensão, amortecem bem as imperfeições. As jantes de 18 polegadas, opcionais, ficam-lhe bem e não comprometem muito o conforto. As 17, de origem, acredito que ajudem mais neste aspecto.
O chassis deste Megane é incrível. A palavra é mesmo essa. E o curioso é que não é preciso andar com a versão R.S. Trophy para o comprovar. E aqui está a prova de que é bom. Nos modelos mais comuns e simples, mostra-se muito bom em curva e na postura que assume. Plantado em estrada, sem sentirmos a carroçaria a adornar demais, nem a sentir a suspensão demasiado rija. Está tudo no ponto certo.
O que me leva, talvez, à conclusão deste ensaio. Gosto muito da versão R.S. Line deste Megane. Tem muita presença e um aspecto desportivo, mas não precisa. E, apesar de perdermos algum equipamento (o infoentretenimento com ecrã enorme e os bancos, por exemplo), a versão Limited ou Intens serão a melhor opção. Manténs este motor mas poupas entre 4 a 5 mil euros. Se preferires esta versão R.S. Line, o preço é de 40.000€, assim arredondado. Um bom preço, sem dúvida, mas talvez um pouco overkill para o propósito deste motor eficiente.