Lembram-se da Renault Express? Ela está de volta!
Eu lembro-me bem da Express. Na minha infância, andei várias vezes nesta pequena carrinha da Renault, pois era o carro do Pai de uns amigos meus e fui bastantes vezes nela para a escola. A pessoa em questão teve inclusivamente duas Express, uma vermelha, da primeira geração, e depois uma branca, mais recente. Gostava daquilo. Até porque adorava a minha Express da Majorette, com a publicidade à rent-a-car Avis. Era igual à minha, mas maior. E real.
Curiosamente, a Express nasceu no mesmo ano que eu. Algo que de que só me apercebi durante a pesquisa para este artigo. Assim, desde 1985 até 2000, foram produzidas cerca de 1,7 milhões de unidades, fazendo da Express um dos comerciais ligeiros de maior sucesso da Renault. Nessa altura, era um modelo comum nas estradas portuguesas, mas actualmente, quase desapareceu por completo do mapa, na verdade, como muitos outros best sellers desse tempo. Por muito que goste dos automóveis actuais, tenho pena que assim seja.
À frente, a Express era em tudo idêntica a um modelo de passageiros. Mas atrás, naquele cubo metálico unido à sua primeira metade, é que estava o grande segredo da Express: um versátil volume de carga, de formas regulares, para além do banco traseiro nas versões de passageiros, claro. Lembro-me de ser um carro com um ambiente muito engraçado, com muita luz natural. Diferente de tudo aquilo a que estava habituado a andar, nos meus longínquos 11 ou 12 anos.
Para produzir a Express, a Renault recorreu à plataforma e eixo dianteiro do mítico Super 5, bem como ao eixo traseiro e barras de torção derivadas dos Renault 9/11 Turbo. O tablier era igualmente “emprestado” pelo Super 5 de entrada de gama. No seu ano de lançamento, a Renault propunha a Express em três versões: fechada, carroçaria com vidros fixos ou station wagon, com 5 lugares. Atrás, portas traseiras com abertura a 180 graus ou portão único, como o “pai” Super 5, por exemplo. Destaque era também o tejadilho com escotilha na secção traseira, uma solução herdada da Renault 4 Van e que permitia transportar objectos mais longos.
Seguiram-se novas versões, como a Kombi e uma inédita pick-up produzida pelo carroçador Durisotti, bem como uma versão adaptada a pessoas com mobilidade reduzida. Nas palavras da própria Renault, “prática, económica, fiável e sólida”, a Express dominou o seu mercado doméstico, bem como o europeu. Em 1989, em França, 56,3% do mercado das carrinhas era da Express. A chamada Phase 2, uma actualização de meia-idade, chegou em Setembro de 1991, com nova grelha, novos pára-choques, bem como com faróis e retrovisores redesenhados. A Renault implementou também melhoramentos ao nível da insonorização e a direcção passa a ser assistida.
1,73 milhões de unidades depois, o regresso
Foi, também, em 1991, que a Express recebeu os novos motores Energy, substituindo os velhinhos Cléon-Fonte, bem como melhoramentos a nível de rigidez estrutural e da suspensão. Três anos depois, em Setembro de 1994, é lançada a Phase 3, com nova actualização estética e motores provenientes do mais recente Clio. A versão de passageiros saiu do mercado em 1998 e a comercial manteve-se no activo por mais um par de anos. Foram vendidas 1,73 milhões de Express, batendo o seu maior rival, a Citroën C15, com cerca de 1,2 milhões de exemplares comercializados. A Express foi maioritariamente produzida em Maubeuge, no seu país, e em Valladolid, na vizinha Espanha. Foi substituída em 1997 pela Kangoo.
Mais eis que, 36 anos depois, a Express regressa ao mercado, uma moderna interpretação que faria a original parecer um brinquedo, tal e qual a minha pequena Express vermelha. Partilhando o segmento com a nova Kangoo, modelo que também conduzi recentemente, a nova Express é apontada ao cliente que procura a melhor relação preço/performance, apostando num habitáculo menos recheado e num menor número de soluções de versatilidade, apostando tudo naquilo que é o seu objectivo, ser uma fiável ferramenta de trabalho. Isto na versão comercial, claro, que oferece um volume de carga de 3,7 metros cúbicos, mais 1,1 do que a Express original. A versão de passageiros oferece lotação para 5 passageiros e um volume útil de carga de 800 litros, bem como um banco traseiro rebatível na proporção 2/3 1/3.
As diferenças para a nova Kangoo são notórias, mas o nome Express é agora sinónimo de um ainda maior sentido prático quando comparado com o da Express lançada na década de 1980, bem como representa uma oferta inimaginável há 36 anos, com um ecrã táctil ao centro da consola, múltiplas fichas USB, comandos no volante e uma eficiência de combustível que aposto, se traduz em quase metade do que aquela possível com uma Express nos anos 80, mesmo sabendo que antes do seu lançamento, todos os comerciais ligeiros tinham motores a gasolina. Como evoluíram os carros e, consequentemente, as carrinhas. Ainda bem que a Express regressou. E ainda bem que o 5 também vai regressar.